“Os membros do comité executivo demitiram-se dos seus postos. Decidiram nomear Hossan Badrawi como secretário geral do partido”, anunciou a televisão.
Badrawi, tido como um dos membros da ala mais liberal do PND, é conhecido por ter boas relações com a oposição egípcia.
A demissão dos vários líderes “é muito importante politicamente porque o partido explorava o Estado em seu interesse, e isso causou muitas críticas”, disse à Reuters Diaa Rashwan, analista do Al-Ahram Centre for Political and Strategic Studies. “Na prática, é importante porque as pessoas que estavam a recorrer à violência estavam a ser mobilizadas pelo partido.”
Entre os que abandonam o PND conta-se ainda Saftwat el-Sherif, de 77 anos, um homem com poder no establishment egípcio desde os anos 1960 e um dos pilares da velha guarda. Sherif é também presidente da câmara alta do Parlamento.
Muito menos gente do que nos últimos dias, mas são ainda milhares os manifestantes na Praça Tahrir (Libertação), no Cairo, a exigir a saída imediata do Presidente Hosni Mubarak. A tensão acalmou na capital e horas antes da notícia sobre as mudanças no comité político do PND, Mubarak reunira-se com o Governo.
São esperados encontros entre o executivo e alguns partidos da oposição. Irmandade Muçulmana, principal grupo organizado de oposição no Egipto, assumiu em comunicado estar disponível para dialogar com o Governo, desde que haja um acordo escrito sobre a reforma política dentro de um prazo acordado.
Antes de tudo, exigem que Mubarak resigne, pelo que não é certo virem a conversar com o executivo nos encontros entre o vice-Presidente, Omar Suleiman, e figuras da oposição anunciadas para o dia de hoje por um membro do Governo.
A televisão egípcia Nile News adiantava que dois partidos – o liberal al-Wafd e o Al-Tajammu – iriam dialogar sobre a reforma “política e constitucional” no Egipto, adianta a estação britânica BBC. Os partidos não confirmaram esta disponibilidade.
Ao décimo segundo dia de revolta, escreve o New York Times, Mubarak aparece cada vez mais isolado. Altas figuras do Exército e Omar Suleiman estarão a discutir uma forma de limitar a sua autoridade: um cenário em que o vice-presidente assumiria o Governo interino para assegurar a transição democrática enquanto negociava com a oposição.
Na Tahrir, o centro da revolta dos últimos dias, dezenas de egípcios tentavam, esta manhã, impedir a saída dos carros blindados do Exército, assistiram jornalistas da agência AFP. Outros, mais afastados, apelavam aos militares para não desarmarem as barricadas que os protegeram durante a noite de eventuais ataques de apoiantes do Presidente. Mas o ambiente descrito pelas agências internacionais é bastante mais calmo do que nos últimos dias.
Bolsa sem data para reabrir
Hosni Mubarak reuniu pela primeira vez com os seus ministros desde que remodelou o executivo na semana passada, anunciou a agência de notícias estatal Mena. Mubarak conversou com o primeiro-ministro, Ahmed Shafiq, e os ministros das pastas do Comércio, do Petróleo, das Finanças e da Solidariedade Social.
Inicialmente, o ministro das Finanças, Samir Radwan, anunciou que os bancos e a bolsa deveriam abrir já amanhã. Entretanto, o presidente da praça do Cairo avançou à agência estatal que não foi fixada uma data para a praça do Cairo voltar a funcionar. Mas os bancos retomam a actividade às 8h80 locais (menos duas horas em Portugal Continental) de domingo, o primeiro dia útil no país.
E enquanto isso, a pressão internacional aumenta para Hosni Mubarak se afastar e ser formado um governo interino. A bem de uma transição democrática, assumiu a chanceler alemã, Angela Merkel, não se devem realizar eleições numa primeira fase do processo de transição – esse seria a abordagem errada, disse em Munique, num encontro de líderes mundiais sobre segurança.
Fonte: (Rádio Mocambique/Publico) - 05/02/2011
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