Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo de Cabo Verde convocou o embaixador da Líbia, Salem Ali Mohmed Almakrihi, para lhe exprimir a sua "preocupação pela gravidade e pelos riscos da atual situação neste país da África do Norte e pelo uso desproporcionado da força" contra os manifestantes pelas autoridades no poder em Tripoli, soube a PANA na Praia de fonte oficial.
Num comunicado publicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Governo de Cabo Verde “junta a sua voz” à dos demais membros da comunidade internacional, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, a Liga Árabe e a União Africana (UA), para condenar “o uso desproporcionado da força contra as populações”.
Ele deplora igualmente “as vítimas ocorridas” e apela “às autoridades da Líbia a maior contenção, assim como a escutar as reivindicações da sociedade líbia e a realizar, pela via pacífica, a democratização que vem reclamando as suas populações”.
O Executivo de Cabo Verde afirma que, apesar de defender “relações francas” entre os Estados, os direitos fundamentais têm de ser respeitados pelo que “não pode ignorar que a estabilidade dessas relações possa estar a ser abalada pela ocorrência de acontecimentos que, na sua essência e impacto, contrariem os mais elementares princípios do Estado de Direito e de respeito pelos Direitos Humanos, regras hoje universais”.
Ele recorda que a observação e o acompanhamento da situação internacional fazem parte da sua atividade corrente no âmbito da gestão da sua política externa.
“Porém, a evolução da situação, particularmente dos casos que vêm acontecendo na África do Norte e no Médio Oriente, em virtude da sua proximidade, da sua natureza política e humanitária e das suas eventuais repercussões geopolíticas, justifica que tenha sido objeto de seguimento muito mais cuidado”, sublinha o comunicado.
O Governo do primeiro-ministro José Maria Neves anunciou que foi criado no Ministério dos Negócios Estrangeiros um grupo de trabalho para seguir de perto a situação dos estudantes cabo-verdianos, ou outros nacionais de Cabo Verde, presentes em alguns desses países com vista à tomada de medidas oportunas de proteção, incluindo o recurso ao apoio de países amigos contactados para o efeito.
Relativamente à Líbia, o comunicado não faz qualquer referência quanto ao futuro das relações bilaterais que foram reforçadas em junho de 2009 com a assinatura de um Acordo Global de Cooperação, no âmbito do qual está prevista uma Comissão Mista, visando sobretudo a implementação de projetos de investimento comuns nos setores da hotelaria, imobiliário, do transporte e da pesca marítima, entre outros.
No âmbito do reforço da cooperação entre os dois países, foi criado no ano passado um banco comercial em Cabo Verde, o “Green Bank”, 100 porcento de capitais líbios e que pretende investir em vários setores económicos do arquipélago.
Fonte: Panapress - 27.02.2011
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