Principais
constatações
A campanha
eleitoral foi positiva sobretudo pela ausência de actos de violência entre os
candidatos e seus apoiantes. Houve alguns casos de violação da lei, com o uso
de meios do Estado e colagem de material de campanha em locais proibidos, mas
apenas nos primeiros dias.
A votação iniciou
num ambiente externo e interno calmo e sem violência. Entretanto, verificou-se
atraso generalizado na abertura das mesas de votos. Estima-se que cerca de 47%
das mesas não estavam abertas até às 9 horas.
Houve problemas
generalizados com os cadernos eleitorais. Muitos eleitores reclamaram a
ausência de nomes nos cadernos. Foram registados casos de eleitores que
encontraram situações de alguém ter já votado em seu nome.
Ao longo do dia
foi-se verificando alguma situação de agitação, com algumas pessoas a tentar
invadir a barreira da polícia para supostamente “controlar o voto”. Nestes
casos, houve a intervenção da polícia tendo a situação voltando à normalidade.
A contagem
parcial de votos na maioria das assembleias de voto decorreu de forma ordeira.
Houve, no entanto, problemas sérios de iluminação nos postos de votação sem
energia eléctrica. As lanternas fornecidas pelo STAE revelaram-se de muito
fraca intensidade pelo que em alguns locais os MMV tiveram que recorrer a
telemóveis e a outras alternativas pessoais para reforçar a luminosidade na
mesa de voto.
A participação
que veio a confirmar-se abaixo de 25% pode ter sido influenciada pelos aspectos
organizacionais, designadamente a abertura tardia das mesas e a confusão com os
cadernos eleitorais.
Posição do Votar
Moçambique
Apesar de
reconhecer o esforço empreendido pelos órgãos da administração eleitoral na
organização desta eleição, a plataforma Votar Moçambique pretende deixar claro
que a forma como foi conduzida a eleição intercalar de Nampula é inaceitável.
Houve certo grau de desleixo, que não pode acontecer e não pode ser permitido
em eleições democráticas.
O porta-voz da
Comissão Provincial de Eleições (CPE) de Nampula, Bernardino Luís, disse à
Rádio Moçambique: “Podemo-nos considerar orgulhosos. É uma eleição exemplar”.
Não é possível orgulhar-se da confusão com os cadernos eleitorais, que começou
em Dezembro de 2017 e continuou até ao dia da votação. Não é exemplar que 47%
das mesas tenham sido abertas com atraso de mais de duas horas.
Normalmente, no
mês de Janeiro chove em Nampula. Ninguém considerou os possíveis distúrbios
ocasionados pela chuva?
Mesmo o edital
final do apuramento intermédio de resultados tem erro sobre os votos válidos e
número total de votantes. Isto não exemplar.
A condução da
eleição intercalar de Nampula não só não foi exemplar como também foi
inaceitável no que se refere à sua organização e gestão.
Recomendações
Recordando que
falta pouco tempo para a segunda volta em Nampula e haverá eleições municipais
em Outubro próximo, a organização das próximas eleições e o nível de disciplina
das direcções locais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE)
e das Comissões Provinciais de Eleições (CPE) serão directamente influenciados
pela resposta a ser dada à organização da eleição intercalar de Nampula.
Nestes termos,
recomenda-se que:
A CNE envie uma
mensagem clara a todos os que trabalham nas eleições, a todos os níveis, e
publicamente, de que a organização da eleição intercalar de Nampula foi
inaceitável.
A CNE deve
transmitir uma mensagem clara de que o nível de negligência que se verificou em
Nampula é inaceitável.
5 de fevereiro de
2018
Votar Moçambique
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