O Presidente Armando Guebuza lançou ontem duras críticas contra aqueles a quem chamou de agitadores profissionais que agindo de má-fé, e em nome da amizade para com os pobres, estão a semear um ambiente de intriga entre os moçambicanos, alegando que apenas algumas pessoas é que beneficiam dos recursos naturais e da riqueza.
O Chefe do Estado falava, na Matola, província de Maputo, na abertura do VI Congresso da Organização dos Trabalhadores de Moçambique que decorre até amanhã.
“Há países que por causa deste tipo de intriga, fofoca estão a bater-se tribo contra tribo, religião contra religião e eles estão lá a tirar os recursos. E depois vem para aqui dizer que o fosso entre os ricos e pobres está a aumentar…”, acrescentou.
Para contrariar este tipo de mensagens, Guebuza apelou a união de esforços para que se possa criar riqueza e melhorar as condições de vida. Disse que existe potencial para a criação da riqueza, mas enquanto não for explorada isso de nada valerá.
“Muita gente fala e ouvimos dizer de que a riqueza não chega a todos. É verdade. Mas o problema que se coloca é que a riqueza é construída…todo o potencial está lá, mas enquanto não fizermos nada, não trouxermos a casa, a energia, a estrada para nós, através do trabalho árduo, eles não chegarão ”, insistiu.
Indicou, a título de exemplo, que o camponês pode ter a machamba, a enxada, a fome e motivação para ter comida, mas ela não chegará por si só porque tem ser produzida. Quando é produzida, acrescentou, então aí é possível fazer-se a distribuição. No caso do pescador, tem que consentir sacrifícios, enfrentar o perigo, por vezes ciclones, para ir pescar. E só dai é que tem o produto, o peixe.
“Falamos hoje de recursos naturais em todo o lado e uns dizem que só enriquecem a alguns. Outros fazem-no por falta de informação, mas há os que fazem-no por maldade”, disse.
O Presidente recuou no tempo e no espaço relembrando que no tempo colonial e mesmo nos nove anos que se seguiram a independência, a exploração do carvão nunca superou as 500 mil toneladas. Depois veio a guerra que destruiu todo o sistema de produção e escoamento.
“ Onde havia carris começaram a nascer árvores e quando estamos a repor a linha-férrea para que o carvão possa ser extraído em maior quantidade e nesse processo há milhares de pessoas que estão a ser empregues, dizem que estão a comer poucos. Só serve para alguns, tudo isso para criar contradições entre nós. É uma arma poderosa que tem por objectivo dividir-nos. Batemo-nos entre nós e eles lá satisfeitos nos hotéis de sete estrelas. Agora diz-se que há gás, mas só alguns estão a beneficiar. Só alguns estão a comer. Este gás esteve sempre ali onde está nas profundezas. Os barcos passavam e não se sabia que havia gás ali até que, através do conhecimento e de investimento foi descoberto. Ele ainda está lá, mas há quem diga que só alguns estão a comer. Eles pretendem ver a nossa sociedade sempre desestruturada, dividida, em luta entre si”, alertou o Presidente.
Todavia, o estadista congratulou-se pelo facto de no meio disto haver trabalhadores que tudo fazem para melhorar as suas condições de vida, trabalhando e procurando sempre através do diálogo com o patronato e não só, buscar as formas que permitam aumentar a produtividade e consequentemente a renda.
Guebuza defendeu o diálogo como fonte para a solução dos problemas e para a manutenção da paz social. Neste caso, as organizações sindicais tem sabido, através do diálogo e da crítica defender os interesses reais dos moçambicanos.
O Congresso da OTM, que termina amanhã, decorre sob o lema “Pelo emprego digno, unidade e solidariedade sindical” e vai discutir, entre outros assuntos, a situação sócio-laboral, os estatutos e o plano estratégico para os próximos anos. O mesmo deve terminar com a eleição de novos corpos dirigentes.
Fonte: jornalnoticias in Rádio Mocambique - 07.12.2012
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