segunda-feira, junho 18, 2012

DA IMPORTANCIA DOS EVENTOS NA COMUNICACAO POLITICA


- O PRESENTE esboço argumenta que para que os partidos políticos logrem sucesso na sua relação com as bases, elas precisam encontrarem-se quase que frequentemente ou periodicamente com as lideranças de várias formas. E, para que os partidos políticos reafirmem a sua relevância no campo político, precisam trabalhar diariamente na criação de factos políticos que os possibilite figurar como objeto de análise e debate público. Entre os vários artefactos disponíveis, o presente texto olha para a necessidade da institucionalização dos eventos políticos como uma das saídas mais rápidas, a partir dos quais os partidos podem falar, serem ouvidos, fidelizar as suas bases e contribuir para o agendamento. Apesar das altas implicações financeiras que os eventos representam, o esboço argumenta que é possível encontrar formas mais inteligentes de satisfazer a condição.


Nunca tinha sido por mim reconhecido publicamente. Agora o faço. Apesar de a Renamo reclamar a paternidade da Democracia multipartidária; apesar de o MDM continuar a ser o “partido engraçado” continua porém a FRELIMO o partido político que de facto marca a agenda política neste país - e por favor, não me venham com o argumento da partidarização do ESTADO e por esta via, a facilidade que tem em organizar seus eventos. A FRELIMO é um partido que melhor se coloca em todo ciclo eleitoral e ao longo de todo ano civil. Apesar de a sua comunicação ser muitas vezes translucida, consegue mesmo assim e com sucesso, colocar tudo o resto ao reboque.

Existem coisas únicas que a Frelimo faz com necessária perfeição, o que faz com que tanto os seus críticos como acólitos incondicionais falem dela ao longo do ano todo, contribuindo desta forma para a sua vitalidade. A principal característica deste partido é a capacidade de organizar eventos, a partir dos quais se fabricam diariamente factos políticos”, factos estes muitas vezes levantados até por pessoas e entidades fora dela.

Em comunicação política é importante que o partido seja na boca de todos, tenha atividades destinadas aos seus membros e público em geral e partilhe a sua visão de governação, participando ativamente na articulação de vários interesses à luz do seu projeto de sociedade. 
Um partido político que se considere vivo precisa dar provas da sua vida quase sempre com objetivos voltados as suas bases. Só assim é que é possível fideliza-las. O Partido Frelimo consegue ao longo de um ano civil movimentar as suas bases; convocar e realizar reuniões de toda índole e à todos níveis. Aqui não discuto o mérito destas reuniões tão-somente porque não é este o objetivo desta reflexão.

O meu argumento é que os partidos políticos precisam agir como uma seita religiosa. Precisam ter e fazer conhecer a cada membro seu a agenda que a organização tem para ele/a ao longo da semana, mês e ano e convidar a participar.

A capacidade de um partido político deve igualmente ser medida a partir das organizações e reuniões internas que realiza bem como a aderência a reuniões intramuros que ela realiza. 

Se lançarmos um breve olhar pelos partidos veremos que as reuniões famosas de que há memória na Renamo foram para expulsar os seus dirigentes de topo ou para reeleger Afonso Dhlakama.

Na há memória na história deste partido alguma reunião de vulto, que tenha sido realizada sem fins sinistros, a par dos Congresso. Os únicos eventos de que nos recordamos são as formações em vários temas da ciência politica, em que o formador/consultor é o próprio líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

Os partidos Verde, PIMO e Trabalhista por exemplo, são assíduos hóspedes/convidados do partido FRELIMO. Conformam-se com a representação das suas lideranças nesses fóruns onde beneficiam de alguns minutos de pódio e terminam quase sempre apupados.

Enquanto isso, o MDM ainda vai se vai ocupando da sua organização básica, numa autêntica demonstração de que este movimento está a passar por processos circulares de transformação sem fim à vista.

Vem tudo isto a propósito da recente reunião “vulgarmente” conhecida por SIMPOSIO alusivo a 50 anos da FRELIMO, frente de libertação de Moçambique, movimento nacionalista. Este é provavelmente o antepenúltimo evento de grande vulto que vai anteceder o Congresso. Ou mesmo haverá mais.
 
Um grande erro estratégico em comunicação política tomado pelo MDM foi o de ter decidido organizar e realizar a sua reunião de reestruturação das bases do seu partido nas vésperas da realização do tal SIMPOSIO já amplamente divulgado e amplificado. Foi, do ponto de vista da comunicação politica, um erro de palmatória. Autêntica guilhotina. E o resultado foi o que se viu.

Menos publicidade, posições subalternas entre as machetes do dia, nenhum impacto, par além claro, da satisfação dos seus organizadores.
 
Se os partidos políticos da oposição estão interessados em competir em política eles devem rapidamente se levantar para a necessidade de fidelizar as suas bases, movimentando-as de tempos em tempos; lembrando-as que existem, envolvendo-as em actividades de varia indole e a varios niveis. Enfim, coisas que as liderancas politicas ja sabem e domima, mas que insistem em nao fazer.


Fonte: mural de Egídio Vaz - 18.06.2012

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