quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Tunísia: Líder dos Islamistas não apoia a instalação de um Estado Islâmico

Rachid Gannouchi está de regresso à Tunis depois de exílio no Reino Unido

Na Tunísia, o líder islâmico, Rachid Ghanouchi volta a estar no centro das atenções, com o seu regresso após de mais de duas décadas de exílio.
No período actual de incertezas políticas, muitos são os que se interrogam sobre o papel que os islamistas deverão desempenhar na democracia multi-partidária.
O líder islâmico tunisino, Rachid Ghanouchi é categórico e afirma que o seu grupo político religioso é aberto, moderado e tolerante. Ghanouchi tem vindo a defender esta posição, incluso numa entrevista com a Voz da América.
"O partido, Ennahda é a favor de uma república democrática e não deseja instalar uma república islâmica.”
Ganouchi adianta ainda que a ideologia da Ennahda se evoluiu durante a década de 1980 e que o islão e a democracia podem viver juntos.
O partido Ennahda em árabe significa renascença. Na Tunísia existem ainda receios do seu regresso com base na sua ideologia autocrática que sempre defendeu no passado.
O partido de Ganouchi foi a maior força política da oposição na Tunísia durante um breve período de abertura política logo após a chegada ao poder em finais dos anos 80 do deposto presidente Bem Ali. O mesmo obteve nas eleições legislativas de 1989, 17 por cento da votação, pouco antes do então presidente Bem Ali ter instituído a repressão e mandado para prisão muitos dos islamitas, enquanto outros como Rachid Ghanouchi se exilaram no estrangeiro.
Os rostos dominantes dos recentes protestos na Tunísia e noutros países árabes não são de religiosos. Mesmo no Egipto onde existe actualmente um crescendo protesto anti-governamental, o grupo político-religioso Irmãos Muçulmanos, foi o ultimo a juntar-se ao movimento. Passou a fazer parte de uma vasta coligação de oposição, que tem pela frente o antigo diplomata egípcio Mohammed El Baradei.
Contudo a força política do Islão está em vias de se tornar na Tunísia e no mundo árabe algo que ninguém pode por enquanto imaginar. Mansouria Mokhefi do Instituto Francês de Relações Internacionais de Paris diz que esta vai ser uma realidade com que o ocidente vai ter que se adaptar.
"Os países ocidentais precisam preparar-se para as futuras democracias no mundo árabe onde os partidos islâmicos vão ter um papel a desempenhar."
A Investigadora do IFRI concluiu afirmando que o Islão faz parte da identidade árabe, e será indissociável da vida política desses países.

Fonte: Voz da América - 02.02.2011

2 comentários:

Anónimo disse...

Gannouchi viveu em Londres e sabe que "fundamentalismo" gera "arruaça",e simultâneamente "fenómeno comparável ao Holliganismo".
Não serve para governar um País, e ter uma produção de crescimento com fins lucrativos.
As greves serão pão-de-cada dia.
Islamismo nas mesquitas´e em casa.
Fora disso é a sociedade, mesmo aceitando "disciplina férrea".
Religião aberta, respeitando também que o País tem de progredir!
Se o Irão não mudar radicalmente certos procedimentos, vai ser futuro palco violento, apesar de controle policial ditatorial fundamentalista!

Fungulamasso

Reflectindo disse...

Caro Fungulamasso,

Segundo o meu ponto de vista, a alegacão de que os países do norte de África e árabes sem ditadores terão um regime fundamentalista é um mito criado conscientemente pelos ditadores e seus parceiros. Mesmo no Afegnestão os talibãs só podem voltar a reger através de um golpe e nunca por escolha da maioria dos afegãs. Tenho amigos, colegas e alunos destes países e admiro como são liberais e mesmo secularistas (advogam separacão entre o estado/governo e a religião). Quem vê mulheres afegãs na TV com burcas que tapam toda a cara nunca a reconhece as que vivem nos países liberais e democráticos.
Pela TV temos visto como os iranianos lutam pela liberdade, pela justica, sobretudo em cada acto eleitoral. Temos visto como eles têm sido reprimidos. Se no Irão os fundamentalistas continuam a governar é por fraudes eleitorais como acontece/u na Tunísia, Egipto e outros país.