segunda-feira, agosto 16, 2010

O Autarca: Duas Mil Edições de Rigor Informativo

- Quando se está ao serviço do povo, o lucro é a satisfação do dever Cumprido

Por Viriato Dias
Acabado de chegar do passeio com a minha família, depois de ter desafiado o frio precoce que rasgava o céu nublado de Bruxelas, capital do reino da Bélgica, ameaçando chuva miúda, dirigi-me ao computador (meu fiel amigo) para ver as últimas notícias do país e do mundo, mal abri o correio eletrónico deparei-me com um irrecusável convite do meu amigo e editor deste jornal Falume Chabane, para umas linhas alusivo a 2000 edições do “O AUTARCA”. Que o convívio familiar ressentisse minha falta, por alguns minutos, Não podia recusar este convite de Chabane, um homem com um coração de ouro até porque foi invocada uma razão de amizade, e eu, amizade para mim é uma questão de honra.
Do e-mail recebido, é claro que percebi o significado daquela frase “elaborar algumas ideias”, era mais do que um simples pedido, habitual nestas circunstâncias, em que se “descarrega” meia dúzia do Latim para o “aniversariante” enobrecer o seu ego e mostrar o seu voto, mas sim, que debitasse algumas linhas sobre o actual “cardápio” da política macroeconómica e social do país. Mas, convenhamos, tem de ser feita de forma séria e honesta, porque o vedetismo e a complacência não ajudam em nada.
O país vive momentos dramáticos de que há memória, e o futuro é cada vez mais uma incógnita. Como diria o prof. Adriano Moreira, “mau começo para o futuro, porque para o presente não vejo remédio”. A actual crise financeira mundial que, de passagem pelo nosso país, não pára de “linchar” a vida dos moçambicanos. E em consequência disso, a miséria voltou a ganhar terreno no seio das famílias moçambicanas. E porque o azar não vem só, a derrapagem do metical face as principais divisas estrangeiras (Dólar, Euro, Rand) deram lugar à especulação de preços dos principais produtos e serviços.
A pandemia do enriquecimento fácil (ilícito) apanhou à boleia do ascensor do “lambebotismo” e não se sabe ao certo em que andar está. Na capital Maputo e um pouco por todo o país os criminosos voltaram a impor o medo, demonstrando ser mais fortes que a Polícia. Na educação a vuvuzela não pára de dar sinais de aviso à navegação. Os tribunais deixaram de ser o templo de justiça e passaram a ser locais onde se cometem erros e pecados! O Ministério da Agricultura há muito perdeu a pista dos seus planos. Até hoje nem um resultado plausível da jatrofa. É mesmo esta uma geração da viragem. Está tudo virado!
Face a estas e outras dificuldades de agradar os ouvidos de Lúcifer e de toda a sua comitiva, lá no inferno, é tarefa basilar dos órgãos de comunicação social, a todos os níveis, basear-se no rigor informativo e na isenção, duas “armas nucleares” capazes de eliminar estes males. Povo informado vale por dois. Fazer jornalismo não é pedir “sangue” para que os jornais, etc., se encham de manchetes que coloquem em causa a honra alheia, para vendar mais “peixe” ou ter mais lucros, mas sim, como diria a jornalista Judite de Sousa “ é proporcionar ao cidadão informação para ser livre no cumprimento dos quatro “cês” do jornalismo: conhecer, compreender, confiar e contar.
Este texto não pode terminar sem dizer palavras ao aniversariante: ‘O AUTARCA’ que completa hoje 2000 ediçoes desde da sua existência ao serviço do rigor informativo. O seu primeiro “vagido” deu-se na capital provincial de Sofala, Beira. Infelizmente não pude acompanhar o parto do jornal, em 1998. Continuo, porém, a assistir, diariamente, o seu progresso. Hoje é um bebé gigante. Posso afirmar com alguma autonomia que as 2.000 edições são o resultado da heroicidade dos seus jornalistas. Heroicidade tendo em conta a realidade, nua e crua, de um país com mais da metade dos moçambicanos que não sabe ler nem escrever (mas não é aselha), a sobrevivência é uma questão de inovação. O comboio do progresso não pára, ‘O AUTARCA’ também não.
Quando se está ao serviço do povo, o lucro é a satisfação do dever cumprido. E é este o principal lema do ‘O AUTARCA’, servir com perfeição a quem mais precisa: O POVO. É a dita vuvuzela do CHIVEVE que não incómoda, mas dá voz a quem não a tem. Desde o seu rebento em 1998 mantém sempre viva a convicção de ser um jornal independente. O “espaço verde” que este jornal dedica regularmente algumas páginas mostra bem o quão ‘O AUTARCA’ está comprometido com a causa do ambiente. E os prémios recebidos de organismos nacionais e internacionais fazem jus a isso. São assim as grandes instituições, erguem-se do calo e do suor, a bem da informação. Ao ‘O AUTARCA’ e a toda a sua família de jornalistas e leitores espalhados dentro e fora de portas desejo as maiores felicidades.
PS: Algumas pessoas, amigas e outras nem por isso, me escrevem a pedir o regresso da coluna “A Caixa do Diálogo” que era publicado neste jornal às 2ª feiras tenho a informar as mesmas e a quem interessar, que devido a motivos de formatura em terras lusas, é-me impossível satisfazer este pedido. Zicomo
kwambire (muito obrigado).

Viriato Dias em Bruxelas

Autarca, edicão 2000 - 16.08.2010

5 comentários:

Abdul Karim disse...

Esta bem Mano Viriato em Bruxelas,

AUTARCA Selecionado, e Savana Tambem.

V.Dias disse...

Zas.

Zicomo

Anónimo disse...

Reflectindo e V dias,

Cada vez aprendo mais neste site.
"Vuvuzela do Chiveve", "geração vira-tudo".
Nomes que num soneto, soariam bem no estribilho.
Ninguém ainda pensou ter um blog com o nome "Vuvuzela", ou mesmo um jornal.
Não seria má idéia!
Obrigado pela idéia Dr. Viriato, espero que algum leitor aproveite.
Parabéns pelo artigo,Dr V Dias-("Zicomo"-esta também tem direitos do autor), e obrigado também por ter partilhado na 2000ª edição, do primeiro jornal electrónico beirense.

Zacarias Abdula

V.Dias disse...

Obrigado Dr. Zacarias.

Zicomo

PS: Recebi a mensagem voz. A familia Dias em Bruxelas agradece.

Chacate Joaquim disse...

Caro V. Dias,

Adorei o levantamento dos problemas conque o POVO Moçambicano e não só, tem deparado no dia a dia mesmo sem o reconhecimento dos que deviam!...

Porém, é bom que saiba que as suas produções intelectuais são um grande contributo para mim e todos os Moçambicanos do nosso mundo.

Junto a minha voz aos seus leitores é um texto por semana só. aquele abraço