Os donos das
encomendas de luxo
Armando Emílio Guebuza
e Joaquim Alberto Chissano, antigos presidentes da República, Verónica
Nataniel Macamo, presidente da Assembleia da República e Adelino Muchanga,
presidente do Tribunal Supremo (TS) são parte das altas individualidades que encomendaram
e receberam as viaturas de luxo. As aquisições, que acontecem num momento
particularmente inapropriado tendo em conta os deficits económicos resultantes,
em parte, da suspensão das doações dos parceiros internacionais, estão a gerar
uma onda de indignação colectiva sem precedentes.
A conferência de
imprensa convocada e concedida no início da noite desta quarta-feira, pelo
Secretário Permanente do Ministerio da Economia e Finanças, Domingos Lambo, só
veio adensar as críticas públicas por ter ficado claro que, efectivamente,
parte dos carros de luxo foi encomendada e adquirida este ano e parte no ano
passado, portanto num momento em que o governo continua a exigir contenção às
aos moçambicanos, particularmente às populações mais desfavorecidas.
Uma das coisas que
Domingos Lambo reiterou na conferência de imprensa foi a informação segundo a
qual, as aquisições estavam a ser feitas em estrito cumprimento da legalidade,
isso no que à necessidade de oferecer “dignidade” aos dirigentes diz respeito.
Das viaturas
adquiridas, o Mercedes Benz S500, no valor de quase 11.5 milhões de Meticais
foi para a Presidente da Assembleia da República, Verónica Nataniel Macamo
Ndlovu e o Toyota Land Cruiser 200, VX, Station auto, de oito lugares, no valor
de 10.7 milhões de Meticais, foi encomendado pelo Presidente do Tribunal
Supremo, como viatura de campo, tendo em conta que para assuntos protocolares
diários, usa uma frota de Mercedes Benz.
Para os antigos presidentes da República, Joaquim Chissano e Armando Guebuza, foram encomendados e adquiridos Mercedes Benz S400, no âmbito das prerrogativas emanadas pela lei 4/90. Esta lei, aprovada nos últimos dias do mandato de Armando Guebuza, atribui mordomias invejáveis aos antigos Chefes de Estado.
Na busca de explicações
para as aquisições, Domingos Lambo anotou que boa parte dos anúncios
publicitados esta semana são referentes a aquisições de 2015, ano em que,
segundo aquele governante, o país não estava ainda na situação de aperto em
resultado da suspensão das dotações, pelo Fundo Monetário Internacional e, em
bloco, por outros parceiros do apoio programático. Ou seja, estava Domingos
Lambo a tentar dizer que aquela época era de “vacas gordas” e se poderia alocar
quase 90 milhões de Meticais na aquisição de viaturas novas para os dirigentes
do país, a vários níveis.
Para as viaturas encomendadas neste e no ano passado, aquele dirigente, na falta de argumentos mais razoáveis, preferiu dizer, com todas as letras, que o país não estava a fazer “revolução”, daí que os dirigentes tinham que continuara gozar das regalias previstas. Mesmo assim, defendeu ele, o Estado conseguiu reduzir a verba de aquisição de viaturas, dos anteriores 89 milhões em 2015, para 29 milhões de Meticais para o período 2016/17.
Os vinte Mercedes
Benz C180 no valor de 2.290 mil meticais cada foram canalizados para os
vice-presidentes da Assembleia da República, em representação da Frelimo e da
Renamo, três chefes de bancada e membros da Comissão Permanente.
As restantes 21
viaturas dentre Ford Ranger 3.2, modelo Wildtrak , 4X4, cabine dupla; Hyundai,
modelo Accent 1.6 e Peugeot, modelo 508, no valor de 39.375.980 de meticais
foram direccionadas para directores nacionais, directores nacionais adjuntos e
assessores de ministros.
Fonte: MEDIAFAX – 03.11.2017
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