O MDM (Movimento Democrático de Moçambique) anunciou hoje que já começou a apresentar queixas às procuradorias distritais na província de Gaza, devido a incidentes ocorridos durante a campanha para as eleições gerais moçambicanas de 15 de Outubro.
"Fizemos queixas às procuradorias distritais de Macia, Xai-Xai, Chokwe, Chibuto, Magude e Bilene por causa dos incidentes com a nossa campanha", disse à Lusa Ernesto Stefane, presidente da Comissão de Jurisdição Nacional da terceira maior força política moçambicana.
A campanha do líder do MDM, Daviz Simango, em Gaza, um bastião da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), foi marcada por graves incidentes em vários pontos da província, com elementos do partido no poder a fazer esperas à caravana eleitoral, resultando em confrontos entre apoiantes das duas partes.
A 24 de Setembro, um dia depois dos primeiros incidentes, o chefe do gabinete eleitoral do MDM em Maputo, Venâncio Mondlane, acusou a Frelimo de seguir uma estratégia de violência e ter colocado em risco a vida de Daviz Simango, durante a ação de campanha em Gaza.
Em declarações à Lusa, Miguel Jamisse, secretário permanente para a província de Gaza do MDM, afirmou que membros da Frelimo queimaram o interior da sede do seu partido em abril em Macia e que desde então a intimidação tem vindo a crescer.
"Peço à Comunidade Europeia que veja o que se está aqui a passar e não deixe haver eleições aqui em Gaza". Se foi assim durante a campanha, "imagine-se o dia da votação", declarou.
Em relação às acusações de estar a fomentar a violência, a Frelimo considerou os confrontos "actos isolados", declarando que os membros do partido têm pautado a sua conduta pelo respeito à lei.
Apesar da "boa colaboração da procuradoria", Ernesto Stefane disse que duvida que ainda assim os processos tenham andamento, acusando a polícia de se demitir do seu papel e o partido no poder de "desestabilizar o trabalho da oposição".
"Com este ambiente de intimidação, vamos ter imensas dificuldades em arranjar pessoas para o dia da votação. Para membros das mesas de voto não teremos problemas, mas para delegados de candidatura, aí sim, vamos ter complicações", alertou.
"Não é fácil arranjar delegados em Chibuto", vincou, referindo-se a um distritos que tem registado queixas de perseguição e intimidação aos membros da oposição, "porque as pessoas têm de salvaguardar as suas vidas".
Também a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) manifestou preocupação com o ambiente que se vive durante a campanha eleitoral em Gaza e anunciou que em vários distritos não vai conseguir vigiar o processo.
"Os nossos representantes foram escorraçados de Chicualacuala, Massangena, Chigubo e Mabalane", disse à Lusa o representante do maior partido de oposição em Gaza e "nesses distritos a Renamo não vai vigiar o processo, nem como membros das mesas de voto nem com delegados de candidatura".
Bento Carlos Mavie afirmou que, devido ao ambiente de intimidação, "ninguém está disponível para se sacrificar" pelo processo eleitoral na província de Gaza.
Na quinta-feira, o presidente da Comissão Nacional de Eleições de Moçambique, Abdul Carimo, afirmou à Lusa que o órgão eleitoral desconhece quaisquer denúncias dos partidos da oposição sobre actos de intimidação em Gaza.
Moçambique realiza eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) a 15 de Outubro.
Fonte: Lusa – 03.10.2014
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