As
últimas eleições do regime monopartidário em Moçambique foram realizadas em
1987. Nessa altura eu era chefe de educação do posto administrativo de Mocone,
um órgão de educacão que foi criado em 1983 e extinto em 1988. Por conta disso,
trabalhei com o então administrador do posto, o senhor Champion Amade, durante
a eleição de membros da Assembleia do Povo do posto e de candidatos aos
deputados da Assembleia Distrital em Nacala-Porto.
1
. Experiência da eleição directa
Sempre
dirigiamo-nos aos bairros e os propostos para deputados residentes dos
respectivos bairros eram apresentados aos moradores em reuniões. Os moradores
faziam-nos passar por aclamação ou se ouviam apupos para em seguida levar um ou
mais moradores para falar sobre um candidato que se achava não merecer ser
deputado da Assembleia do Povo. A grande experiência foi ao lado de S.
Agostinho (para quem conhece Nacala), a via do Bispo de Nacala. Depois de
apresentação dos candidatos, ouvi um apupo, para a seguir algumas mulheres
levantarem-se e dizerem que o senhor Anastácio, um miliciano, não podia nunca
ser deputado da Assembleia do Povo. Segundo elas, aquele senhor sempre se
posicionava no canto da estrada para arrancar bens às mulheres que viessem das
machambas ou das compras exigindo-lhes declaração do que traziam.
Desta
experiência sei do porque os candidatos deviam ser escrutinados
individualmente.
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