O MDM, acusou o presidente da
comissão parlamentar que investigou alegações de abusos dos direitos humanos no
centro do país de precipitação, considerando ainda que as pessoas ouvidas
estavam com medo.
"O presidente da Comissão
dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade precipitou-se ao
falar à imprensa sobre as suas conclusões sobre a investigação", afirmou
Laurinda Cheia, deputada e única representante do Movimento Democrático de
Moçambique (MDM) na referida comissão, falando na segunda-feira em conferência
de imprensa.
Citada pelo jornal O País, Cheia
criticou o facto de o presidente da comissão parlamentar, Edson Macuácua, ter
afirmado que não havia provas de existência de uma vala comum no centro do
país, quando as investigações ainda não estavam encerradas.
"As
investigações não estavam ainda encerradas e a comissão devia, primeiro,
apresentar os resultados à Comissão Permanente da Assembleia da República, mandatária
das investigações", declarou a deputada do MDM.
A Comissão dos Assuntos
Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade da Assembleia da República de
Moçambique considerou no fim de semana que a presença de corpos abandonados
debaixo de uma ponte na província de Manica configura uma violação dos direitos
humanos.
"Lamentamos o facto de
termos encontrado aquela situação de 11 corpos debaixo da ponte. São restos,
ossadas, o que configura uma violação dos direitos humanos", afirmou o
presidente da comissão, Edson Macuácua, citado pelo jornal O País, após uma
visita dos deputados ao local, no distrito de Macossa, mais de um mês após as
primeiras denúncias.
Apesar de as autoridades apenas
terem visitado o local dos onze corpos debaixo da ponte, existem pelo menos
mais nove cadáveres documentados por jornalistas, numa zona próxima, entre os
distritos de Macossa e Gorongosa.
Esta é a segunda fase das
investigações depois das audições da comissão parlamentar em Maputo e na cidade
da Beira e de na terça-feira da semana passada a comissão ter negado a
existência de uma vala comum em Canda, distrito de Gorongosa, denunciada por
camponeses no final de abril à Lusa.
"O resultado [das
investigações] permite-nos afirmar de forma categórica, inequívoca e definitiva
que não há uma vala comum em Canda", afirmou Edson Macuácua, na terça-feira.
A 30 de abril, jornalistas de
vários órgãos de comunicação social, incluindo a Lusa, testemunharam e
fotografaram 15 corpos espalhados no mato, entre os distritos da Gorongosa,
província de Sofala, e Macossa, Manica.
Mais cinco corpos foram encontrados
por um grupo de jornalistas da France Presse (AFP) e Deutsche Welle (DW) em
Macossa, centro de Moçambique, aumentando para vinte o número de cadáveres
descobertos na região, informou na quarta-feira a agência noticiosa francesa.
Os corpos foram abandonados nas
proximidades do local onde camponeses alegaram à Lusa ter observado uma vala
comum com mais de cem cadáveres, até ao momento desmentida pelas autoridades, e
sem que os jornalistas tenham conseguido ter acesso ao local, numa zona de
forte presença militar, no quadro do conflito que se vive no centro do país.
A região da Gorongosa, onde se
presume encontrar-se o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo),
Afonso Dhlakama, tem sido marcada por confrontos entre o seu braço armado e as
forças governamentais.
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