Por Luís Nhachote
Afonso Dhlakama, o líder da oposição que promete governar
à força a partir de Março as seis províncias onde o seu partido teve maioria
nas eleições de 2014, reaparaceu há dias para os dois principais órgãos de
televisão, a TVM, pública, e a STV, privada. Nessa entrevista Dhlakama defende
a tese de que a única saída para a PAZ passa pelo parlamento fazer uma adenda à
Constituição da República com vista ao enquadramento das suas pretensões de
governar. Em outras palavras, ele defende a introdução de um sistema
federativo, onde irá governar nas províncias onde se sagrou vencedor.
No meio disso, o actual Presidente de Moçambique, Filipe
Nyusi, mostra-se incapaz e preso a um colete de forças de quem o “colocou” em
frente dos destinos dos moçambicanos. Ele começa a ficar impaciente e já disse
que a “tolerância tem limites”.
Nos círculos da Renamo, as pessoas com quem falei a
opinião é de que Dhlakama já foi aconselhado a não se retirar das matas pelos
antigos companheiros de armas, depois das duas tentativas de assassinato por
parte do Exército.
É forte a convicção nas hostes da Renamo de que as ordens
de eliminar Dhlakama são oriundas das “correntes radicais” do partido no poder,
a Frelimo. Sabe-se que nos últimos dias da chancelaria de Armando Guebuza houve
tentativas de se eliminar o líder da Renamo, facto comprovado no assalto à base
de Sadjundjira. Tal facto só não aconteceu por astúcia do “velho general”, que
acabou por aparecer em Maputo pela mão da comunidade internacional para assinar
o Acordo de Cessação das Hostilidades. O ministro do Interior, Basílio
Monteiro, tem estado a dizer que não é preciso desarmar à força a Rena- força a
Rena força a Renamo e o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique
(PRM), Jorge Khalau, diz que é preciso perseguí-los por estarem ilegalmente na
posse de armas.
O boom dos recursos minerais que colocaram Moçambique na
rota do investimento está localizado nas províncias onde a Renamo teve mais
votos nas eleições e Dhlakama acredita que governando estes lugares poderá
usufruir melhor dos dividendos.
O desusado movimento de militares e de agentes secretos
para o centro do país parece ser o sintoma de que a “solução angolana” – uma
anologia à eliminação física de Jonas Savimbi da UNITA – está em vista. Com
todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Caminha-se para a “solução
angolana”?
Fonte: Correio da Manhã – 18.02.2016
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