quinta-feira, junho 30, 2016

Peso da burocracia é factor de corrupção nos negócios em Moçambique

O peso da burocracia e a lentidão na administração pública em Moçambique favorecem a corrupção envolvendo o sector privado e constituem um factor de frustração para as pequenas e médias empresas, considera o "Estudo Anticorrupção do Sector Privado Moçambicano".
A pesquisa, realizada pelo Instituto de Directores de Moçambique (IoDmz), que junta gestores de empresas moçambicanas, e pelo Ethics Institute, uma ONG sul-africana que advoga o combate à corrupção, refere que as pequenas e médias empresas moçambicanas acreditam ser inevitável recorrer à corrupção para poderem sobreviver nos negócios.
"Os entrevistados acreditam que muitas empresas se envolvem na corrupção apenas por uma questão de sobrevivência. Tal pode ser para obter acesso aos contratos ou para contornar as multas ou processos reguladores", afirmou Kris Dobie, do Ethics Institute, que apresentou os resultados do estudo.
Com base em inquéritos a 29 empresas e a várias associações patronais moçambicanas, a pesquisa considera que o ambiente fiscal pesado e o facto de o Estado nem sempre reembolsar o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) às empresas empurram os empresários para práticas fora da lei.

Homens armados matam dois dirigentes da Frelimo no centro de Moçambique - Polícia

Dois dirigentes da Frelimo foram mortos e outras 20 pessoas contraíram ferimentos em três ataques armados atribuídos a homens armados da Renamo em Manica, centro de Moçambique, disse hoje à Lusa a polícia moçambicana.
Leonardo Colher, chefe das relações públicas do comando da Polícia de Manica, disse que um secretário da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, governamental), em Muchenhedzi, no posto administrativo de Dacata (distrito de Mossurize), foi morto a tiro na sua residência por quatro homens armados.
Um segundo dirigente do partido no poder em Nhampassa foi retirado de um autocarro, que circulava fora da escolta militar obrigatória de viaturas na estrada Nacional 7 (N7), no distrito de Barué, e foi morto a tiro "à frente dos passageiros" por três homens armados, que depois mandaram seguir o veículo.

Procuradoria de Manica exuma 11 corpos enterrados pela polícia sem autópsia

Investigação forense pretende identificar as vítimas e causas da morte e abandono.
A Procuradoria da República em Manica ordenou a exumação de 11 corpos, encontrados ao abandono nas matas do distrito de Macossa e enterrados pela polícia moçambicana sem realizar autópsias, numa zona onde foi denunciada a existência de vala comum.
A Procuradoria quer fazer exames forenses para identificar as vítimas e as causas das mortes.

EIU: "Restabelecimento do apoio do FMI a Moçambique é improvável este ano"

A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que o restabelecimento do apoio técnico e financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Moçambique não deve acontecer este ano por causa da "relutância" do Governo em fazer reformas.
"Dada a continuada relutância do Governo em comprometer-se com transparência orçamental e a inexistência de medidas políticas impopulares, um restabelecimento do programa do FMI em 2016 parece improvável", dizem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.
Numa análise à visita do FMI ao país, que terminou na semana passada, a EIU escreve que, ainda assim, "à medida que a crise de liquidez avança e a escassez de divisas tem mais impacto nas instituições públicas, o Governo e a 'linha dura' dentro do partido no poder vão ficar cada vez mais abertos às políticas do FMI".
Sobre a auditoria externa às contas públicas, exigida pelo FMI e pelos doadores internacionais, que também suspenderam o apoio financeiro no seguimento da divulgação de empréstimos escondidos no valor de mais de 1,4 mil milhões de dólares, a EIU, na nota de análise a que a Lusa teve acesso, diz que "uma auditoria completamente transparente ainda é improvável, mas os constrangimentos financeiros vão forçar o Governo a aceitar reformas e a apertar os seus instrumentos políticos".

Famílias insatisfeitas com indemnizações para a construção da ponte entre Maputo e Katembe

As famílias afetadas pela construção da ponte que liga Maputo e Katembe queixam-se do baixo valor das indemnizações e da falta de condições na zona de reassentamento, na região de Tenga, distrito de Moamba.
Lurdes Sitoe, de 37 anos, arruma os seus últimos bens para ser reassentada na região de Moamba, a 50 quilómetros da capital, e onde as condições deixam muito a desejar. “Não há água, não há energia, não há hospital nem escola”, afirma. “Quando exigimos uma escola, deram-nos um espaço onde temos de ser nós próprios a desbravar a mata. Mas não temos de ser nós a fazer isso, eles é que têm. Cheira-nos a aldrabice.”

Lurdes recebeu cerca de 3 500 euros para poder recomeçar a sua vida longe do bairro da Malanga, em Maputo. “Tiraram-nos daqui e deram-nos terrenos em Tenga, mas lá é só mato. Estamos a sair, mas o dinheiro que recebemos é muito pouco”, diz a moradora, afetada pela construção da ponte que liga Maputo a Katembe. Ler mais (29.06.2016)

UE: Nova presidência dos doadores a Moçambique vai manter a mesma linha

O representante da União Europeia em Moçambique, Sven von Burgsdorff, considerou hoje à Lusa que a nova presidência do grupo de doadores vai manter a mesma linha da anterior direção, assumida por Portugal até ao final deste mês.
"A presidência portuguesa, nos dois últimos meses, fez um trabalho tremendo e vamos seguir a mesma linha", disse Sven von Burgsdorff em entrevista à Lusa, em Lisboa, nas vésperas de a União Europeia receber de Portugal a pasta da presidência deste grupo, a 01 de julho.
"É muito encorajante ver que os parceiros partilham a mesma análise e concordam com o plano de ação", que passa por aguardar a resposta do Executivo sobre as explicações a dar relativamente à assunção de dívidas escondidas no valor de mais de 1,4 mil milhões de dólares.
"Estamos à espera das medidas concretas que vão ser propostas pelo Governo após a missão do Fundo Monetário Internacional, que saiu de Moçambique no dia 24 de junho", disse o diplomata alemão que representa os interesses da União Europeia neste país africano.

quarta-feira, junho 29, 2016

Representante da UE: Moçambique está sem acesso aos mercados internacionais

O representante da União Europeia em Moçambique, Sven von Burgsdorff, considerou hoje à Lusa que o país está impossibilitado de recorrer aos mercados internacionais para garantir financiamento e defendeu que o FMI "é o caminho para o sucesso".
"As taxas de juro que Moçambique poderá encontrar nos mercados internacionais estão para cima de 18%, ao mesmo nível da Venezuela, o que prejudica qualquer acesso; não é possível, e por isso é muito importante a confiança com os parceiros internacionais, e o caminho do êxito é o Fundo Monetário Internacional", disse o diplomata alemão à Lusa, em Lisboa.
Para Sven von Burgsdorff, que falou à Lusa no dia seguinte às taxas de juro exigidas pelos investidores para transacionarem títulos de dívida soberana terem batido o recorde de 19,18%, o FMI terá um papel determinante no futuro do país, mas "a bola está do lado do Governo".

Excerto de uma entrevista a Samora, 1980

"O Senhor Presidente diz que ainda há corrupção em Moçambique. Mas a opinião geral em todo o mundo é que o seu país é dos menos corruptos em África. O que tem a dizer sobre isto?

R: Penso que a podemos afirmar com satisfação no termo de cinco anos de independência, que avançámos muito mais no combate à corrupção de que muitos países africanos independentes há mais tempo. Simplesmente, julgamos que ainda não avançámos o suficiente, que estamos ainda muito longe dos nossos objectivos.
No Ocidente, em especial, formou-se uma certa imagem dos países africanos. Dessa imagem fazem parte a corrupção, a desorganização, a incompetência, o desleixo. São coisas já consideradas "normais" em África. Assim, quando aparece um país como o nosso, onde há um combate consequente contra esses males, os observadores estrangeiros têm tendência a dizer que, "comparado com outros países africanos", o nosso não é assim tão mau. Pensamos que esta perspectiva é incorrecta e revela paternalismo, mesmo quando é assumida por observadores simpatizantes do nosso processo.
O nosso termo de comparação são os países mais avançados, onde foi construída uma sociedade mais justa e onde esses males foram eliminados ou quase eliminados, a ponto de já não constituirem um problema sério. É com esses países que queremos comparar-nos. O nosso objectivo não é sermos um país africano menos corrupto do que os outros - o nosso objectivo é eliminar radicalmente a corrupção do nosso país.
Queremos demonstrar, neste processo, que a corrupção, a ineficiência, não são características africanas - são sim características da ideologia do subdesenvolvimento.

In Olho do Cidadão (retirado em 30.06.2016)

Tensão afecta sector do turismo em Moçambique

Operadores queixam-se da crise provocada pelo conflito militar.
Operadores turísticos moçambicanos queixam-se da redução de turistas que visitam o país por causa da tensão político-militar que já levou ao encerramento de algumas unidades turísticas.
Por outro lado, as agências de viagens dizem estar a enfrentar dificuldades para a exportação de capitais quando do pagamento de passagens áreas a companhias estrangeiras, devido às limitações impostas pelo Banco de Moçambique para uso de cartões de crédito, devido à falta de dólares no país.
"Vamos resolver as questões básicas, nomeadamente como vamos receber os turistas e quais sãos facilitados que criamos. As empresas já estão sufocadas, ao nível da hotelaria entramos na fase despedir os trabalhadores, no Hotel Rovuma despedimos 60 trabalhadores, fechamos a unidade de Inhaca e no Bazuruto indemnizamos todos trabalhadores e estamos a redesenhar um outro conceito de como é que vamos fazer", disse Vasco Manhiça, operador turístico. Ler mais (2016.06.27)

Corrupção trava empresas privadas moçambicanas, conclui estudo

As empresas privadas moçambicanas sabem que a corrupção está a matar o crescimento empresarial no país, diz um estudo hoje divulgado.
De Março a Maio de 2016, o Instituto de Directores de Moçambique (IoDmz), que junta gestores de empresas moçambicanas, e o Ethics Institute, uma ONG sul-africana que advoga o combate à corrupção, realizaram um "Estudo Anticorrupção do Sector Privado Moçambicano".
Segundo David Seie, que fez parte do estudo, o mesmo foi motivado pelo facto de a corrupção não acontecer apenas no sector público.
"Queremos criar uma aliança com sector privado e encontrar espaço com sector publico para lado a lado combater a corrupção em Moçambique", David Seie.
A pesquisa aponta que a corrupção na obtenção de contratos e nos processos burocráticos, tais como licenças, inspecções, terra e alfândegas são práticas que contribuem para um ambiente permissivo no sector empresarial no país.
"O peso da burocracia e a lentidão na administração pública em Moçambique favorecem a corrupção envolvendo o sector privado e constituem um factor de frustração para as pequenas e médias empresas", sublinhou Joanna Kuenssberg, Alta-comissária britânica para Moçambique. Ler mais (28.06.2016)

Tribunal Administrativo moçambicano critica Conta Geral do Estado

O Tribunal Administrativo de Moçambique considera que várias instituições do Estado não canalizaram receitas para o tesouro em 2014, realizaram investimentos não orçamentados e executaram despesas inapropriadas incorrendo em desvio de aplicação.
Num parecer sobre a Conta Geral do Estado (CGE) de 2014, que a Assembleia da República de Moçambique começou a debater hoje, o Tribunal Administrativo refere que nem todas as receitas ingressaram na Conta Única do Tesouro (CUT), tal como prevê a legislação financeira moçambicana.
"Todos os recursos públicos devem ser centralizados com vista a uma maior capacidade de gestão, dentro dos princípios de eficácia, eficiência e economicidade", considera aquela instância judicial moçambicana, que exerce também as funções de Tribunal de Contas no país.

sábado, junho 25, 2016

FRELIMO e RENAMO trocam acusações

O partido no poder, em Moçambique, a FRELIMO, através da sua deputada Lucília Hama, defendeu ser urgente que a Procuradoria-Geral da República tome medidas, com vista à responsabilização da RENAMO e do seu líder, Afonso Dhlakama, pelos alegados ataques no país. “Com o seu atual comportamento, violação da Constituição e da Lei dos Partidos e de cometimento do assassinato de pessoas, destruição de bens públicos e privados, pensamos haver condições para responsabilizar criminalmente a RENAMO”, disse Hama.
Em resposta, o deputado da RENAMO, António Muchanga , afirmou que, se há que responsabilizar alguma formação política, não deve ser apenas o seu partido.
Muchanga acusou a FRELIMO de ter tentado assassinar o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama, em setembro do ano passado e acrescentou que a atual situação do país resulta de uma estratégia falhada e errada do partido no poder. “Continuam agora depois dos dois Presidentes mandarem as Forças Armadas atacar a RENAMO para obrigar esse partido também a disparar onde vocês vivem, porque sabem que vocês têm abrigos onde vão se esconder”, sublinhou o porta-vez da RENAMO.

Fonte: Deutsche Welle – 22.06.2016)

sexta-feira, junho 24, 2016

FMI defende auditoria internacional e independente às dívidas avalizadas pelo Estado moçambicano

Missão do FMI concluiu a sua visita a Moçambique e considerou ser necessária uma auditoria internacional e independente às dívidas avalizadas pelo Estado a favor de três empresas.
Uma missão técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI), que se encontrava em Moçambique para avaliar o impacto das chamadas dívidas escondidas, concluiu esta sexta feira (24.06.) a sua visita e considerou ser necessária uma auditoria internacional e independente às dívidas avalizadas pelo Estado a favor de três empresas em 2013 e 2014 que não foram, na altura, reveladas.
A missão do FMI e as autoridades moçambicanas acordaram que a atual situação da dívida exige um pacote urgente e decisivo de medidas de política para evitar uma deterioração do desempenho da economia do país.
Um comunicado de imprensa do FMI, indica que as duas partes realizaram bons progressos na identificação de um pacote de medidas com vista ao reforço da transparência, melhoria da governação e garantia da responsabilização e, para tanto quanto possível, evitar o recurso a dívida não revelada. Ler mais (Deutsche Welle 24.06.2016)

Procuradora-Geral de Moçambique diz no parlamento que não há indícios contra ex-Presidente Guebuza

A Procuradora-Geral da República apelou à contenção e ao recurso a meios pacíficos para o alcance de qualquer objetivo. A Informação Anual sobre o estado da justiça em Moçambique foi apresentada no parlamento.
A Procuradora-Geral da República de Moçambique, Beatriz Buchili, afirmou que não foi encontrada matéria para abrir um processo-crime contra o antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza num alegado caso de corrupção envolvendo a petrolífera italiana ENI.
"As notícias (sobre suspeitas de corrupção) davam conta que a Procuradoria de Milão, na República da Itália, estaria a investigar o caso. Na sequência, desencadeamos mecanismos para recolha de informação junto da congénere italiana, tendo recebido a informação de que não existia nenhum processo que envolvia aquele dirigente. A averiguação foi arquivada por falta de matéria", afirmou Buchili na Assembleia da República de Moçambique, durante a leitura da Informação Anual do Procurador-Geral da República.


Procuradoria-Geral diz não ter indícios de corrupção envolvendo ex-Presidente

Segundo Buchili, a Procuradoria-Geral da República decidiu abrir um processo de averiguação, na sequência de notícias veiculadas pelos meios de comunicação social nacionais e estrangeiros sobre suspeita de corrupção na empresa petrolífera italiana ENI, em que estaria envolvido o antigo chefe de Estado moçambicano Armando Guebuza. Ler mais (Deutsche Welle – 22.06.2016)

Analistas "questionam" sucesso das negociações entre o FMI e Moçambique

O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, reuniu-se ao princípio desta noite, em Maputo, com uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que se encontra em Moçambique para avaliar as consequências macro-económicas das chamadas dívidas escondidas, mas não está claro se será desta vez que vai ser reatada a assistência financeira ao país.
Ao nível do Governo moçambicano, a vinda desta missão era aguardada com enorme expectativa porque se trata de tentar resolver a crise do endividamento, resultante sobretudo de dívidas ocultadas nas contas públicas.

Moçambique pressionado a investigar alegações de violação de direitos humanos

País assumiu anterior compromisso, mas não cumpriu.
Moçambique deverá investigar de imediato todas as alegações de violação de direitos humanos por agentes do Estado, pediu, hoje, a Amnistia Internacional (AI).
Tais investigações, diz a organização, deverão ser completas e imparciais.
A AI realça que procedendo desse modo, Moçambique estará alinhado ao compromisso assumido, hoje, em Genebra, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Moçambique, tal como outros membros das Nações Unidas, assumiu o compromisso, no término da Revisão Periódica Universal, de garantir a investigação imediata de alegações de detenções arbitrárias, execuções extrajudiciais e outras violações de direitos humanos por agentes do Estado.
Apesar de ter assumido anteriormente o mesmo compromisso, a AI diz que Moçambique não cumpriu e as violações continuam.

Fonte: Voz da América – 23.06.2016

Refugiados em campo de Moçambique denunciam fome e corrupção

Mais de 10 mil refugiados encontram-se no campo de Maratane, na província de Nampula.
O Comité Representativo dos Refugiados no campo de Maratane, na província moçambicana de Nampula, denuncia o enriquecimento ilícito de alguns responsáveis à custa do apoio destinado aos deslocados, na sua maioria provenientes da República Democrática do Congo, Ruanda, Burundi e Somália. 
Apesar de não apontarem nomes, os refugiados de Maratane dizem que, por esse motivo, eles vivem na pobreza extrema.
E a título de exemplo, referem que a educação e o sistema sanitário são deficientes.
Perto de 10 mil refugiados vivem em Maratane, o maior campo de refugiados do país, que possui apenas uma unidade hospitalar em más condições, sem medicamentos e com pessoal de saúde sem qualificação.
Cerca de 100 pacientes são atendidos por dia, sendo as principais doenças a malária, o VIH/Sida, a mal nutrição e os problemas respiratórios.
Por seu lado, a educação das crianças é garantida apenas por uma escola primária, o que significa que para continuar os estudos, após esse nível, os alunos têm de ir à capital, Nampula que está a sensivelmente 30 quilómetros.

sexta-feira, junho 17, 2016

Deixe-nos mostrar a nossa indignação!

As dívidas estão aí, infelizmente. Contraídas de forma ilegal e pornográfica por uma corja de indivíduos que, sem escrúpulos, fingem que o assunto não lhes diz respeito. O sofrido povo moçambicano, como sempre, será obrigado a pagar por algo que não faz a mínima ideia. Não há informação sobre o destino certo dado ao empréstimo. A única certeza é de que o dinheiro não entrou nos cofres do Estado. A bilionária dívida está aí. E os moçambicanos continuam a morrer de fome, e de doenças curáveis. Os moçambicanos continuam a debater-se com a falta de escolas condignas, estradas e água potável.

A triste situação que, presentemente, o país travessa é bastante revoltante. Diante da tamanha falcatrua habilmente perpetrada pelo Governo da Frelimo, não nos resta mais nada, como um povo, senão mostra a nossa indignação colectiva. É preciso fazermo-nos às ruas, para demonstrarmos a nossa indignação contra toda essa impunidade que cobre as instituições públicas e/ou de Estado. Precisamos de mostrar a nossa revolta contra este Governo de mafiosos.

Consultora Teneo: Moçambique "não exclui por completo" entrar em incumprimento

A consultora Teneo considera que o Governo de Moçambique "não exclui por completo" assumir um incumprimento soberano, podendo procurar argumentos legais para justificar não pagar ou reestruturar os empréstimos de empresas públicas garantidos pelo Estado.
As declarações do primeiro-ministro moçambicano, Agostinho do Rosário, sobre a necessidade de equilibrar o pagamento das dívidas com as prioridades da despesa "sugere que a opção de incumprimento não está completamente excluída", disse o vice-presidente da consultora, numa nota de análise citada pela agência de informação financeira Bloomberg.
"Para já, no entanto, as implicações negativas desse resultado vão continuar a militar contra a tomada de uma decisão tão impetuosa pelo Governo", disse Manji Cheto.
"Dar prioridade ao pagamento das dívidas, em prejuízo do financiamento de projetos prioritários constantes do Programa Quinquenal do Governo, tais como agricultura, educação, saúde, água seria não ir ao encontro dos compromissos assumidos com a população moçambicana", afirmou Agostinho do Rosário, no encerramento da sessão extraordinária do parlamento para debate das chamadas dívidas escondidas, na semana passada.

Sociedade civil moçambicana manifesta-se “Pelo direito à esperança”

Justificação da dívida pública revela arrogância do governo, diz Nzira de Deus, do Fórum Mulher.

Mais de trinta organizações não-governamentais moçambicanas realizam este sábado, 18 de Junho, uma manifestação, em Maputo, para exigir do governo uma melhor explicação sobre a situação económica e política do país, que agudiza o sofrimento da população.

A manifestação denomina-se “Pelo direito à esperança”.
“Sentimos que estão a tirar o direito de participar na vida pública, e os últimos acontecimentos em relação à dívida pública mostram uma certa arrogância do governo em dar satisfação aos cidadãos”, diz Nzira de Deus, diretora-executiva do Fórum Mulher, que faz parte do movimento.
Por outro lado, diz a activista dos direitos humanos, a tensão política na zona centro está a atingir níveis alarmantes, e é necessária uma resposta.

Analistas moçambicanos defendem debate abrangente sobre descentralizaçação

Presidente da Frelimo e da República criou um grupo de estudo apenas do partido no poder.

Analistas dizem que o debate sobre a descentralização em Moçambique, anunciado pela Frelimo, deve ser abrangente, de modo a que possa permitir uma acomodação política entre os diferentes partidos políticos, na linha das exigências da Renamo, relativamente à nomeação de governadores provinciais.
A Frelimo criou um grupo de trabalho para se ocupar de questões relativas à sustentabilidade da descentralização do poder, afirmando tratar-se de um processo que visa o reforço da democracia no país.
Ao anunciar o facto, o Presidente da Frelimo e também da República, Filipe Nyusi, afirmou que a equipa vai discutir formas de tornar o poder das populações mais interventivo e mais decisivo em prol do seu bem-estar.

quinta-feira, junho 16, 2016

FMI inicia hoje missão a Moçambique para avaliar impactos de empréstimos escondidos

Uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI) chega hoje a Maputo para dar início à missão de avaliação dos impactos dos empréstimos escondidos de 1,4 mil milhões de dólares (1,25 mil milhões de euros).
A equipa do FMI estará em Moçambique até ao próximo dia 24, confirmou o porta-voz da instituição, Gerry Rice, em conferência de imprensa na sede do Fundo em Washington.
"A equipa do Fundo estará em Maputo para continuar o processo de verificação dos fatos relacionados com os empréstimos escondidos e analisar a situação macroeconómica em que se encontra o país", afirmou Gerry Rice no que chamou en inglês de 'fact finding process'.
"A missão, neste momento, não terá como objetivo discutir ajuda financeira. Faremos primeiro uma avaliação para esclarecer os fatos", destacou.

Jurista critica notificação "ilegal" de jornalistas moçambicanos

Jurista moçambicano diz que notificação compulsiva dos responsáveis do semanário Zambeze para prestar depoimentos sobre notícias não respeitou procedimentos legais. Transformou-se a notificação "num mandado de captura".

Esta semana, a polícia foi duas vezes à redação do semanário Zambeze, em Maputo - foi na segunda-feira (13.06), mas o diretor do jornal não estava. E foi na terça-feira, dia em que notificou João Chamusse para comparecer no departamento de investigação criminal.

João Chamusse: "Disseram que o melhor era ir à PIC imediatamente"

"Apareceram entre as 9 e as 10 horas [da manhã] com notificações, que fomos obrigados a assinar. Quando perguntámos se era possível alterar a data, porque era o dia de fecho do jornal, os homens disseram que o melhor era ir à PIC [Polícia de Investigação Criminal] imediatamente. Aquilo não nos dava jeito e optámos pelas 12 horas. Eles disseram-nos 'tudo bem, mas vamos ficar aí em baixo à vossa espera'", conta Chamusse. "Eles estavam à civil. Eram cerca de oito. Vinham também em carros particulares.

Prazo de cinco dias não foi respeitado

"A notificação não é de cumprimento imediato", diz o jurista Gilberto Correia. "Normalmente, há um prazo de cinco dias que deve mediar entre a receção da notificação e essa comparência. Admito que possa haver alguma urgência, mas esse prazo nunca pode ser reduzido ao ponto de ser imediatamente."  Ler mais (Deutshe Welle)

ONG da África Austral acusa polícia moçambicana de intimidação a jornalistas

O Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA), uma ONG de defesa da liberdade de imprensa, acusou hoje a polícia moçambicana de intimidação em interrogatórios a jornalistas sobre notícias relacionadas com a crise militar no país.
"As notificações por parte das autoridades policiais a jornalistas para prestarem declarações relacionadas com matérias por si publicadas configuram atos de intimidação e ameaças à liberdade de imprensa e de expressão", diz o escritório moçambicano do MISA, em comunicado enviado hoje à Lusa.
A nota de imprensa diz que a Polícia de Investigação Criminal (PIC) notificou na terça-feira o diretor do semanário Zambeze, João Chamusse, e o editor da mesma publicação, Egídio Plácido, para interrogatórios, no mesmo dia e na sede da entidade em Maputo, sobre matérias feitas pelo correspondente do jornal na Beira, centro do país, relacionadas com o conflito armado na região.

Ponte da Catembe coloca mais de 100 familias na desgraça em Maputo

Moçambique está a erguer a maior ponte do país, ligando a cidade de Maputo e Catembe, mas as familias desalojadas para dar lugar ao empreendimento têm outro nome: A ponte da desgraça.

"Praticamente fomos esquecidos. Vieram nos deixar aqui sem nenhum recurso", diz Margarida Zeca, uma das pessoas forçadas a mudar de residência por causa da construção da ponte sobre a Baía de maputo.

Tal como diz outro afectado, Titos Macia, as autoridades haviam prometido "uma zona que tem tudo...escolas, hospitais, e já limpo, mas não conseguiram fazer isso".

Apesar das promessas, mais de 100 famílias foram transferidas do bairro da Malanga para Mahoche, a 100 quilómetros. As obras da ponte financiada pelo governo chinês estão em curso.

quarta-feira, junho 15, 2016

Consultor: "Nível de dívida pública é determinante para o crescimento de África"

O colapso nos preços do petróleo afetou significativamente as nações africanas, mas o montante de dívida pública será o factor diferenciador para retomar o crescimento, considera o analista da consultora IHS que segue a região.

"Com o passar do tempo, o choque dos preços das matérias-primas vai ser acomodado pelo sistema, e serão outros assuntos que vão ter importância", defende o analista sénior para a África subsaariana, Mark Bohlund.

Numa análise publicada pela agência de informação financeira Bloomberg, o analista salienta que "uma tendência menos notada na África subsaariana é o aumento do endividamento público", que diz ser um dos fatores que pode fazer com que a narrativa celebrizada na expressão 'África em Ascensão' possa mudar para 'África em Inclinação'.

"As nações da África oriental, das quais apenas o Sudão do Sul é um exportador de petróleo e gás, deverão acelerar o crescimento nos próximos anos; a Etiópia, o Quénia e a Tanzânia também investiram na geração de energia interna e melhores infraestruturas de transportes, e ambas deverão dar dividendos; isto pode ver a narrativa 'Africa Rising' evoluir para uma 'África Inclinada', uma vez que os exportadores de petróleo no centro, oeste e sul de África se debatem para encontrar novas fontes de crescimento", escreve o analista.

Alice Mabota diz que sofre ameaça para abortar marcha do próximo sábado

Dez organizações da Sociedade Civil assinaram carta de comunicação oficial da manifestação pacífica

Organizações da Sociedade Civil convocam uma manifestação pacífica para próximo sábado, na cidade de Maputo. No entanto, Alice Mabota, uma das organizadoras do evento, diz que está a sofrer pressão e ameaça para que a marcha não se realize. Por isso, a Presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique apela para que os celulares dos participantes estejam permanentemente activos para filmarem os organizadores da marcha, no sábado. E não fica por aí. Mabota revela. “O mundo todo está preparado. Depois de receber ameaças – tenho mecanismos de acionar o alerta fora –, informei ao mundo para que tivesse conhecimento que fui ameaçada”, garantiu Alice Mabota.

Ao todo, são dez organizações da Sociedade Civil que assinaram carta de comunicação oficial da manifestação pacífica para sábado, mas o número envolvido é bem mais elevado.

Pressão internacional é importante para a justiça em Moçambique, diz o director-executivo da Fundação Masc

Mas só o tempo dirá se o governo vai tomar outra postura, sublinha Pereira

O director executivo da Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC), João Pereira, elogia a pressão das Nações Unidas para a justiça em Moçambique, mas sublinha que a política africana não segue necessariamente os parâmetros internacionais.

Zeid Al Hussein, Alto comissário das Nações Unidas para o Direitos Humanos, pediu, ontem, ao governo de Moçambique para o fazer o seu melhor para levar os autores das execuções sumárias, promotores da corrupção e violência à justiça.

Al Hussein, que discursava na 32ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Suíça, disse que em Moçambique registam-se maus tratos aos defensores dos direitos humanos e jornalistas.

Para Pereira, só o tempo dirá se a pressão internacional fará o governo assumir outra postura.

“Pode ser um dos mecanismos, mas nós temos que compreender que em África temos exemplos muito concretos de que essas pressões não surtiram efeito,” diz Pereira.

Moçambique: populares preocupados com raptos e desaparecimentos em Vunduzi

Há três semanas, no povoado de Mucodza, dois idosos com mais de 70 anos foram forçados a guiar as tropas governamentais às bases da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) ao longo da serra e indicar quem eram os guerrilheiros do principal partido da oposição naquele povoado.

Depois de dois dias sem terem encontrado as supostas bases da RENAMO, os idosos foram sujeitos a tortura e mantidos em cativeiro até que revelassem a localização das bases. Um deles acabaria por ser baleado no braço direito, ao tentar fugir. As suas casas foram incendiadas. Ler mais (Deutsche Welle, 14.06.2016)

Estupefacto

Em Julho de 2010, o jornalista João Chamusse escreve um artigo de extrema importância e com detalhes sobre a corrupção no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Era mesmo um artigo da sua autoria. Não me lembro que a PIC tenha lhe notificado para ajudar o Gabinete Central de Combate a Corrupção na sua investigação, senão um simples filme para que com o tempo tudo aquilo esfumasse e esfumou mesmo.
Fico estupefacto quando me apercebo que o mesmo João Chamusse foi intimado e buscado por um aparato de agentes da polícia por uma notícia que escreveu no seu jornal, o Zambeze, uma notícia veiculada pela Nehanda Radio como pode-se ver  aqui. Qual é o objectivo real da intimação dos jornalistas João Chamusse e Egídio Plácido?

Viva a Imprensa Livre!

terça-feira, junho 14, 2016

Jornal Zambeze presta declarações à PIC sobre ataques armados a militares zimbaweanos

A polícia convocou e ouviu, hoje, o Jornal Zambeze numa sessão com o propósito de colher informações sobre uma notícia publicada naquele semanário, que falava de um ataque de homens armados, supostamente da Renamo, a militares do Zimbabwe. De acordo com os intimados, João Chamusse e Egídio Plácido, a corporação queria mais esclarecimentos sobre as fontes da notícia.
Publicada quinta-feira passada, a notícia refere que militares do Zimbabwe teriam sido abatidos em Gorongosa por. Citamos: “Um número ainda não especificado de soldados zimbabwenos que se encontravam em plena missão combativa, contra os homens armados da Renamo, foram abatidos na semana finda em Santungira, no posto administrativo de Vandúzi, distrito de Gorongosa, na província central de Sofala, segundo avança a imprensa do Zimbabwe”. A polícia queria saber das fontes usadas para a produção desta notícia e de outras publicadas noutras edições, falando de ataques das Forças de Defesa e Segurança às populações nas zonas de conflito no Centro do país.
A notificação ao Zambeze para prestar esclarecimentos sobre a notícia intimidou o director do jornal e o chefe de Redacção, que preferiram caminhar até a direcção da PIC a nível da Cidade e não usar a viatura da corporação.
A audição aos dirigentes do jornal semanário Zambeze durou cerca de três horas e a polícia ainda não se pronunciou sobre o caso.
Fonte: O País – 14.06.2016

Matar Dhlakama seria um erro

(historiador Michel Cahen)

Acho que a solução angolana, na qual a morte de Jonas Savimbi significou a paz para o país não se aplica à situação de Moçambique. Apesar de Angola ser também geograficamente e etnicamente heterogênea, a riqueza da elite política angolana submete literalmente todas as pessoas. Mesmo com o advento da exploração de imensos recursos naturais em Moçambique, a elite política nunca terá dinheiro suficiente para subjugar a todos. De facto, há em Luanda uma piada que diz que “para ficares rico rapidamente, cria um partido político da oposição, que possa mais tarde ser comprado pelo regime”. É difícil ver essa máxima a aplicar-se ao caso moçambicano.

Hegemonia e homogeneidade são duas coisas diferentes. Num país tão heterogéneo como Moçambique, em termos geográficos e históricos, a hegemonia é menos provável e é indesejável. Apesar de que poderia trazer paz, aparentemente, seria o que chamaria “paz armada” e não uma democracia.

Tentaram e ainda tentam fazer isso. Isso seria mau. O que a maioria das pessoas ainda não entendeu é que dentro da Renamo, Afonso Dhlakama é um moderado. Há muitos dentro da Renamo que estão ansiosos em pegar em armas. Dhlakama é que tem evitado este caminho. Se Dhlakama morrer, quem é que vai assumir o poder? O filho de André Matsangaissa, que se diz ter voltado do Quénia e parece ser um bom militar? Será Ivone Soares?

Polícia está no Jornal Zambeze para prender o Editor e o Chefe da Redacção

Um contingente policial fortemente armado está nas instalações do jornal Zambeze em Maputo, com alegadas ordens para prender o director do jornal, João Chamusse e seu adjunto. João Chamusse enviou-nos uma mensagem a informar que a polícia cercou a redacção do Zambeze e logo depois ficou incontactável. "Polícia à porta do Zambeze para prender João Chamusse e o chefe da Redacção" lê-se na mensagem que o director do Zambeze nos enviou do seu número pessoal. A esposa do director do zambeze também confirmou. Contamos trazer mais detalhes.


Fonte: Canal de Moçambique (facebook) – 14.06.2016

segunda-feira, junho 13, 2016

Moçambique assinala dia de combate à violência contra albinos

Data foi celebrada no país pela primeira vez, esta segunda feira (13.06.), com apelos ao fim da onda de raptos e assassinatos que têm visado os albinos.
As celebrações do Dia Mundial de Consciencialização do Albinismo decorreram sob o lema “comemorar a diversidade, proteger a inclusão dos direitos”.
A Presidente da Associação de proteção dos albinos “Amor à Vida”, Ihidina Mussagy, descreve uma situação crítica: "Continuamos aterrorizados, continuamos amedrontados, muita gente continua escondida em casa e a família com medo."
"A cada noite que chegamos a casa agradecemos, a cada dia que amanhecemos agradecemos”, sublinha.
O caso mais recente de violência contra este grupo é o de uma criança albina, de seis anos, raptada a 5 de junho. Foi encontrada no dia seguinte, esquartejada e sem partes dos seus órgãos, na província de Manica.

Albinos são raptados, assassinados ou dados como desaparecidos. Ler mais (Deutsche Welle – 13.06.2016)

Embaixador da UE em Maputo e PGR de Moçambique analisam dívida e criminalidade

O Embaixador da União Europeia em Moçambique, Sven Von Burgsdorff, e a Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, discutiram nesta segunda-feira, 13, em Maputo, o problema da dívida pública moçambicana e a da onda de raptos que abalam sobretudo a capital moçambicana, como crimes violentos, e a corrupção.
O encontro acontece alguns dias depois de o Chefe da Missão da União Europeia ter sido recebido também em audiência pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, com quem abordou igualmente o mesmo tema.
“É indispensável dar o máximo grau de transparência para o público moçambicano e para a comunidade internacional para que a confiança seja restabelecida”, afirmou Sven von Burgsdorff no final do encontro, em que reiterou que o grupo de países que apoia o Orçamento de Estado está avaliar as consequências do processo, considerando que agora cabe ao Governo moçambicano apresentar medidas para restabelecer a confiança dos parceiros internacionais.
“Não se trata apenas de restaurar a confiança com os doadores, mas com a comunidade internacional e com os mercados financeiros”, acrescentou o diplomata,que reiterou que a União Europeia continua a apoiar o país em outras áreas de desenvolvimento.
Fonte: Voz da América – 13.06.2016

Alto comissário da ONU para os Direitos Humanos quer justiça em Moçambique

O Alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, pediu, hoje, 13, ao governo de Moçambique para o fazer o seu melhor para levar os autores das execuções sumárias e promotores da violência à justiça.
Al Hussein, que discursava na abertura da 32ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Suíça, disse que “Moçambique mostra sinais de retorno à violência, após ter sido considerado história de sucesso em África”.
“A retomada do confronto armado entre a ala armada da Renamo e o exército nacional provocou o deslocamento de pessoas nas áreas afectadas,” disse Al Hussein.
Ele acrescentou que foram reportados naquele país casos de raptos, execuções sumárias, além de maus tratos aos defensores dos direitos humanos e jornalistas.
Além da acção contra os mentores da violência, Al Hussein pediu ao governo de Moçambique para “abordar a corrupção que tem impede que muitos gozem os seus direitos económicos e sociais”.

Fonte: Voz da América – 13.06.2016

Economist: Moçambique vai recuperar apoio dos doadores mas não de forma rápida

A Economist Intelligence Unit (EIU) considerou hoje que o Governo de Moçambique vai "acabar por tomar medidas para recuperar o apoio dos doadores" e reformar as empresas deficitárias, mas uma mudança política rápida é improvável.
"Esperamos que o Governo acabe por tomar medidas para recuperar o apoio dos doadores e reforme as empresas públicas deficitárias, mas para um partido dominante que está relutante em permitir transparência orçamental e é ideologicamente oposto à privatização, uma mudança política rápida é improvável", escrevem os analistas da Economist.
De acordo com uma nota de análise com o título 'A austeridade morde', a que a Lusa teve acesso, os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist escrevem que "a transparência e a privatização são direcções políticas que não estão normalmente dentro da cabeça do partido no poder, e o Governo vai estar relutante em aceitar que Moçambique precisa de ajuda externa".

domingo, junho 12, 2016

Governo moçambicano admite mediadores nas negociações com a Renamo

Quem o admite é Jacinto Veloso, membro do Conselho Nacional da Defesa e líder da delegação do Governo.
O Governo moçambicano admite incluir mediadores nas negociações em curso com a Renamo, revelou o chefe da delegação do Executivo na comissão mista, Jacinto Veloso.
Citado pelo diário de Maputo, Notícias, Veloso adiantou que “o Governo não está contra a participação de terceiras partes, sejam nacionais ou estrangeiras”.
Aquele membro da equipa do Governo não deu mais detalhes das negociações em curso, depois de, na quarta-feira, 8, a comissão mista ter definido a agenda do encontro entre o Presidente da República e o líder da Renamo.

FRELIMO cria comissão para descentralizar poder

A FRELIMO anunciou esta semana a criação de uma comissão que deve refletir sobre o processo de descentralização governativa de Moçambique. O objetivo é possibilitar uma participação mais ativa das populações no poder.
O tema descentralização tem dominado o panorama politico, particularmente após a RENAMO ter exigido a criação de autarquias provinciais como uma das condições para se ultrapassar a crise pós-eleitoral.
Oposição quer mais

Juliano Picardo, deputado da RENAMO, disse à DW África que a descentralização deve prever o seguinte: “As províncias possuírem a sua própria autonomia. E segundo ponto é olharmos um pouco para o nosso sistema eleitoral. Temos que dar valor àquilo que é a vontade política da população como potencial eleitor.”

Por seu turno, o deputado Fernando Bismarque, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a segunda maior força da oposição, afirmou que o debate sobre a descentralização deve ser mais amplo e não se limitar a FRELIMO. O MDM quer ainda que os governadores provinciais passem a ser eleitos. Ler mais (Deutsche Welle – 10.06.2016)

Estados Unidos e União Europeia propõem auditoria forense às dívidas de Moçambique

"Nós estamos disponíveis para fazer qualquer coisa porque somos parceiros e amigos de Moçambique, daí que queremos a mesma coisa que o povo moçambicano quer que é a Paz”, reiterou Pittmam aos jornalistas, adiantando que sobre as dívidas “o Governo deu esta semana são muito bons, mas é o início”.
“A confiança da comunidade internacional é baixa e Governo tem que aumentar a credibilidade e acreditamos que o Governo precisa fazer uma auditoria forense independente para saber exactamente o que aconteceu e também o que vai fazer para frente", sublinhou Dean Pittman.

Severino Ngoenha: Memórias históricas condicionam fim da crise política em Moçambique

O filósofo moçambicano Severino Ngoenha defende que as forças dominantes continuam agarradas a memórias históricas e a pseudo-estatutos que impossibilitam as conversações para ultrapassar a crise política e militar em Moçambique, classificando as negociações restabelecidas de “diálogo de surdos”.
“Estamos perante um diálogo de surdos”, lamentou, em entrevista à Lusa, o reitor da Universidade Técnica de Moçambique, observando que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior força de oposição, estabeleceram pré-condições que impossibilitam as negociações.
Num momento em que as conversações foram restabelecidas, depois de terem sido paralisadas com a retirada da Renamo, que alegou falta de progressos e de seriedade, Severino Ngoenha entende que o processo negocial entre as partes está refém da “memória histórica” da Frelimo, que reclama a posição de movimento libertário, e do “pseudo-estatuto” da Renamo, que se afirma como o “trazedor da democracia em Moçambique”.
“Para a Frelimo, negociar significa que a Renamo se submeta, e, para a Renamo, negociar significa que a Frelimo faça concessões ”, declarou o académico, observando que, nestas circunstâncias, negociar torna-se uma tarefa impossível.

sexta-feira, junho 10, 2016

STV AssembleiaRepublica2 divida 09 06 2016

Nyusi debate sobre situação económica e político-militar do país com diplomatas

O Presidente da República, Filipe Nyusi, manteve encontro, hoje, com o representante da União Europeia e o Embaixador dos Estados Unidas da América para debater sobre a actual situação político-militar e económica do país. O diplomata europeu disse que aquele organismo quer continuar a apoiar Moçambique, mas a ajuda ao Orçamento do Estado vai permanecer suspenso enquanto decorrem averiguações do nível de endividamento do país.
Nos encontros realizados em separado na Presidência da República o primeiro a ser recebido foi o embaixador da União Europeia, num encontro que durou pouco mais de 30 minutos. À saída do encontro, o diplomata Sven Burgsdorff disse que a União Europeia está disponível a ajudar Moçambique para superar a crise económica, mas por enquanto o apoio ao Orçamento do Estado continua suspenso enquanto decorrem averiguações sobre o nível de endividamento do país.
Já o embaixador dos Estados Unidos da América, cujo encontro com o Chefe de Estado durou cerca de uma hora, mostrou-se mais preocupado com a situação de tensão político-militar. Dean Pittman disse que o seu país está disponível a colaborar de qualquer forma para o restabelecimento da paz no território nacional.

Fonte: O País – 11.06.2016

quinta-feira, junho 09, 2016

STV JornaldaNoite 09 06 2016

Oposição moçambicana não quer dívidas ocultas no Orçamento

Deputados rejeitam pedido do Governo para inscrever no Orçamento do Estado de 2015 os empréstimos contraídos fora das contas públicas entre 2013 e 2014. Executivo anuncia novos cortes orçamentais para enfrentar crise.
O Governo de Moçambique pediu esta quarta-feira (08.06) ao Parlamento que inscreva no Orçamento Geral do Estado de 2015 as dívidas ocultas das empresas ProIndicus e Mozambique Asset Management, contraídas pelo anterior Executivo, em 2013 e 2014. O pedido foi rejeitado pela oposição parlamentar, que exige a responsabilização dos autores dos empréstimos. Ler mais ( Deutsche Welle – 09.06.2016)

ONU Mulheres considera alarmantes casos de violação sexual em Moçambique

A ONU Mulheres em Moçambique qualificou hoje em Maputo de alarmantes os casos de violação sexual no país, exigindo medidas urgentes das autoridades moçambicanas.
"A escalada da violência sexual contra mulheres e raparigas nos espaços públicos em Moçambique é muito alarmante", refere uma nota da organização, enviada hoje à Lusa, observando que a violência em espaços públicos é uma realidade diária no país.
A ONU Mulheres em Moçambique exige a responsabilização dos autores deste tipo de crime e considera que as autoridades moçambicanas devem adoptar medidas urgentes para a prevenção de casos de violação no país.
"Somamos a nossa voz para condenar e instamos as autoridades competentes para empenhar todo o peso da lei contra os agressores", refere o comunicado, que condena dois casos ocorridos recentemente em Maputo.
No passado dia 06, uma mulher de 35 anos de idade foi violada e morta por cinco indivíduos, no bairro Xipamanine, subúrbios da capital.
Na mesma semana, uma adolescente de 16 anos foi violada por quatro homens no bairro de Guava, distrito Marracuene, arredores de Maputo, tendo também falecido no local.

Fonte: LUSA – 09.06.2016

Parlamento moçambicano cria comissão de inquérito para averiguar dívidas

A Assembleia da República (AR) de Moçambique vai criar uma comissão de inquérito para apurar os contornos das dívidas secretas contraídas pelo Governo entre 2013 e 2014.
O anúncio foi feito nesa quinta-feira, 9, pela presidente do Parlamento, Verónica Macano, no discurso de encerramento da sessão extraordinária que discutiu o tema, dizendo que a comissão entrará em funções “logo que as condições legais estiverem criadas”.
A criação da comissão foi pedida pelas três bancadas parlamentares no debate iniciado ontem e no qual o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, confirmou que a dívida atinge os 11,6 mil milhões de dólares.
Por sua vez, o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário garantiu que o seu Executivo apenas assumirá a divida que tenha sido aplicada para fins de interesse público.

Fonte: Voz da América – 09.06.2016

Governo e Renamo anunciam agenda do encontro entre Nyusi e Dhlakama

O Governo moçambicano e a Renamo anunciaram hoje os pontos de agenda do encontro entre o chefe de Estado e o líder do principal partido de oposição, que incluem a exigência do movimento de governar em seis províncias.
"Os pontos da agenda consensualizados são governação da Renamo nas seis províncias onde ganhou nas últimas eleições em 2014 e temos o ponto sobre a cessação das acções armadas", afirmou José Manteigas, deputado e membro da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), em declarações aos jornalistas, no final da reunião com a delegação do Governo, no âmbito das negociações para o fim do conflito militar no país.
Segundo Manteigas, a agenda do encontro, ainda sem data, entre o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, inclui ainda a integração dos membros do braço armado do principal partido de oposição nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), Polícia da República de Moçambique (PRM) e no Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE).

quarta-feira, junho 08, 2016

STV LinhaAberta 07 06 2016

Saíde Amido pede perdão aos munícipes

O presidente do conselho municipal da cidade de Lichinga pede perdão aos munícipes pelo seu envolvimento em crimes de corrupção passiva e abuso de poder, depois de ter sido condenado pelos crimes no final de maio.
O edil de Lichinga, no norte de Moçambique, pediu desculpas aos munícipes tanto em nome pessoal, como do partido que representa, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Saíde Amido esteve envolvido em crimes de corrupção e abuso de poder e foi condenado, no final de maio, a 18 meses de prisão, convertidos em multas.
O pedido de desculpas foi feito durante a cerimónia de graduação de mais de 30 polícias municipais esta quarta-feira (08.06). “Antes deste discurso oficial, quero aproveitar para, através dos órgãos de comunicação social, pedir perdão de forma geral a todo o povo moçambicano, de Rovuma a Maputo e do Índico ao Zumbo, e de forma particular aos munícipes de Lichinga”, afirmou Saíde Amido.
O edil de Lichinga regressou ao seu posto de trabalho há cerca de uma semana e meia e pretende continuar, juntamente com os habitantes, “com o desenvolvimento desta nossa cidade.” Ler mais (Deutsche Welle – 08.06.2016)

STV JornaldaNoite 08 06 2016

Helena Taipo irritada com o MDM por ter dito a verdade

O caso sobre a vala comum

A governadora de Sofala, Helena Taipo, chamou ontem a imprensa na cidade da Beira, para manifestar a sua irritação com facto de o Movimento Democrático de Moçambique ter vindo a público desmentir Edson Macuácua e afirmar que há execuções em massa e corpos abandonados em Sofala e Manica, o que indicia estar-se perante uma vala comum.

Na semana passada, Edson Macuácua, chefe da Primeira Comissão da Assembleia da República, desvalorizou desvalorizou os corpos espalhados nas matas da Gorongosa, em Sofala, e em Macossa, na província de Manica, ao negar a existência da vala comum.

Mas, na segunda-feira, Laurinda Cheia, deputada do Movimento Democrático de Moçambique, declarou publicamente que há vala comum no distrito de Macossa. na província de Manica. Laurinda Cheia, integrou a equipa de deputados membros da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade [mas que não incluía deputados da Renamo] que foi investigar a existência de valas comuns e a violação dos Direitos Humanos no centro do país,
                                                                           
Helena Taipo, que também esteve na campanha de falsificação sobre os factos, já havia dito que tudo era mentira, sem nunca ter estado nos locais onde os jornalistas encontraram os corpos sem vida.

Reino Unido exige auditoria judicial internacional sobre dívidas escondidas por Moçambique

A alta-comissária do Reino Unido em Maputo exigiu hoje uma auditoria judicial internacional para averiguar as chamadas dívidas escondidas por Moçambique, considerando que a situação manchou a confiança que o seu Governo tinha pelo país africano.
"Uma auditoria forense internacional seria um meio para o rápido esclarecimento deste caso, que é grave", disse, à imprensa, Joanna Kuenssberg, à margem das celebrações do 90.º aniversário da rainha Elizabeth II, que se assinalou a 21 de abril.
Observando que as dívidas fora das contas públicas contraídas à revelia da Assembleia da República, entre 2013 e 2014, mancharam a confiança que o Reino Unido tinha pelo país africano, Joanna Kuenssberg justificou a suspensão do apoio ao Orçamento do Estado (OE) com razões de transparência, considerando que o Governo moçambicano precisa de reconquistar rapidamente a confiança do povo e dos parceiros internacionais.
"A situação é muito grave e está abalar a economia do país", declarou a alta-comissária, acrescentando que os ministros britânicos estão "muito sensíveis" às últimas notícias sobre o endividamento de Moçambique.