segunda-feira, março 26, 2018

*A derrota da FRELIMO em Nampula e o tribalismo*


Por Alexandre Chivale

Noto com alguma inquietação o avolumar de vozes, sobretudo dentro do Partido, socorrendo-se no TRIBALISMO para justificar a nossa derrota na pretérita eleição intercalar.
Esse exercício não só é perigoso como também e sobretudo pernicioso nos esforços para inverter o cenário.
Convocar a tese do tribalismo é um estratagema de auto-consolação, como o é dizer que a Frelimo não perdeu as eleições, mas tão somente as não ganhou, pois já estava na oposição em 2013. O pior é que a Renamo também estava na oposição e nem concorreu quando a Frelimo virou oposição. Ora, num jogo há 3 resultados possíveis: vitória, empate ou derrota. Tirando o caso do empate, verificando-se vitória (ou derrota) para um dos contendores, ao outro, necessariamente, se verifica derrota (ou vitória). Não há como um ganhar e o outro dizer que não perdeu!
No que se refere ao tribalismo como causa justificativa da derrota, vale recordar que sendo Nampula uma cidade cosmopolita (também como resultado da emergência de várias instituições de ensino superior e de outros tantos projectos empresariais, de 2005 a 2014), os votos que deram vitória Paulo Vahanle tanto podem ser de um makonde, changana, chuabo, lomwé, mwani, bitonga, matswa, ndau...etc. Aliás, há macuas que garantiram vitória noutros municípios e que a ser válida a tese do tribalismo só por mecanismos metafísicos podemos explicar isso.
Fazer um enquadramento hermeneutico tão reducionista como esse é adiar a resolução de um problema e convocar outros. Espero que daqui a 6 meses não se diga que perdemos Chókwé ou Mocímboa porque os machanganas e mwanis são tribalistas.
Apreciando o cenário nas calmas

Alexandre Chivale

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