quinta-feira, outubro 02, 2014

Eleições: Frelimo com um pé na continuidade e outro na mudança

A Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) parte para as eleições gerais com o objectivo de renovar mais cinco anos no poder, garantindo a continuidade da governação que exerce há quatro décadas, mas apostando também na "força da mudança". 
Para o próximo ciclo político, marcado pela substituição do actual Presidente da República, Armando Guebuza, a Frelimo lançou para a corrida presidencial Filipe Nyusi, até há poucos meses um desconhecido para a maioria do eleitorado.
"Votar na Frelimo e em Filipe Jacinto Nyusi é assegurar a continuidade da boa governação, é assegurar a continuidade do reforço da soberania e da cooperação internacional", declara o manifesto do partido do poder às eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais de 15 de Outubro).
Apesar de repetir em várias passagens do texto a palavra "continuidade", o partido no poder recorre também ao slogan 'A força da mudança', não fornecendo pistas adicionais sobre este conceito e entrando no espaço da mensagem política da oposição.
Garantindo que o candidato representa "o princípio da renovação e da continuidade" dos ideais dos históricos do partido Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza, a Frelimo coloca-se também no papel de garante da estabilidade económica e social e do "desenvolvimento sustentável e inclusivo da pérola do Índico".
Após quase dois anos de conflito com a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), oficialmente terminado a 05 de Setembro, e durante o qual o maior partido de oposição ameaçou dividir o país em dois, o manifesto da Frelimo apresenta seis prioridades para o próximo ciclo político e a primeira assenta na "unidade nacional", acrescentando que "os partidos têm o dever de contribuir para a consolidação do ambiente de paz, da estabilidade e do aprofundamento do processo democrático no país".
Lembrando que a economia moçambicana cresce acima dos 7% ao ano, o manifesto mantém "a consolidação de um bom ambiente de negócios, atractivo para o investimento interno e externo" e defende políticas de enquadramento do setor empresarial local nos megaprojetos e no acesso aos mercados, bem como a criação de mais zonas económicas especiais e zonas francas industriais.
Para a Frelimo, as micro, pequenas e médias empresas devem estar no centro da política económica e, apesar da previsão de grandes receitas nos projetos associados ao gás, a transformação estrutural da agricultura é "o instrumento primordial de combate à pobreza e de geração de riqueza".
Apostando em conceitos estratégicos de governação e evitando quantificar promessas ou fixação de prazos, o manifesto defende "a participação do Estado na exploração e aproveitamento dos recursos minerais em benefício do país" e "o direito de preferência a empresas nacionais em caso de identificação de recursos minerais com valor económico".
A Frelimo advoga também que "a concessão de licenças de prospeção e exploração dos recursos minerais devem ser guiados pelo princípio de justa partilha de benefícios, em caso de existência de lucro extraordinário durante a exploração dos jazigos".
O partido no poder compromete-se a manter o programa "Sete milhões", assente na transferência de verbas para os pequenos empreendedores nos distritos, uma das iniciativas mais emblemáticas dos dez anos de mandato de Guebuza no combate à pobreza, e pretende revitalizar o tecido industrial do país, nomeadamente o têxtil, açúcar, agroalimentar e biocombustíveis.
A erradicação do analfabetismo, sobretudo das mulheres, com uma taxa de 62,7%, a criação de parcerias público privadas na educação e o acesso dos alunos do 7.º ano aos níveis seguintes constituem outras propostas do manifesto eleitoral.
Prometendo o combate à corrupção, a Frelimo tem ainda uma mensagem para dentro, recordando aos seus apoiantes que "o concurso é o método para o ingresso no aparelho do Estado, cabendo aos membros do partido esforçarem-se para serem os melhores funcionários".

Fonte: LUSA – 02.10.2014


1 comentário:

Anónimo disse...

Tudo isso não passa de uma mentira, é na tarde de ontem que assistimos o aparecimento em Moçambique de empresas sem nome criadas para roubar dinheiro do Estado, a ematum que até então não tem escritórios é um dos casos, a migração da transmissão digital de televisão está nas mãos de empresas que não tem nada a ver com facto, a compra de viaturas para transporte público, o concurso ganhou uma empresa que trabalha num ambiente improvisado sem tecto. Os projectos copiados de Brasil estão hoje a obrigar que o campo crie parlamentos de camponeses para defesa dos pequenos campos agrícolas familiares, não há o que vocês podem mentir agora.