Por Luís Nhachote
Por prerrogativas da Constituição da República, o Presidente da República,
Filipe Nyusi, é, simultaneamente, comandante-em-chefe das Forças de Defesa e
Segurança.
Desde os acontecimentos em que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, escapou
ileso a duas tentativas de assassinato, parece ter ficado claro que tais acções
obedeceram a um comando paralelo no Exército.
Porque tal comando invisível está a usurpar claramente os poderes do seu
chefe supremo, foi-nos dado a assistir, em plena luz do dia, ao assalto à
residência de Dhlakama na Beira.
E porque não há bela sem senão, a organização não-governamental Human
Rights Watch (HRW), que se dedica à defesa dos direitos humanos, acaba de
publicar um relatório sobre a situação dos refugiados de guerra em Tete, onde o
Exército é apontado como Quando é que Nyusi irá pôr ordem no Exército? estando
no epicentro de desmandos de vária ordem...
São apontadas no relatório, com base em vários testemunhos, práticas de
execuções sumárias, abusos sexuais e maus-tratos.
Quando as populações começam a fugir do país para o vizinho Malaui por
estarem a ser perseguidas pelo Exército, é o mais claro sinal de decadência.
Era suposto estas populações serem protegidas por este mesmo Exército, composto
por gente que jurou defender a pátria.
A apatia do mais alto magistrado nesta questão do Exército de que é chefe
supremo é simplesmente assustadora.
Não vá o diabo fazer das suas e, qualquer dia, com estes níveis de
impunidade, este Exército tome de assalto o poder, por se achar execessivamente
poderoso.
A história, que também é uma sucessão de factos com encadeamento, tem
exemplos que ilustram esse tipo de situações.
Ou Filipe Nyusi manda de facto nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), como
a Constituição lhe outorga, ou então com estes níveis ninguém ficará espantado
se ele não renovar em 2019.
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Quando é que Nyusi
irá pôr ordem no Exército?
Fonte: Correio da Manhã - 25.02.2016
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