Os antídotos para o país sair da guerra, segundo Manuel de Araújo
Manuel de Araújo, académico e presidente do município de Quelimane, entende
que para se sair do actual cenário de “quase guerra” em que o país se encontra
actualmente mergulhado, urgentemente se deve repensar nas linhas que cozem o
Acordo Geral de Paz (AGP), assinado entre o governo e a Renamo, em 1992. Além
disso, entende Araújo, o país precisa, igualmente, de pensar seriamente na
governação descentralizada, mais ou menos à luz da proposta legislativa que
tinha sido apresentada pela Renamo, na Assembleia da República, entretanto,
liminarmente reprovada pela bancada da Frelimo.
Para Araújo, a descentralização é um condimento importante na satisfação
das actuais necessidades dos moçambicanos, pois, é um método que vai assegurar
o que considera “devolver o poder ao povo”.
Manuel Araújo deixou estas notas quando, esta quarta-feira, falava na
qualidade de orador, no encontro de reflexão em torno da actual situação
política, caracterizada por um cenário de confrontações armadas e fuga de
populações para países vizinhos.
Araújo diz que ao se pensar em soluções para se sair da actual crise, é
preciso encontrar uma nova forma de convivência polí- tica, que se iguala ao
sistema que sustentou o Estado nos primeiros 12 anos de paz, assim como
recuperar os fundamentos que fizeram o país alcançar a paz.
“O país precisa de recuperar o pacto político alcançado à luz dos Acordos
Gerais de Paz assinados em 1992. Recuperando os compromissos daqueles acordos,
poderemos assegurar que a boa governação, a democracia e a estabilidade
política, a paz sejam consolidadas” – anotou Araújo, para depois completar: “É
preciso manter a reconciliação e a inclusão dos actores políticos na esfera
pública”.
Por outro lado, entende Araújo, o projecto das autarquias provinciais é
plenamente útil para o refreamento da actual tensão, no sentido de assegurar
que as pessoas se sintam mais representadas ao nível das suas zonas
habitacionais.
“O projecto sobre as autarquias provinciais, que também foi defendido pelo
Professor Óscar Monteiro, tem mais vantagens do que desvantagens para o país.
Aquele projecto deve ser visto como uma oportunidade para a inclusão da elite
local na gestão da coisa pública e do Estado” – apelou.
A actual situação de “quase guerra” pode, segundo Manuel de Araújo ser
resolvida, caso as entidades com poder de facto, para buscar soluções mostrem
interesse nesse sentido. Mas, ressalvou ele, tal desiderato precisa de sinais
claros de inclusão para o usufruto do bem comum.(Rafael Ricardo)
Fonte: MediaFax – 25.02.2016
Sem comentários:
Enviar um comentário