É uma das peças-chave para o esclarecimento do processo. A audição de Adelaide Amurane, Ministra na Presidência para Assuntos da Casa Civil, devia ter sido hoje, como testemunha do ex-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, acusado de gastar indevidamente mais de um milhão e setecentos mil meticais de fundos públicos, numa viagem a Meca (Arábia Saudita), na companhia de três líderes religiosos sem ligação com o Estado.
É que, no passado dia 31 de Maio, na primeira audição, Abdurremane de Almeida disse insistentemente, em sede do tribunal, que recebeu ordens do Presidente da República para escolher e custear as despesas da viagem e que a Ministra na Presidência sabia de tudo.
Almeida revelou ainda que, após a Inspecção-Geral das Finanças detectar os gastos indevidos, contactou a Ministra Adelaide Amurane, informando que havia feito a viagem a Meca, em cumprimento de uma missão do Chefe de Estado. Por conhecer o “dossier”, ela (a Ministra) coordenou com o Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, retirada da despesa do relatório de auditoria.
No fundo, esperava-se que Adelaide Amurane esclarecesse se foi ou não o Presidente da República, Filipe Nyusi, que mandou usar dinheiro do erário público para pagar as despesas dos líderes religiosos.
Estranhamente, a defesa do ex-Ministro da Justiça decidiu, dias antes da segunda audição, ocorrida hoje, desistir da Ministra como testemunha. Entretanto, o tribunal quer ouvi-la, por se tratar de uma peça-chave no processo. O juiz do caso, João Guilherme, decidiu constituir declarante Adelaide Amurane, com vista a recolher informação útil para o esclarecimento do caso. Ao abrigo dessa decisão, a Ministra na Presidência devia ter sido ouvida ainda hoje, mas Amurane está fora do país.
Guilherme explicou, no início da audição, que no passado dia 06, através de um documento escrito, a Presidência da República explicou que Amurane devia viajar com o Chefe de Estado para os Estados Unidos, onde se encontra, mas que estaria disponível a partir do dia 22 de Junho próximo.
Assim, o tribunal decidiu que, na sexta-feira (23 de Junho), Adelaide Amurane deve apresentar-se perante o juiz, para esclarecer as dúvidas.
Normalmente, a defesa arrola testemunhas que podem favorecer ou confirmar a versão do réu, mas pode desistir das mesmas, caso considere que já não são necessárias ou podem prestar declarações que prejudiquem o arguido.
Fonte: O País – 14.06.2017
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