Por Edwin
Hounnou
O Presidente da República, Armando Guebuza, depois de
mais de duas semanas ausente do país, mesmo com a greve dos médicos e outros
profissionais de saúde em greve, fez uma visita, no sábado, a 08 de Junho
corrente, ao Hospital Central de Maputo, para mostrar que é solidário com os
doentes aí internados, e não só. Este tipo de exercício é falso porque o que
separa os grevistas do governo, não passa por uma visita do Presidente nem de
dos seus ministros às unidades sanitárias. Guebuza continua a contornar a
solução do problema enquanto a situação dos doentes vai cada vez de mal a pior,
contrariamente do que dizem directores e comentadores do politicamente correcto
e jornalistas lambe-botas do regime.
Guebuza deveria abandonar o ilusionismo e partir para
a resolução efectiva do problema. Há muito dinheiro que o governo não colecta
aos mega-projectos que exploram os nossos recursos. Moçambique, piorou em
relação ao tempo colonial, virou um mero exportador de matéria-prima para
alimentar as indústrias de outros países, com o beneplácito de quem faz do país
sua coutada. depois disso tudo, o discurso de auto-estima perde o seu conteúdo.
Guebuza tem coragem depois de um longo passeio por Addis Abeba, China e Coreia
do Sul? O Presidente não tem que lançar apelos como qualquer cidadão. Ele pode e
deve resolver o problema, pagando bem aos médicos e a outros profissionais da
saúde.
Tudo depende da boa vontade e da racionalidade do
governo. É mentira evocar que o país é pobre, por isso, não pode pagar salários
melhores a cuida da saúde do ”maravilhoso povo da pérola do Índico”. Os médicos
juraram salvar vidas, mas, no seu juramento não está implícito que estão
condenados a aceitar salários de pobreza. Os médicos e o professor não têm voto
de pobreza. O director do Orçamento, no Ministério das Finanças, disse que os altos
salários dos magistrados, alfandegários e funcionários das Finanças visam
desencorajá-los da prática da corrupção por estarem em postos propensos à
corrupção. Quem disse que o médico, enfermeiro e o professor, no exercício das
suas funções, não podem ser corrompidos?
Se o Estado tivesse problemas da falta de dinheiro,
não teríamos funcionários pagos a peso de ouro enquanto os demais, com o que
ganham, não podem pagar ao cego por uma cantiga. A frota automóvel do Conselho
de Ministros, governadores, directores, administradores distritais é renovadora
de cinco em cinco anos. Os parlamentares, para além de invejáveis salários, têm
novas viaturas por cada legislatura. O Presidente, a sua esposa, o
secretário-geral da Frelimo e os ministros estão sempre a viajar a expensas do Estado.
Guebuza recebeu uma carta subscrita por 84 médicos especialidades
e assinada por Pascoal Mocumbi, antigo primeiro-ministro, a chamá-lo à
consciência para a gravidade do problema, mas, ele mantém-se irredutível na sua
teimosia de não levar o assunto a sério, intimidando os grevistas e violando o
Estado de Direito.
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