O próximo ciclo político moçambicano será marcado por um de forte crescimento económico e mas também pobreza elevada, que coloca o país com um dos mais baixos Índice de Desenvolvimento Humano no mundo.
Moçambique, que a 15 de Outubro realiza as quintas eleições gerais da sua história, tem uma das economias que mais cresce no continente africano e também um nível de pobreza que ainda atinge 54% da população, segundo o Banco Mundial.
Após uma guerra civil de 16 anos, que causou um milhão de mortos e que tornou Moçambique num dos países mais pobres do mundo e dependente da ajuda internacional, de acordo com a ONU, conseguiu em duas décadas, desde o fim do conflito em 1992, assinalar um dos mais espectaculares crescimentos económicos de África.
Nesse período, o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou a uma média acima de 07%, embora todos os indicadores de desenvolvimento humano apresentem, por oposição, uma esperança de vida de cerca de 50 anos e analfabetismo a atingir cerca de metade dos 25 milhões dos habitantes.
As autoridades moçambicanas definiram como meta para 2015 reduzir para 40% a população que vive abaixo da linha da pobreza, mas recentemente o Fundo Monetário Internacional duvidou que o Governo moçambicano consiga atingir este objectivo.
Com uma população que vem crescendo a um ritmo cada vez mais acelerado, em resultado de elevadas taxas da natalidade e também da redução gradual da mortalidade, sobretudo nas camadas mais pobres, Moçambique atravessa um momento de expectativa, visando a melhoria da economia, que, em pleno ano de eleições, deverá situar-se acima dos 8%, apesar da recente instabilidade político-militar.
Nos últimos 10 anos foram descobertos importantes reservas de carvão, gás, petróleo, mas apesar disso a economia moçambicana permanece assente na produção de bens agrícolas.
Nem mesmo o recente arranque da actividade da indústria de extração mineira, bem como o próprio sector agrícola (a base da economia nacional, de acordo com a Constituição), responsável por mais de 20% do produto real, e as áreas dos transportes e comunicações, da indústria transformadora e comércio, e dos serviços financeiros conseguiram transformar uma economia com um padrão de investimento (tanto público como privado) muito dependente de fluxos de capitais externos.
Moçambique pretende iniciar a exportação do gás natural liquefeito a partir de 2018, um objectivo que depende de altos investimentos em infraestruturas, para a extracção do mineral, construção de terminais e instalação de uma rede de distribuição para abastecer os mercados interno e externo, a par da revitalização da estrutura portuária.
As autoridades asseguram a implementação deste objectivo, num país em que o sistema financeiro interno tem um papel muito pequeno na mobilização e alocação de recursos de investimento às áreas de produção.
Na mais recente avaliação sobre o índice de Desenvolvimento Humano, as Nações Unidas colocaram Moçambique no 178.º lugar e o país passou a estar entre os quatros países do continente africano com maior taxa de incidência de pobreza.
Moçambique enfrenta, também um quadro dramático ao nível sanitário: 43% das crianças com menos de cinco anos sofre de subnutrição, e, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, a malária é a principal causa de morte, sobretudo em menores de cinco anos.
Apesar de um progresso muito consistente no combate à malária, a doença continua a afetar a quase totalidade das famílias moçambicanas, à semelhança da sida, que atinge 1,4 milhão de pessoas. A ONUSIDA estima que, anualmente, ocorram 120 mil novas infeções pelo vírus, uma situação que coloca Moçambique na lista dos 10 países mais afetados pela pandemia.
O Índice Global da Fome de 2013 posiciona por sua vez Moçambique no grupo dos 16 países considerados como estando em situação "muito grave", um drama social para 37% de agregados familiares moçambicanos, de acordo com o Ministério da Agricultura de Moçambique.
Fonte: LUSA – 08.10.2014
Sem comentários:
Enviar um comentário