O Presidente Filipe Nyusi desafiou aos gestores das escolas secundárias do país a colocarem no topo das suas agendas o capital humano, por se tratar do maior investimento que se pode ter.
Falando ontem, em Maputo, na abertura do Seminário de Capacitação de Gestores de Escolas Secundárias, promovido pelo Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, o Chefe do Estado classificou este nível de ensino como sendo uma plataforma segura na transmissão de competências aos alunos.
Realçou que o sucesso para o desenvolvimento de um país depende directamente de uma formação de qualidade das crianças, jovens e adultos, homens e mulheres, que se define no Ensino Secundário.
“A escola secundária é um segmento de transição e por isso uma verdadeira placa giratória que concentra em si uma enorme complexidade de elementos extremamente desafiadores, e cabe a este ensino assegurar uma ponte que represente um passo significativo na vida de quem se prepara para a idade adulta”, disse.
Na ocasião o Presidente desencorajou as más práticas na gestão de certas instituições de ensino e falou de alguns aspectos fundamentais a ter em conta para se ser um bom gestor, a partir dos quais se podem produzir bons alunos e bons quadros para o futuro.
O seminário acontece numa altura em que o país conta com 659 escolas do Ensino Secundário, 1.333.538 alunos com uma idade média que varia entre os 15 e os 18 anos e com um universo de 19.655 docentes.
Entretanto, o rácio professor-aluno é ainda muito abaixo do ideal, sendo que actualmente um professor secundário está para 40 a 50 alunos.
Por seu turno, o Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, Jorge Ferrão, disse que ao sector que dirige impõe-se o ajustamento dos métodos de leccionação e de gestão escolar de modo a harmonizá-los aos tempos de hoje, como forma de responder à inquietação generalizada, segundo a qual os alunos de hoje já não são os mesmos de ontem.
No encontro participam 133 directores das principais escolas secundárias do país, que têm um mínimo de 2500 alunos cada. Espera-se que os presentes transmitam depois os conhecimentos a adquirir aos que não puderam participar no seminário, estando agendadas réplicas que o sector de Educação se propõe a fazer, como forma abarcar aos directores pedagógicos de todas as escolas do país.
Graça Machel, na qualidade de antiga Ministra da Educação, deplorou as atitudes anómalas que tendem a ser normalizadas na sociedade moçambicana protagonizadas por alguns pais ou encarregados de educação, professores e alunos, que consistem no pagamento de valores monetários em troca de um direito, como ter acesso à escola para estudar e/ou para ter uma nota positiva para o aluno poder passar de classe.
“Nós normalizamos comportamentos que não só minam como destroem na essência o que é uma sociedade de conhecimento e baseada no trabalho. Quando se dá uma nota ao aluno que não a conquistou isso significa que estamos a negar um futuro digno e que estamos a promover a desonestidade”, lamentou.
Considera que os professores têm a obrigação de reprovar os alunos que não estão habilitados e aprovar aqueles que efectivamente sabem, falando em alusão às reprovações em massa registadas no ano lectivo de 20015.
Para ela, não devia haver espaço para escândalos, pois algumas pessoas ficaram escandalizadas com o sucedido. “A pessoa sabe ou não sabe? Se sabe passa, se não sabe repete! Felicito ao MINEDH ao ter dado ponto final a essas coisas de deixar passar pessoas sem saberem. E devemos caminhar para uma situação de não deixar passar com 9,5, 10 ou 11 valores, mas sim com a excelência”, sugeriu.
Fonte: Jornal Notícias – 23.02.2016
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