terça-feira, março 28, 2017

João Mosca: Resultado da auditoria às dívidas é decisivo para futuro do pais

O economista moçambicano João Mosca considerou hoje que os resultados da auditoria forense que a consultora Kroll está a fazer aos empréstimos escondidos feitos por empresas públicas de Moçambique vão "influenciar fortemente" o futuro do país.
"A auditoria externa vai influenciar fortemente as decisões do Fundo Monetário Internacional, dos credores, dos investidores e dos doadores de Moçambique", disse João Mosca num seminário sobre ‘Moçambique, entre a crise financeira e uma nova economia', que decorre hoje em Lisboa.


A auditoria, cuja entrega dos resultados foi na semana passada novamente adiada mais um mês, para o final de abril, incide sobre empréstimos de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros ao câmbio atual) contraídos pelas empresas públicas MAM e Proindicus, e foram escondidos das contas públicas pelo anterior Governo, o que resultou no corte de financiamento externo por parte da comunidade internacional e do FMI, acentuando a crise económica e financeira que o país atravessa.


"Perto de 93% do investimento é estrangeiro, 30% do Orçamento vem da cooperação, e só por estes dois indicadores se vê a forte dependência externa do país", salientou o economista na intervenção no ciclo de conferências organizado pela Fundação AIP.


Se os resultados da auditoria forem positivos, "o investimento externo pode chegar a 4, 5 ou 6 mil milhões de dólares por ano, e a economia ganha forma", disse, salientando que "o importante é como os avanços nesse setor se podem refletir na sociedade e no desenvolvimento dos mercados e do tecido nacional, das Pequenas e Médias Empresas".


O problema, vincou, é que os fortes investimentos que estão a ser feitos na indústria extrativa, nomeadamente no gás, deixam pouco espaço para o resto da economia nacional.


"Toda a política económica está altamente concentrada nestes grandes investimentos e não nas PME, e reverter isso compete ao setor privado e também a mudanças de políticas públicas relacionadas com as situações de crédito, política fiscal e lei do trabalho, para poder voltar a dar incentivos a que sejam criadas novas PME", concluiu o economista.
Fonte: LUSA – 28.03.2017

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