O Governo moçambicano vai preparar o regresso de quatro mil pessoas que se encontram em centros de acolhimento no Malaui, alegadamente em fuga da crise política e militar no centro de Moçambique.
"A tarefa do Governo é, numa primeira fase, identificar cerca de quatro mil pessoas, saber de onde elas são, e depois prestar-lhes assistência", disse à Lusa fonte diplomática moçambicana, salientando a importância da terminologia aplicada a este caso e que se trata de "deslocados" e não de refugiados.
Segundo a mesma fonte, o alto comissário de Moçambique (embaixador) no Malaui está a acompanhar de perto a situação daquelas quatro mil pessoas no país vizinho, para onde seguiu também uma equipa de elementos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e do Ministério do Interior.
"A próxima etapa é a prestação de assistência, em articulação com as autoridades malauianas, e por fim repatriá-las", afirmou aquela fonte, indicando que o objetivo é de devolver as famílias às suas casas ou, em alternativa, acomodá-las em centros de acolhimento temporários em território moçambicano.
O alto comissário de Moçambique no Malaui, Jorge Gune, admitiu hoje à Rádio Moçambique a instalação de um centro temporário no distrito fronteiriço de Zobué, província de Tete.
Em entrevista à Lusa divulgada no domingo, o administrador distrital malauiano de Mwanza disse que a situação dos moçambicanos no Malaui agravou-se substancialmente desde dezembro.
"Se a situação se mantiver por mais seis meses, estaremos perante uma catástrofe", afirmou Gift Rapozo, administrador do distrito que alberga o centro de acolhimento de Kapise, um dos dois locais criados pelas autoridades malauianas para receber pessoas que dizem estar em fuga de confrontações entre as forças de defesa e segurança de Moçambique e a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) na vizinha província de Tete.
O Governo central do Malaui, segundo Rapozo, estava a evitar chamar a atenção desta situação e a usar os corredores diplomáticas para que fosse resolvida ao mais alto nível.
"Mas, com o agravamento da situação, começámos a ser visitados por organizações internacionais e tornou-se difícil evitar que não seja conhecida", declarou o administrador distrital malauiano.
No passado fim de semana, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse, à margem da Cimeira da União Africana, em Adis Abeba, que o seu Governo está atento à situação, embora pedisse cautela para que eventuais movimentações de pessoas em zonas fronteiriças não sejam confundidas com a ocorrência de um fluxo de refugiados.
Moçambique vive momentos de incerteza política, provocados pela recusa da oposição da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) em reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e ameaça de tomar o poder em seis províncias onde reclama vitória.
Nas últimas semanas tem vindo a agravar-se a violência política no país, com registos de incidentes no centro do país, incluindo a província de Tete.
Fonte: LUSA – 05.02.2016
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