Abidjan, Côte d’Ivoire (PANA) – A asfixia económica devida à crise pós-eleitoral na Côte d'Ivoire, cujo ponto mais alto foi o fecho dos bancos estrangeiros, preocupa cada vez mais os Ivoirienses que receiam o pior, constatou a PANA no local.
"Querem matar-nos todos e que povo vão governar ? Querem privar-nos até do nosso dinheiro que está nos bancos. Hoje, os nossos negócios não andam mais. Não se sabe o que fazer. Até onde estes políticos vão nos levar?", interroga-se Kouman Bessé, uma comerciante de renome, muito amarga contra os atores da crise profunda que a Côte d’Ivoire vive desde a segunda volta das eleições presidenciais de 28 de Novembro de 2010.
A situação torna-se insustentável também nas famílias onde os trabalhadores ainda não receberam o seu salário do mês de janeiro devido às disfunções que levaram ao encerramento dos estabelecimentos financeiros.
"Até agora, não paguei ainda o meu aluguel, as minhas faturas de eletricidade e água. Não consigo mais pagar os medicamentos das crianças e até assegurar a comida. A minha mulher é obrigada a virar-se para achar o que comer em casa. É realmente duro de suportar e imagino que será mais dramático ainda se nada for feito nos próximos dias", lamenta Kouassam, docente pesquisador numa universidade de Abidjan, capital económica feita sede política de facto.
Segundo ele, o pior ainda é que os que têm parentes no estrangeiro, nomeadamente na Europa, não podem mais receber dinheiro por causa do fecho das redes de transferência de dinheiro.
"A minha irmã que está em França soube do que se está a passar em casa e quis enviar um pouco de dinheiro, mas não pôde fazer a transferência, porque qualquer remessa da Europa para a Côte d’Ivoire é impossível atualmente. É grave o que os políticos nos fazem sofrer", indigna-se Sidibé Hadja, que trabalha na área da comunicação.
A grave crise ivoiriense surgiu das eleições presidenciais que consagraram dois Presidentes, Alassane Ouattara, segundo a Comissão Eleitoral Independente (CEI), e muito apoiado pela Comunidade Internacional, e o Presidente cessante, Laurent Gbagbo, proclamado pelo Conselho Constitucional.
A guerra em torno do posto presidencial está no seu auge no país.
Fonte: panapress - 19.02.2011
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