O Governo inseriu em forma de publicidade na imprensa estatal uma resenha do diálogo com a Renamo, em que considera inaceitáveis as exigências do principal partido de oposição em relação às Forças de Defesa e Segurança.
Numa atitude inédita no âmbito do processo negocial, o executivo moçambicano inseriu publicidade no estatal Notícias, o diário de maior circulação no país, e no Jornal de Moçambique, publicado pelo Gabinete de Informação, dependente do primeiro-ministro, apresentando um resumo do processo negocial em que acusa a Renamo de falta de sentido de Estado.
"As propostas da Renamo são contrárias à Constituição da República, desprovidas de sentido de Estado e revelam falta de respeito às instituições legalmente instituídas. Por isso, são inaceitáveis", diz-se nas considerações finais do texto.
O Governo e a Renamo estão num impasse nas negociações sobre a crise política e militar no país, devido a divergências em torno do desarmamento do braço armado do movimento, envolvido em confrontos com o exército e ataques a alvos civis e militares no centro do país.
O Governo acusa o principal partido da oposição de se "socorrer de chantagens e pronunciamentos intimidatórios para impor paridade nas Forças de Defesa e Segurança (FDS)".
Na sua declaração, as autoridades moçambicanas referem que continuarão a privilegiar o diálogo, mas reiteram que "as FDS continuarão a defender o povo e a defender-se a si próprias" dos ataques dos homens armados da Renamo.
O Governo diz que, no âmbito do diálogo em curso, cedeu às exigências do principal partido da oposição, de nomear representantes do movimento para o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e reforçar a sua presença na Comissão Nacional de Eleições (CNE).
De acordo com o texto que o executivo colocou nas páginas de publicidade, as negociações com a Renamo estão encalhadas devido à exigência do movimento de nomear o chefe de Estado-Maior General das FDS e o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique.
A guerra de argumentos na imprensa, entre o Governo e a Renamo, sobre a instabilidade político-militar no país, têm vindo a subir de tom nos últimos dias, à medida que o país avança rumo às eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) de 15 de Outubro.
Na segunda-feira, o porta-voz da Renamo, António Muchanga, foi preso por alegada instigação à violência, à saída da reunião do Conselho de Estado, que momentos antes lhe retirara a imunidade na qualidade de conselheiro.
Fonte: LUSA - 09.07.2014
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