segunda-feira, dezembro 11, 2006

Estradas de Nampula

Já vem sendo hábito dizer-se ou anunciar-se publicamente que este ano, Moçambique ou a província tal dispõe de tantos biliões de meticais para financiar obras de reabilitação e manutenção de estradas, no quadro dos esforços que estão sendo feitos para a melhoria da transitabilidade rodoviária no país.
É um hábito que, na maioria dos casos, contraria aquilo que é a realidade concreta vivida no terreno no que concerne à melhoria das condições de transitabilidade das estradas resultante da aplicação desses fundos, em função do que se tem assistido e ouvido.
A província de Nampula não foge a regra. E é claro que nos desgosta sabermos que as principais vias de acesso aos distritos potencialmente agrícolas, nomeadamente Malema, Ribáuè, Mecubúri, Lalaua, Eráti entre outros, onde estão a ser igualmente implementados alguns empreendimentos de desenvolvimento económico, as condições de transitabilidade continuam difíceis.
Se bem que não temos a memória "apagada" e lembramos sem hesitações que não somos um país rico, pelo que temos que saber optar em cada momento por aquilo que é mais necessário e prioritário, no processo de combate à pobreza, neste caso, são também boas estradas que facilitam a circulação de pessoas e bens. É que, parece haver neste momento, quem ainda não percebeu que transformar o distrito como pólo de desenvolvimento pode não ter efeitos desejados enquanto as estradas que dão acesso a ele continuarem em estado acentuado de degradação e a qualidade das obras de reabilitação e manutenção que são feitas deixar muito a desejar, ao contrário do rigor dos "velhos tempos", como acontece na província de Nampula.
Fiquemos cientes e convictos que assim não se estará a criar, pois, melhores condições para que o nosso país seja o que se pretende, a partir do distrito, definido como pólo de desenvolvimento. A recuperação de estradas, sobretudo rurais, deve ser também uma das referências importantes e meritórias desta definição.
A actual situação de degradação acentuada de algumas das importantes estradas de Nampula terá levado à Primeira-Ministra, Luísa Diogo, que há dias visitou aquela província, a apelar ao Governo local no sentido de acelerar os trabalhos em curso de reabilitação dessas vias, sobretudo aquelas que ligam as zonas urbanas às regiões de produção agrícola, com vista a facilitar o escoamento dos produtos dos camponeses para os mercados de comercialização.
Nampula dispõe de fundos para custear as obras de reparação e manutenção de estradas degradadas. Com efeito, já foram lançados os respectivos concursos e apuradas as empresas que vão executar as empreitadas.
Mas, parece haver razões para reparos, quando se sabe que grande parte das empresas vencedoras dos concursos de reabilitação e manutenção de estradas da província de Nampula, não reúne capacidade, em termos de equipamento, para realizar pelo menos duas empreitadas em simultâneo e a retirada das obras a favor de outros empreiteiros pode implicar mais atrasos na sua conclusão, numa altura em que aproxima a época chuvosa.
Aliás, estas alegações não terão convencido a primeira-ministra que insistiu que o Governo local tem responsabilidades para, efectivamente garantir que as estradas sejam reparadas antes do início da época chuvosa, para permitir a movimentação de pessoas e bens neste período.
Pode indiciar que nada ou pouco se faz, em termos de promoção do desenvolvimento do turismo na província de Nampula enquanto a estrada que dá acesso à principal zona turística da região (Chocas-Mar), no distrito costeiro de Mussoril, continuar a não apresentar boas condições de transitabilidade.
Todavia, comungo dos mesmos pensamentos ou opiniões dos de bom senso, que acham que a fiscalização das obras de reabilitação e manutenção de estradas neste país em particular na província de Nampula tem merecido pouca atenção por parte de quem de direito, daí que a qualidade seja a que temos, salvo algumas excepções.
Que haja seriedade na reabilitação e manutenção de estradas na província de Nampula por forma a incentivar o desenvolvimento socioeconómico que se pretende atingir no tocante à pobreza absoluta.
Mouzinho de Albuquerque

Notícias (2006-11-16)

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