O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, afirmou hoje que a exigência do principal partido da oposição em Moçambique de nomear governadores provinciais já não é prioridade, defendendo a eleição destes dirigentes nas gerais de 2019.
"[A exigência de nomeação de governadores provinciais] não é descartada, já não é prioritária, não posso dizer que está descartada, ou está esquecida, porque havia de confusionar as cabeças dos membros e simpatizantes e mesmo do povo", disse Afonso Dhlakama, falando a partir do distrito de Gorongosa, centro do país, onde se encontra refugiado desde 2015.
A exigência da Renamo de governar nas seis províncias onde o partido reivindica vitória nas eleições gerais de 2014 e a consequente recusa do Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) foi a principal razão para o retorno do país ao conflito armado, opondo as duas partes.
Afonso Dhlakama alargou hoje a trégua por tempo indeterminado no conflito militar com o Governo, como resultado dos contactos que vem mantendo com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.
Falando por teleconferência para jornalistas presentes na sede da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em Maputo, Afonso Dhlakama sugeriu ser inviável a exigência do partido de governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, manifestando opção por uma mudança legislativa que imponha a eleição de governadores nas eleições gerais de 2019.
"[Para as eleições de 2019], já faltam quase dois anos, a prioridade agora é que, doravante, tenhamos governadores eleitos em Moçambique", declarou Afonso Dhlakama.
As populações, prosseguiu, devem ser governadas por dirigentes que escolheram, porque é antidemocrático uma província ser dirigida por um governador nomeado pelo chefe de Estado de um outro partido.
"Já caducou que os partidos concorram, ganhem eleições nas províncias e que haja um outro partido que perdeu naquelas províncias e manda alguém como se fosse um comandante para impor, isto é antidemocrático", enfatizou.
Nessa perspectiva, o grupo de trabalho formado pelo Governo e pela Renamo para propor uma lei sobre descentralização vai elaborar uma lei sobre eleição de governadores provinciais no escrutínio de 2019.
"Quanto ao capítulo da descentralização, é muito complicado, é muito complexo, é muito lento, mas estamos a tentar fazer com que as coisas possam andar", realçou o líder da Renamo.
O grupo que discute os assuntos militares, continuou, terá de apresentar até ao final deste ano uma proposta sobre o modelo de integração de homens armados da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança.
"Estou motivado, sei que as coisas irão mudar, não estarão como sempre estiveram desde 1992, há um esforço enorme que estamos a tentar fazer, não há segredo nenhum", acrescentou Afonso Dhlakama.
O líder da Renamo afirmou que o alargamento da suspensão dos confrontos com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas resulta das conversas telefónicas que vem mantendo com o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi.
"Eu já vinha sempre a dizer, que se tudo correr bem, se o Governo, o Presidente da República, o meu irmão [Filipe] Nyusi correspondesse, poderia dar a trégua sem prazo", realçou o presidente do principal partido da oposição.
Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e o braço armado do maior partido da oposição estiveram em confronto no centro e norte do país em 2016 até ao primeiro período de tréguas anunciado por Dhlakama, em Dezembro.
A guerra vitimou um número desconhecido de pessoas, com ataques a autocarros, comboios e outros alvos civis, afundou a economia e provocou uma crise de refugiados.
Renamo e Frelimo, partido no poder, trocaram acusações mútuas de perseguições e assassínios políticos.
Os conflitos surgiram depois de a Renamo ter recusado aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, exigindo governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.
É nessa sequência que a descentralização do Estado está na mesa de negociações entre Dhlakama e o Presidente Nyusi - a par da despartidarização das FDS e do desarmamento do braço armado da oposição e sua reintegração na vida civil ou integração no exército, polícia e serviços de informação do Estado.
Fonte: LUSA – 04.05.2017
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