Por Machado da Graça
No início da campanha eleitoral ouvi, na Rádio
Moçambique, um responsável do partidoFrelimo, em Gaza, apelando à organização
dos seus militantes para as tarefas que os esperavam,incluindo os “grupos de
choque” (cito de memória).
Fiquei a pensar no que seriam os tais “grupos de choque”
de que esse responsável falava. Com um nome desses não auguravam boa coisa mas,
enfim, poderiam ser variadíssimas coisas diferentes. Agora começo a entender
melhor.
O que se está a passar, não só em Gaza mas em todo o
território nacional, com bandos de arruaceiros do partido Frelimo a tentarem
boicotar a campanha do MDM e de Daviz Simango, mostra claramente para que foram
criados esses grupos. E não tenho ouvido notícias de actos
idênticos contra a Renamo porque sabem que esses
continuam armados e pode-lhes sair caro.
A Polícia não faz nenhum esforço para esconder de quelado
está. Pelo contrário, parece ajudar os arruaceiros. Segundo circula na
internet, frelimistas e polícias tentaram impedir a passagem da comitiva de
Daviz Simango pela ponte de Xai-Xai. Tentativa de repetir o que os seus
camaradas da Zambézia fizeram ao paralisarem um batelão, obrigando o candidato
a fazer mais cerca de 200 quilómetros do que o previsto?
O que aconteceu na Macia não está ainda muito claro mas,
nas entrelinhas, lê-se que os tais malfeitores tentaram, mais uma vez, impedir
a campanha do MDM e este foi obrigado a usar de alguma violência, incluindo
tiros para o ar, para acabar com aquilo. A Polícia está a investigar
o caso, segundo um dos seus responsáveis, que salienta a
estranheza de os militantes do MDM terem armas consigo. O mesmo responsável
policial não mostrou qualquer estranheza pela presença dos militantes do
partido Frelimo no local onde o MDM trabalhava.
Tudo isto é sintomático do grande receio de os resultados
eleitorais de 15 de Outubro serem retumbantes, sim, mas contra o batuque e a
maçaroca. Se formos a avaliar pelas multidões que os três candidatos
presidenciais
arrastam, as campanhas parecem estar equilibradas entre
eles. E isso significa que é possível, ou mesmo provável, que se tenha que ir a
uma segunda volta nas eleições presidenciais. E, nesse caso, não me restam
grandes dúvidas que vencerá um candidato da oposição, seja ele Dhlakama ou
Simango.
E isso não deve deixar dormir os dirigentes do partido
Frelimo. A possibilidade de perderem o poder e as respectivas “marregalias” é
um pesadelo terrível para quem sempre pensou que essas coisas eram eternas.
Mas talvez tudo isto ajude os militantes frelimistas a
pensarem bem e não voltarem a embarcar em formas de governação como as que nos
trouxe o clarividente e visionário actual dirigente. Se assim for todos ficamos
a ganhar...
Machado da Graça, Savana, 26-09-2014
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