O Presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir, revelou hoje que não irá recandidatar-se nas próximas eleições, daqui a quatro anos, no âmbito de um pacote de reformas pró-democracia no país.
“[Bashir] anunciou que não participará nas próximas eleições para competir pela presidência”, confirmou o porta-voz do partido no poder, o Congresso Nacional (NCP), Rabie Abdelati, avançando ainda que o Presidente sudanês irá também abandonar a liderança do partido.
Esta medida segue-se à sua recondução ainda em Abril passado – num sufrágio que muitos partidos da oposição boicotaram alegando fraudes eleitorais em curso – e é parecida com concessões feitas em outros países da África do Norte e Médio Oriente actualmente varridos por uma vaga de contestação aos regimes autoritários, nomeadamente a do Presidente iemenita, Ali Abdallah Saleh, que acedeu a não se recandidatar no fim do presente mandato, em 2013.
Bashir, de 67 anos e no poder desde o golpe de 1989, foi acusado pelo Tribunal Penal Internacional dos crimes de guerra e genocídio na região do Darfur. É, aliás, o único chefe de Estado em funções a enfrentar tais acusações – as quais Bashir nega.
O Presidente sudanês sugerira na semana passada que se retiraria da liderança do NCP caso o partido adoptasse a regulamentação de limitar a idade de desempenho de cargos políticos aos 60 anos.
A oposição no país considerou prontamente que esta medida não era concessão suficiente, vendo nela não mais do que uma tentativa do NCP para evitar no Sudão o contágio dos protestos que na Tunísia e Egipto conduziram à queda dos respectivos chefes de Estado e, actualmente, se propagam em “efeito dominó” de contestação aos regimes da Líbia, Argélia, Iémen, Bahrein e Marrocos.
Fonte: Público - 21.02.2011
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