-"Repara que lhe não estou a pedir pão, mas sim uma resposta à minha inquietação. O senhor Presidente terá, por acaso, recebido uma comissão entre 35 e 50 milhões de dólares norte-americanos no negócio da compra da Hidroeléctrica de Cahora Bassa a Portugal?"
Por: Laurindos Macuácua | macua.blogs
Camarada Presidente, Armando Emílio Guebuza, bom dia. Tudo nos conformes? Perdoa-me a linguagem, Presidente, é que de tanto lhe escrever às vezes lhe confundo com um dos meus amigos. Sei que é tolice minha. Como posso ser amigo de uma pessoa tão ilustre como o senhor? Esqueça, Presidente: pobre é assim mesmo. Confunde tudo, mas não o que lhe põe a cabeça às voltas.
Há uma coisa essencial que me põe a cabeça às voltas cujo senhor Presidente ainda não me respondeu. Talvez o faça desta vez.
Era bom que o fizesse antes de terminar este ano. Não acha que temos de entrar para o novo ano limpos, purificados? Recordo-me que já lhe fiz esta pergunta e, da sua parte Presidente, não obtive nenhuma resposta.
Volto a questionar. E farei o mesmo quantas vezes forem necessárias. Repara que lhe não estou a pedir pão, mas sim uma resposta à minha inquietação. O senhor Presidente terá, por acaso, recebido uma comissão entre 35 e 50 milhões de dólares norte-americanos no negócio da compra da Hidroeléctrica de Cahora Bassa a Portugal? O senhor Presidente é referido como estando envolvido em todos os acordos de mega-projectos de milhões de dólares. Voltando a Hidroeléctrica de Cahora Bassa, soube eu que no total se pagou 950 milhões de dólares e que parte deste dinheiro, isto é, 700 milhões, foram pagos por um consórcio privado de bancos e que quem organizou tudo foi um procurador do senhor Presidente, para permitir que a dita comissão lhe caísse às mãos sem questionamentos.
A pergunta é: a reversão da HCB era um negócio privado ou do Estado moçambicano? É verdade que a HCB é nossa?
Não vou e nem quero tirar conclusões precipitadas. Mas a verdade é: se o senhor Presidente fez isso, eu, o povo, nunca lhe vou perdoar. Isto porque há-de parecer que toda a sua política, tudo o que anda a dizer nas suas presidências abertas não tem sentido. É brincar com a paciência e a boa vontade do povo. É manipular quem não sabe ler e nem escrever, mas tem uma sabedoria infinita que lhe permite separar o trigo do joio.
Não me vou alongar hoje. Termino por aqui. Por favor, se possível antes do fim de ano, peço-lhe uma resposta às minhas inquietações.
Bom fim-de-semana.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS in Magazine CRV (facebook) – 14.12.2012
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