Mario Raffaelli
sobre inclusão de outros intervenientes nas negociações
Mario Raffaelli,
chefe da equipa dos mediadores internacionais nas negociações entre a Frelimo e
a Renamo, disse, na semana passada, em Maputo, que compete às partes envolvidas
no processo convidar organizações não-governamentais [geralmente apelidadas de “sociedade
civil”] e os partidos políticos para darem as suas contribuições para a
proposta de legislação sobre a descentralização, que está a ser preparada na
Comissão Mista.
Há muito que se vem
falando do envolvimento de outros sectores da sociedade no processo. Mario
Raffaelli respondia a uma pergunta sobre quando seriam chamadas organizações
não-governamentais para participarem na mesa das negociações e afirmou que,
quando se fala do primeiro ponto da agenda, que é a “governação das seis
províncias”, primeiro é preciso tomar em consideração que foi criada uma
subcomissão encarregada de preparar uma proposta de legislação.
“Foi decido que, depois de criada a subcomissão, através dela as partes poderiam entregar as suas propostas de emenda legislativa à Comissão Mista. E acordámos que era bom a subcomissão convidar não só os peritos ligados a questões constitucionais, mas também os grupos da sociedade civil e de partidos políticos, para ouvir as suas sensibilidades ou ideias sobre a descentralização”, disse Mario Raffaelli, no dia em que partiu de Maputo de regresso ao seu país. Afirmou também: “A proposta dos mediadores de colocar o pedido dos seis governadores no quadro geral da descentralização era exactamente por isso, para dizer que a descentralização é um problema nacional, que deve envolver a todos”.
“Podemos dizer que
há dois problemas.
Primeiro é a
discussão do assunto que já está identificado.
Eu estava a ver a sociedade civil a levantar sugestões muito interessantes.
Do outro lado, a questão
da descentralização, é uma maneira de resolver o problema político-militar.
Como mediadores, é importante, para nós, que a sociedade civil vá pressionar, vá participar activamente, particularmente sobre o assunto da paz possível”, declarou Mario Raffaelli. E acrescentou: “Ao divulgarmos a proposta e o consenso alcançado sobre o Ponto Um, era para darmos a entender que nós, como mediadores, trabalhámos, porque as pessoas podem pensar que estamos aqui a brincar ou a passear”.
Em relação à Missão
de Verificação Militar Internacional, que os mediadores propõem, caso haja
acordo sobre uma trégua militar, Mario Raffaelli disse que o número dos
observadores vai depender dos locais que deverão ser verificados.
“Para tal, o
‘working group’ é que vai estudar quantas pessoas estarão envolvidas,
fundamentalmente em Gorongosa, onde a segurança tem que ser criada”, explicou.
Mario Raffaelli considerou que, embora o mecanismo possa demorar, é um
mecanismo viável, dado que o primeiro passo seria a declaração da cessação das
hostilidades.
Sobre o apelo para
a cessação das hostilidades, que está contido na proposta, Mario Raffaelli
disse que o apelo tem lógica “porque, a partir do momento em que ambas as
partes dizem que, em princípio, querem tréguas, o problema que fica por
resolver é procurar o mecanismo”.
“Obviamente, como
mediadores, não queremos a violência de nenhuma maneira. É claro que pode ter
uma lógica fazer a violência para atingir ganhos na negociação, mas uma vez que
você tem a negociação com a presença dos mediadores, adicionado à vontade de
ambos os lados, já não faz sentido continuar com a violência”, concluiu Mario
Raffaelli. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 29.08..2016
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