O presidente do MDM, terceira força política moçambicana, disse que os resultados das eleições gerais podem conduzir a acordos após a votação, dando preferência à Renamo, na oposição, embora não fale com o seu líder há seis anos.
Em entrevista à Lusa, Daviz Simango, líder do MDM (Movimento Democrático de Moçambique) e candidato presidencial às eleições gerais de 15 de Outubro, afirmou que, "dependendo dos resultados, se precisar de buscar alguma simpatia dos partidos eleitos, vai querer constituir-se governo e não há necessidade nenhuma de se fazer outra eleição para isso".
O presidente do MDM, que conheceu uma forte ascensão em Moçambique desde o seu nascimento em 2009, disse que, entre o partido no poder, Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e a oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), teria de analisar "prós e contras" e relações "win-win", para que o país "saia a ganhar sem custos desnecessários numa nova eleição que pode prejudicar todos".
Simango reconheceu porém que um entendimento "entre partidos de oposição é capaz de ser muito mais fácil do que com o partido no poder", embora mantenha a dúvida de que um governo constituído a partir de entendimentos pós-eleitorais terá estabilidade. "Mas que é possível é possível", insistiu.
Desafiado para um cenário concreto em que ele próprio ou Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, podem alcançar uma segunda volta nas presidenciais com Filipe Nyusi, candidato da Frelimo, Simango declarou que, "se há uma oportunidade de a oposição vencer as eleições e se entender que uma das lideranças tem uma postura clara para vencer, tem de se aceitar [um acordo]".
Simango questionou no entanto se a Renamo está preparada para esse cenário, mencionando que não fala com o líder do partido de oposição desde 2008.
"Sem exagero, desde que fui expulso", afirmou, referindo-se à rutura com o presidente da Renamo, quando ganhou o município da Beira, segunda maior cidade do país, como independente e depois fundou o MDM.
O presidente do terceiro partido moçambicano disse que a entrada na campanha em força de Dhlakama, apesar de tardia e para muitos surpreendente, pode ser fruto da curiosidade da população, que "que ver essa pessoa, se está mesmo viva", mas também interpreta que as multidões que o líder da Renamo tem levado aos seus bastiões eleitorais são "um chamariz para o voto" e merecem "atenção para esse dinamismo que está a acontecer".
Para Simango, a meta do MDM "é chegar ao poder, partilhar as suas ideias e governar", mas recusa que qualquer outro resultado seja uma derrota.
"Se o MDM conseguir atingir mais assentos na Assembleia da República e mais percentagem nas eleições presidenciais, significa que está a ir buscar eleitores, seus e outros que tradicionalmente eram de outros partidos", declarou, lembrando que o seu movimento tem apenas cinco anos, elegeu oito deputados nas últimas eleições gerais, governa quatro municípios, três dos quais são grandes cidades, e já conseguiu quebrar a bipolarização existente em Moçambique.
"O MDM não tem nada a perder nestas eleições, está a afirmar-se como alternativa em Moçambique", enfatizou o líder partidário, acrescentando que "qualquer resultado será estimulante", desde que possa contribuir com as suas ideias.
Daviz Simango advertiu que não se pode tirar a palavra aos eleitores e prometeu "respeitar a sua vontade", evitando comentar sondagens divulgadas antes da campanha eleitoral, iniciada a 31 de Agosto, que indicavam a ascensão do MDM para segunda força partidária, trocando de posição com a Renamo.
"Se nos colocarem na segunda posição, iremos agradecer, se nos colocarem na primeira também iremos agradecer e mostrar serviço com a nossa proposta de governação", declarou.
"Somos um partido extremamente jovem, inteligente, sabemos adaptar-nos aos momentos históricos do país e temo-nos saído bem", concluiu.
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