Três pessoas morreram e cerca de seiscentas ficaram feridas
Continuam em chamas as ruas da capital egípcia, Cairo, onde se voltaram a ouvir as armas, depois de um dia de confrontos violentos entre apoiantes e opositores do presidente Hosni Mubarak.
No centro do Cairo assistiu-se a uma verdadeira batalha campal, entre polícia e manifestantes, que atiraram vários cocktails molotov.
O Ministério Egípcio da Saúde fala de pelo menos três mortos e centenas de feridos, depois de uma multidão de manifestantes leais a Mubarak terem entrado à força na Praça Tahrir, para tentar dispersar os milhares que há vários dias exigem a demissão do presidente.
O exército recusou-se a intervir, mas disparou para o ar numa tentativa de dispersar as multidões.
Irmandade Muçulmana
Hosni Mubarak permanece determinado em permanecer no poder até à realização de eleições, no mês de Setembro, apesar de ter prometido que não se ia candidatar.
Essam el-Erian, porta-voz da Irmandade Muçulmana, o grupo islâmico da oposição, disse à BBC que a promessa de Mubarak era insuficiente:
"Ninguém no Egipto acredita nas promessas dele. O senhor Mubarak, há 30 anos já fez muitas promessas e não cumpriu nenhuma. A mais recente foi antes das últimas eleições: prometeu que seriam livres e justas. Mas o mundo inteiro sabe que foram fraudulentas. E ele continua a dizer que foi uma boa eleição"
Condenação
Os Estados Unidos já condenaram as cenas de violência que descreveram como chocantes e deploráveis.
O porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs disse que o Cairo devia dar início a uma transição política imediata, e insisitiu que tal significava que fosse já:
"O tempo da transição chegou e é tempo dela acontecer. O povo egípcio precisa de ver uma mudança, e sabemos que uma transição efectiva tem de incluir no processo vozes e partidos da oposição à medida que caminhamos para eleições livres e justas. Mas este processo tem de começar já."
Gibbs advertiu ainda o governo egípcio que, caso seja verdade que está a instigar actos de violência, esses actos devem ser estancados de imediato.
Pedidos incendiários
Antes um porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros egípcio rejeitou os apelos internacionais para uma transição política, dizendo que se tratavam de pedidos incendiários.
A discursar no seu parlamento, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu disse que Israel esperava que o futuro governo do Egipto honre o tratado de paz assinado há 30 anos entre os dois países.
Nas ruas do Cairo a violência prosseguiu durante a noite com apoiantes pró-Mubarak a cercarem manifestantes anti-governo, e distúrrbios generalizados entre as duas partes, que se atacaram mutuamente com pedras, facas e pedaços de cimento atirados dos terraços das casas.
Fonte: BBC para África - 03.02.2011
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