O EX-COMISSÁRIO nacional dos Serviços de Polícia Sul-Africanos (SAPS) e ex-presidente da Interpol, Jackie Selebi, foi ontem condenado por um juiz do Supremo Tribunal de Joanesburgo a 15 anos de prisão por corrupção.
Durante a leitura da sentença, o juiz Meyer Joffe rotulou o antigo chefe da Polícia sul-africana e presidente da Interpol como um “embaraço para o país, para os SAPS, para o tribunal e todos os cidadãos pensantes do país”, considerando que o arguido “mentiu descaradamente para salvar a pele”.
“Em primeiro lugar você tornou-se um embaraço para o cargo que ocupou e para o seu distintivo, em segundo um embaraço para aqueles que o nomearam e em terceiro lugar um embaraço para os serviços de polícia que chefiou”, disse o magistrado a dada altura da leitura da sentença para justificar a pena máxima aplicada a Jackie Selebi.
Embora os indícios de corrupção e associação criminosa de Selebi tenham vindo à superfície ainda durante o segundo mandato presidencial de Thabo Mbeki, o presidente que o havia nomeado para chefiar a Polícia, só viria a ser acusado de corrupção pelo Ministério Público depois de o actual Presidente, Jacob Zuma, ter sido empossado.
Num tribunal completamente lotado por membros da comunicação social e público, Jackie Selebi escutou a leitura da condenação sem revelar quaisquer emoções e mantendo mesmo uma postura descontraída durante grande parte da audiência.
Segundo a agência LUSA, logo após a leitura da sentença, Selebi conferenciou durante alguns minutos com os seus advogados, que de imediato interpuseram uma moção de recurso com pedido de libertação sob fiança, vindo a deixar o tribunal em liberdade cerca de uma hora após o encerramento da sessão.
A defesa tem agora 14 dias para apelar formalmente da sentença de 15 anos de prisão.
A Procuradoria sul-africana conseguiu provar que o antigo comissário nacional dos SAPS – que acumulou durante um período as suas funções com as de presidente da Interpol – recebeu quantias em dinheiro e prendas várias de Glen Agliotti, um barão da droga que está a ser julgado por homicídio e conspiração, com quem mantinha uma longa relação que classificava como “de amizade”.
Presente no tribunal, Patrícia de Lille, a líder dos Democratas Independentes (uma força da oposição parlamentar), referiu que a sentença permite aos sul-africanos “um suspiro de alívio”. “Quando um comissário de polícia se torna, nas palavras do juiz, um estranho para a verdade, então temos um problema. Felizmente a África do Sul pode agora soltar um suspiro colectivo de alívio porque existirá nas nossas ruas um criminoso a menos”, concluiu De Lille.
Fonte: Jornal Notícias - 04.08.2010
3 comentários:
Quando a lei funciona, e quando os agentes nao entram em letargia.
Zicomo
Africa do sul é dos poucos países em Africa, para nao dizer unico, em que o comboio está nos carrís porque depois da queda do apartheid, entrou logo para o multipartidarismo, nao houve espaco para a lavagem de cérebros como aconteceu em muitos país africanos.
Vejam so com que figuras contam os traficantes. Este não era qualquer policia. Assim fica uma luta dificil e desigual combater a droga.
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