Por David Aloni
Afinal, quem tem medo das eleições para as Assembleias Provinciais? Qual é a dúvida, se o artigo 304 da Constituição da República é tão claro quanto inequívoco? E que dizem os nossos constitucionalistas e os nossos meritíssimos juízes-conselheiros do Conselho Constitucional? Mais do que nunca, é agora (“hac hora”) que tanto uns como outros devem mostrar o quanto valem, na verdade, porque, se não o fizerem agora, jamais merecerão a confiança e o crédito dos moçambicanos, tão fartos e saturados que estão com as ilegalidades e inconstitucionalidades do Presidente da República, o qual parece estar a fazer confusão (porque não tem assessores e muito menos Conselheiros do género dos “Makosana”, lá da minha povoação), entre respeitar a Constituição, fazer respeitar, e o dito tão mal utilizado “poder descricionário”. Claro, não é para admirar, porque o Chefe já está mais que atolado e bêbado do poder que usa e abusa, como se de um Rei Absoluto se tratasse.
Sim, compatriotas, já é tempo de falarmos como homens, antes que Moçambique se transforme e se torne num império, onde a Lei será o Imperador. “L‘Etat c‘est moi” (o Estado sou eu) como diria Luís XIV, Rei da França (séc.XVII) que é o mesmo que dizer “La Loi c‘est moi” (a Lei sou eu).
Lembremo-nos todos nós Moçambicanos, de que foi contra o absolutismo, a ditadura, o totalitarismo e despotismo de Samora Moisés Machel que a RENAMO pegou em armas para combater o monstro e libertar os moçambicanos, trazendo-lhes a Democracia de que hoje estamos todos a usufruir, pesem muito embora as violações e atropelos à mesma democracia.
E se andam por aí papagaios e molecões do partido no poder a vociferar, insultando o presidente da RENAMO, é porque não passam de insensatos e ingratos. Não se lembram(?) que, se hoje podem ir à RM (Rádio Moçambique) e aos ecrãs da Televisão para dizer coisas e quejandos contra a RENAMO, é graças a essa mesma Resistência Nacional Moçambicana, sem a qual, não seria tão cedo que se conquistaria a Liberdade de expressão. Em suma, a liberdade da imprensa.
Estou mesmo a lembrar-me do programa “Esta Semana Aconteceu”, radiodifundido na sexta-feira (19-10-2007) e repetido no dia seguinte, sábado (20-10-2007), durante o qual os auto-proclamados analistas (de meia tigela), declaradamente frelimistas, muito atrevidamente quiseram dar lições de política e democracia à RENAMO, como se alguém, lhes tivesse solicitado assessoria. Aquilo não passou de mais uma encomenda de quem lhes paga as migalhas, por baixo da mesa, para ninguém ver.
Sinceramente, de Moisés Mabunda e de Amorim Bila, nunca esperaria tamanha baixeza e tão superficial, insignificante e prolixa análise política para não dizer absolutamente nada aos ouvintes da RM. Foi pena terem perdido uma boa oportunidade de estarem caladinhos. Se têm lições a dar a alguém, dêem-nas à Frelimo que é quem delas mais precisa, a ver se aprende a ser coerente, democrata, cumpridora das leis e da Constituição da República.
Claro que, aos olhos opacos de analistas comprometidos com o sistema político vigente em Moçambique, “a Frelimo somou pontos”; “a Frelimo meteu golaços” e “a Frelimo é mais responsável”. Só
que os distintos e auto-proclamados analistas políticos da RM estão muito enganados ou imensamente distraídos. A RENAMO não está distraída, porque a “perdiz”, por natureza, é uma ave sempre vigilante e
quase que não prega olho (não dorme).Está sempre atenta à acção do inimigo; por isso, os analistas da RM deviam tirar a máscara e enfrentar o desafio. Respondam às perguntas formuladas no primeiro parágrafo da presente reflexão. Não pestanejem nem gaguejem!
Quem tem medo das Eleições para as Assembleias Provinciais? Se pela boca da própria Frelimo, na pessoa de Manuel Tomé e do “mufana” e papagaio dos camaradas, Edson Macuacua, se dizia, há bem pouco tempo, que o partido deles “iria ganhar folgadamente as Eleições para as Assembleias Provinciais, a nível de todo o país e em todas as províncias”, o que é que aconteceu, de repente, e o que é que mudou, no cenário político nacional? Não terá a Frelimo apanhado um susto com o resultado das sondagens da “Vox Populi?”
Não terá a Frelimo sido alertada pelas sondagens da “Vox Populi”, segundo as quais a Frelimo iria perder as próximas eleições, porque a RENAMO não estava a dormir e nem está distraída? De que é que tem medo a Frelimo?
Se os prezados e iluminados analistas da Frelimo (RM) não sabiam, ficam, agora, a saber que a RENAMO sabe tudo inclusive as manobras a que chamam de estratégia ou “Visão Política” da Frelimo para vencer as Eleições, ”Visão Política” essa que conta, na sua essência e concepção, com a CNE e com o STAE, ambos sob o controle directo da mesma Frelimo.
Não é por acaso que desorganizaram, propositada e intencionalmente, todo o processo de recenseamento eleitoral de raiz, iniciado a 24 de Setembro de 2007, com o término aprazado para o dia 22 de Novembro de 2007.
Decorrido que é já quase um mês sobre o arranque do processo, nalgumas localidades e postos administrativos nem sequer iniciou. E, se os moçambicanos ainda não sabem, o equipamento informático utilizado no Recenseamento, há vozes autorizadas que afirmam que a empresa sul-africana que ganhou (?) o concurso para o fornecimento dos materiais é também parte do império empresarial do
“patrão” dos moçambicanos.
A ser verdade, estamos perante uma burla e uma manifestação político-mercantil. Não houve e não há transparência em todo processo, iniciado a 24 de Setembro de 2007.
Por conseguinte, tudo o que está a acontecer com o recenseamento Eleitoral foi devida e previamente planificado e programado. Não é possível acontecer tanta coisa do arco da velha no processo, sem que tenha havido uma mão mágica para tudo acontecer assim.
A minha pergunta persiste?
QUEM TEM MEDO DAS ELEIÇÕES PARA AS ASSEMBLEIAS PROVINCIAIS, se havia e há tanta convicção de as vencer? Moçambicanos, vamos falar como homens! Este Moçambique é nosso, e não é de nenhum Partido!!!
SAVANA – 02.11.2007