O representante da União Europeia (UE) em Moçambique considerou hoje que um acordo de paz para o país só será importante se passar da assinatura aos actos e com um processo de reconciliação nacional.
"Um acordo de paz não pode chegar. O mais importante depois é a sua implementação", referiu Sven von Burgsdorff em entrevista à Lusa, a propósito do Dia da Europa, que hoje se assinala.
Uma aplicação bem sucedida de um acordo de paz requer "uma forma de encarar o passado" e perguntar por que houve o conflito, "encontrar remédios para enfrentar as injustiças cometidas e evitar que isso possa voltar a acontecer", referiu.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, estão a negociar um terceiro acordo de paz, à espera que seja o último de que o país venha a precisar.
Para que haja sucesso, "tem que existir tolerância e confiança entre os atores políticos e entre o cidadão e o Estado", a par de um "sistema político aberto e inclusivo" e uma "sociedade coesa, com uma visão em comum acerca do futuro", defende Sven von Burgsdorff.
Para o representante da UE, Moçambique está "no início" desta caminhada.
"Esperamos que o acordo de paz seja possível em breve", referiu, acalentado pelos avanços nas conversas entre o Presidente da República e o líder da Renamo, que levaram na última semana a uma declaração de tréguas ilimitadas por parte de Dhlakama.
"É o primeiro passo" de um percurso: "mesmo após o cessar-fogo definitivo" é preciso "continuar o processo de implementação desta ambição e de encaminhar o processo para se poder encontrar uma solução política sustentável".
"Por isso é importante a tolerância, confiança, uma democracia aberta e inclusiva e uma coesão social que funcione. Só com respeito e confiança estabelecida e reconciliação encaminhada" é possível alcançar desta vez, "o sucesso" num acordo de paz para Moçambique.
Neste roteiro, a UE vai continuar na linha da frente dos apoios externos, realçou Sven von Burgsdorff.
Mais que atribuir ajudas, as parcerias são hoje a prioridade, referiu.
"Pela primeira vez, a Europa está a entender que África não é um parceiro para dar ajuda, é um parceiro para cooperação num nível equilibrado para poder enfrentar os desafios de um mundo cada vez mais globalizado", referiu.
No caso concreto de Moçambique, o país tem na UE "um parceiro de confiança estratégico", concluiu.
Fonte: LUSA – 09.05.2017
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