Por Nicolau Parruque
Permita-me, Excia, fazer chegar aos meus compatriotas a questão de fundo nos últimos dias que é a greve dos profissionais da Saúde, com o objectivo de reflectirmos sobre as suas causas e as respectivas implicações.
Triste é o que estamos a assistir nestes dias nas nossas unidades sanitárias. O sector da Saúde está tendo um retrocesso sem precedentes nestes últimos anos. É notória a falta de motivação nos seus profissionais não só por razões de compensação, mas também por escassez de equipamentos e material de protecção individual, pois clamam por melhores condições de trabalho, salários justos e pela erradicação das diferenças entre os trabalhadores.
“Um Governo que não tem uma perspectiva clara para o futuro perderá o rumo e fatalmente sucumbirá face ao inesperado”, dizia um dos meus professores. É o que estou a assistir actualmente.
Estamos mergulhados num dilema muito grande, e ainda temos problemas de governação. Ninguém responde pelo desempenho dos Recursos Humanos do MISAU. Basta! Não podemos permitir que a política interfira nas acções da Saúde.
O MISAU veio a público, através da sua porta-voz, insultar os profissionais que lidam com vidas humanas como se se tratasse de estivadores. Não é possível os nossos dirigentes usarem um meio-termo não pejorativo para os seus subordinados?
Os nossos governantes bem com os profissionais da Saúde devem pôr a mão na consciência. Porque estão em jogo VIDAS HUMANAS e não vejo razões para que se demora tanto a resolver este conflito.
Continuamos a assistir situações bárbaras de atropelo da ética e direitos de qualquer trabalhador, o que, de certa maneira, desmotiva o pessoal da Saúde.
Suponho que o Governo está à espera que a greve complete 30 dias para levantar processos disciplinares contra os faltosos de modo a expulsá-los, o que vai aumentar ainda mais a escassez de quadros e complicar tudo o que já foi feito e previsto. Isso vai aumentar casos de cobranças ilícitas. Muitas coisas poderão sair mal no MISAU e complicar-se ainda mais a vida do povo. Dialogar é muito bom e parece que os nossos dirigentes não têm essa cultura.
O bom senso deve prevalecer entre o Governo e os profissionais da Saúde. Para tal é necessário, de facto, diálogo, que vai culminar com o retorno dos grevistas aos seus postos de trabalho o mais urgente possível.
Tenho dito.
Fonte: Jornal Notícias - 08.06.2013
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