Distrito de
Maringuè
- Os trabalhadores
foram espancados e proibidos de regressar ao local, alegadamente porque andam a
fornecer mantimentos a homens armados da Renamo
- Polícia em
Sofala, sem confirmar nem desmentir, promete falar do assunto esta
segunda-feira.
O complexo da industrial
florestal denominado Euromoz, localizado nas bermas da Estrada Nacional Número
Um (NI), no distrito de Maringuè, província de Sofala, foi assaltado,
temporariamente ocupado e os trabalhadores severamente espancados.
Ao que o mediaFAX
soube, o assalto, ocupação temporária e espancamento dos trabalhadores foi protagonizado
por elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS), mais concretamente
elementos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Maringuè é uma
zona de conflito e as matas daquele distrito albergam algumas bases da Renamo.
Nesse sentido, numa primeira fase, a ideia das FADM era imputar a
responsabilidade do assalto a homens armados da Renamo que, naquela zona, tem
estado a fazer incursões.
Entretanto, depois
de alguma coisa ter falhado no primeiro plano, as FADM justificaram o assalto
àquela indústria sob alegação de que os trabalhadores da Euromoz fornecem
mantimentos aos homens armados da Renamo. Portanto, o acampamento deveria estar
fechado para cortar o abastecimento em víveres aos homens da Renamo.
Segundo contaram os
trabalhadores daquela indústria florestal e madeireira, contactados
telefonicamente, o assalto aconteceu quando eram seis horas da última
sexta-feira.
Eles narraram que,
de repente, vários veículos militares das FADM chegaram àquele local e, sem
conversa, começaram a espancar os oito trabalhadores que se encontravam nas
instalações da Euromoz. Instantes depois, todos os oito trabalhadores foram
levados temporariamente, para parte incerta.
Depois da intervenção,
ainda pela manhã da sexta-feira, do secretário da Frelimo ao nível daquela zona
habitacional, os oito trabalhadores foram libertos pelos membros das FADM.
Mas a libertação
foi feita mediante uma condição. Que os oito trabalhadores não deviam regressar
para aquele complexo industrial, exactamente na perspectiva de não continuarem
a alimentar os supostos homens armados da Renamo.
Efectivamente,
depois de libertados, ainda trémulos de tanto medo, os trabalhadores
desapareceram do local, tendo os que tem residência nas proximidades, se
dirigido para as suas casas e outros desaparecido para “parte incerta”, depois
das ameaças feitas pelos agentes das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.
Assim, desde a
última sextafeira, o complexo da concessão Euromoz está abandonada, deixando
desprotegidas as instalações em si e os instrumentos de trabalho e produção
composta por maquinaria agrícola, gruas, tractores, atrelados, ferramentas e
ainda um depósito de combustível.
Ana Alonso,
presidente da Euromoz, preocupada com o cenário verificado no acampamento por
si dirigido, emitiu, a partir da Espanha, onde se encontra em missão de
trabalho, um comunicado. No mesmo, ela fala de uma incursão injusta das FADM,
na medida em que, segundo ela, os seus trabalhadores não são homens armados da
Renamo e nem fornecem mantimentos a supostos homens armados da Renamo.
“A Euromoz, Lda,
financiada por investidores de nacionalidade espanhola, comunica sua alta
preocupação pela ocupação de sua indústria, onde dos bens afectados pela ordem
de abandono, nos fere o sofrimento dos trabalhadores leais, honestos,
absolutamente inocentes, plenamente identificados, legalmente contratados e com
dados do INSS. Eles foram injustamente espancados por efectivos das Forças
Armadas quando se encontravam cumprindo legalmente seu dever” – refere o
comunicado assinado por Ana Alonso, presidente da Euromoz, Lda.
Seguidamente,
Alonso colocou no seu comunicado, os nomes exactos de todos os oito
trabalhadores afectados pela incursão e ordem de abandono dada pelas Forças de
Defesa e Segurança.
“António Dolís Tito
(pisteiro); Bartolomeu Fungulane (gruísta); Martinho Fungulane (logístico);
Manuel João Meque (tractorista); Francisco Vasco (pisteiro); Santos Fernando
(pisteiro); Eusebio Vasco (guarda de dia) e José Maria Campira (guarda de
noite). Todos os trabalhadores alistados são, de acordo com o comunicado, das
comunidades locais.
Depois do episódio,
a empresa diz que iniciou contactos imediatos com as autoridades locais, ao
nível da província, ao nível da embaixada espanhola e com outras entidades
ligadas ao governo central, tudo na perspectiva de se encontrar mecanismos que
garantissem a segurança dos seus trabalhadores, das instalações e da
maquinaria.
“A direcção da
EUROMOZ agradece, sinceramente, a pronta resposta das autoridades nacionais e
provinciais de Florestas e do Governo Provincial de Sofala, assim como o apoio
do administrador de Maringuè, que solicitou a rápida intervenção do comandante
distrital da PRM” – refere.
Este comandante
distrital terá conseguido posicionar, no local, uma força policial no sentido
de garantir protecção das instalações e da maquinaria.
A Euromoz fez,
segundo se sabe, um investimento de cerca de meio milhão de dólares norte
americanos. Tendo sido injustamente atacada e ocupada pelas Forças de Defesa e
Segurança, Ana Alonso defende a necessidade de o Estado activar mecanismos que
possam assegurar o ressarcimento pleno dos prejuízos que estão, até hoje, a ser
acumulados pela empresa.
Fonte: MediaFax –
22.02.2016
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