"O Senhor Presidente diz que ainda há corrupção em Moçambique. Mas a opinião geral em todo o mundo é que o seu país é dos menos corruptos em África. O que tem a dizer sobre isto?
R: Penso que a podemos afirmar com satisfação no termo de cinco anos de independência, que avançámos muito mais no combate à corrupção de que muitos países africanos independentes há mais tempo. Simplesmente, julgamos que ainda não avançámos o suficiente, que estamos ainda muito longe dos nossos objectivos.
No Ocidente, em especial, formou-se uma certa imagem dos países africanos. Dessa imagem fazem parte a corrupção, a desorganização, a incompetência, o desleixo. São coisas já consideradas "normais" em África. Assim, quando aparece um país como o nosso, onde há um combate consequente contra esses males, os observadores estrangeiros têm tendência a dizer que, "comparado com outros países africanos", o nosso não é assim tão mau. Pensamos que esta perspectiva é incorrecta e revela paternalismo, mesmo quando é assumida por observadores simpatizantes do nosso processo.
O nosso termo de comparação são os países mais avançados, onde foi construída uma sociedade mais justa e onde esses males foram eliminados ou quase eliminados, a ponto de já não constituirem um problema sério. É com esses países que queremos comparar-nos. O nosso objectivo não é sermos um país africano menos corrupto do que os outros - o nosso objectivo é eliminar radicalmente a corrupção do nosso país.
Queremos demonstrar, neste processo, que a corrupção, a ineficiência, não são características africanas - são sim características da ideologia do subdesenvolvimento.
In Olho do Cidadão (retirado em 30.06.2016)
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