“Força da mudança” vence “Futuro melhor”!
Maputo (Canal de Moçambique) – Com o fim do 9º Congresso do Partido Frelimo, terminado na madrugada da última quarta-feira, na cidade de Quelimane, província da Zambézia – o “estômago do inimigo” como é catalogada aquela zona do país, na edição número 01 do semanário «Naschiqwea» de Raimundo Pachinuapa – Armando Guebuza, aparentemente terá logrado os seus intentos, no que diz respeito à direcção única e indivisível, que ele e outros veteranos da organização, querem que o partido tome.
Há muito que se fala nos bastidores e corredores daquele partido com sede na rua Pereira do Lago, dos antagonismos entre aquilo que se teorizou de alas “Chissaniana” e “Guebuziana”.
A ala “Chissaniana” é descrita como a de alianças a várias níveis e a “Guebuziana” com pró “black-empowerment”.
Aliás, sintomático disso é o facto da mudança de slogans eleitorais. Com JC o slogan da era “Frelimo o futuro melhor”. Com Guebuza é “Frelimo a força da mudança”.
As vezes, quando se olha para a Frelimo de hoje, fica-se com a sensação, de que a eleição de Guebuza, não foi de continuidade, mas sim, de vitória da oposição interna de uma ala sobre a outra.
Neste Congresso a ala “Guebuziaba” venceu, ante o curvar da ala “Chissaniana”, que viu o seu líder ser consagrado presidente “Honorário” da organização, hoje envolvido em “voos” internacionais, quer pela sua fundação, quer por missões das Nações Unidas.
Armando Guebuza entrou para este Congresso, com o mérito de durante o tempo em que foi Secretário-Geral ter revitalizado as hibernadas bases do partido, bem como a chancela do dossier da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.
Joaquim Chissano que contava se despedir como presidente da organização neste congresso, parte tranquilo para outras missões, deixando recado que a Frelimo continua sólida e, aparentemente, deixando aberto o campo de acção da era da ideologia “Guebuziana”.
A Frelimo do novo dogma: “Combate a pobreza absoluta”.
Será que se fumou, mesmo, o “cachimbo da paz” nos conclaves à porta fechada?
Partido e Estado: a confusão continua
Armando Guebuza começa a solidificar o seu discurso de estadista, mas, em missões partidárias, continua, à semelhança de Joaquim Chissano, a confundir o partido e o Estado. É o quero, posso e mando.
A Frelimo como força dirigente da nação, não está a conseguir perceber, mesmo na primeira década do século 21, que ela não é o Estado, mas apenas a organização que está em frente do Estado.
Para quem esteve em Quelimane, e com olhos de ver, muito rapidamente se terá apercebido desta “confusão” que, aparentemente, se pretende eterna. Viaturas e outros serviços do Estado estavam ao serviço dessa organização. Que o diga a companhia aérea da bandeira nacional, que praticamente só voou para o Congresso. Também, entre os convidados ao congresso estava o Presidente do Conselho de Administração das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). Seu nome: José Viegas.
Da pretensão da purificação de fileiras
Pela primeira vez no seu historial, a direcção da Frelimo encarnada no “espírito Guebuziano”, exigiu aos candidatos a membros do Comité Central a exibição dos respectivos registos criminais. Legítimo. Para uma organização que já teve o cadastrado mais famoso deste país a escrever missivas, clamando ser ouvido por Manuel Tomé, então SG, alegando ser membro do Partido e com muitos “segredos” sobre o assassinato de Carlos Cardoso…
Desta vez, e por força dos estatutos a Frelimo pretende saber quem é quem na organização. É preciso saber quem são os “Anibalzinhos”!...
As palavras de Sérgio Viera, no dia da abertura dos debates do Congresso são disso esclarecedoras: “Para alguns sectores de opinião dizer-se partido dos Camaradas, quer significar organização de gatunos”.
A “macua” Helena Taipo que pretendeu no seu discurso elevar o sentido lato de purificação de fileiras do “partidão”, ao acusar alguns “camaradas” de estarem envolvidos, no cada vez mais confuso dossier dos «Madgermanes» acabou pagando caro a sua ousadia.
A sua candidatura para membro do Comité Central foi chumbada por irregularidades. Entre as suas palavras e a prática havia um grande intervalo.
A 1 de Dezembro do ano corrente, deverão entrar em vigor os estatutos da Frelimo, com algumas alterações de vulto. Por exemplo passará a ser obrigatório aos membros militarem numa célula, combaterem a corrupção. Por outro lado sentenceia-se que todas as decisões tomadas tenham que ser de cumprimento obrigatório.
Naipe de convidados
Em Quelimane assistiu-se a uma verdadeira constelação de estrelas convidadas para assistirem ao congresso. Contar todos, se afigurou difícil para o «Canal de Moçambique». Mas vamos descriminar aqueles que conseguimos descortinar:
Presidentes dos Conselhos de Administração (PCAS`s);
Manuel Cuambe, PCA da «Electricidade De Moçambique», José Viegas, PCA da «Linhas aéreas de Moçambique», Joaquim de Carvalho, PCA das «Telecomunicações de Moçambique» (TDM), Manuel Veterano, PCA da «Rádio Moçambique», Simão Anguilaze, PCA da «Televisão de Moçambique», …
Reitores
Brazão Mazula, reitor da «Universidade Eduardo Mondlane», Carlos Machili, reitor da «Universidade Pedagógica» que concorreu para o Comité Central do partido, todavia acabou chumbado, Lourenço do Rosário, reitor do «Instituto Superior Politécnico e Univesitário», Jamisse Taimo, reitor do «Instituto Superior de Relações Internacionais».
Empresários
Salim Abdula presidente da «Confederações das Associações Económicas» (CTA) – também candidato derrotado ao CC – Mohamed Bashir Suleimane (MBS). Desta vez não houve leilões mas MBS, bom comerciante que é, não perdeu oportunidade de fazer negócios no recinto do congresso.
Comunicação social
Rogério Sitóe, Director do Jornal «Noticias», Gustavo Mavie, Director da «Agência de Informação de Moçambique» (AIM). Felizberto Tinga, director do «Gabinete de Informação» (Gabinfo).
Embaixadores
Miguel Nkaima, embaixador de Moçambique em Portugal, António Gumende, embaixador de Moçambique no Reino Unido, Vicente Veloso, embaixador de Moçambique no Zimbabwe, António Matonsse, embaixador de Moçambique em Angola.
Das eleições aos desaires festejados
As eleições internas para a eleição dos órgãos internos da Frelimo foram dos momentos mais altos em Quelimane, o tal “estômago do inimigo”. A antecederem-nas os lobbies foram a marca dominante. Chegar ou manter-se no Comité Central é meio caminho andado....uns ficaram, mantiveram-se e outros caíram ou não chegaram.
Engana-se quem pensa que tudo foi festa sem choros. Prados foram uma das marcas deste congresso. Gente inconsolável e a desabar em prantos. Enquanto isso, entre os bastidores outros celebravam. O «Canal de Moçambique» viu alguns delegados a festejarem as “quedas” de Hama Thai, Maurício Viera, Edgar Cossa, Helena Taipo e Ana Rita Sithole. A pouca explicação que encontramos, para uns camaradas rejubilarem com o desaire de outros seu homólogos, foi de que “estes são do “deixa andar” e pouco humildes”. Foi assim que a Frelimo da “Força da Mudança” venceu a Frelimo do “Futuro Melhor”, em Quelimane.
(Luís Nhachote) – CANAL DE MOÇAMBIQUE – 20.11.2006
Maputo (Canal de Moçambique) – Com o fim do 9º Congresso do Partido Frelimo, terminado na madrugada da última quarta-feira, na cidade de Quelimane, província da Zambézia – o “estômago do inimigo” como é catalogada aquela zona do país, na edição número 01 do semanário «Naschiqwea» de Raimundo Pachinuapa – Armando Guebuza, aparentemente terá logrado os seus intentos, no que diz respeito à direcção única e indivisível, que ele e outros veteranos da organização, querem que o partido tome.
Há muito que se fala nos bastidores e corredores daquele partido com sede na rua Pereira do Lago, dos antagonismos entre aquilo que se teorizou de alas “Chissaniana” e “Guebuziana”.
A ala “Chissaniana” é descrita como a de alianças a várias níveis e a “Guebuziana” com pró “black-empowerment”.
Aliás, sintomático disso é o facto da mudança de slogans eleitorais. Com JC o slogan da era “Frelimo o futuro melhor”. Com Guebuza é “Frelimo a força da mudança”.
As vezes, quando se olha para a Frelimo de hoje, fica-se com a sensação, de que a eleição de Guebuza, não foi de continuidade, mas sim, de vitória da oposição interna de uma ala sobre a outra.
Neste Congresso a ala “Guebuziaba” venceu, ante o curvar da ala “Chissaniana”, que viu o seu líder ser consagrado presidente “Honorário” da organização, hoje envolvido em “voos” internacionais, quer pela sua fundação, quer por missões das Nações Unidas.
Armando Guebuza entrou para este Congresso, com o mérito de durante o tempo em que foi Secretário-Geral ter revitalizado as hibernadas bases do partido, bem como a chancela do dossier da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.
Joaquim Chissano que contava se despedir como presidente da organização neste congresso, parte tranquilo para outras missões, deixando recado que a Frelimo continua sólida e, aparentemente, deixando aberto o campo de acção da era da ideologia “Guebuziana”.
A Frelimo do novo dogma: “Combate a pobreza absoluta”.
Será que se fumou, mesmo, o “cachimbo da paz” nos conclaves à porta fechada?
Partido e Estado: a confusão continua
Armando Guebuza começa a solidificar o seu discurso de estadista, mas, em missões partidárias, continua, à semelhança de Joaquim Chissano, a confundir o partido e o Estado. É o quero, posso e mando.
A Frelimo como força dirigente da nação, não está a conseguir perceber, mesmo na primeira década do século 21, que ela não é o Estado, mas apenas a organização que está em frente do Estado.
Para quem esteve em Quelimane, e com olhos de ver, muito rapidamente se terá apercebido desta “confusão” que, aparentemente, se pretende eterna. Viaturas e outros serviços do Estado estavam ao serviço dessa organização. Que o diga a companhia aérea da bandeira nacional, que praticamente só voou para o Congresso. Também, entre os convidados ao congresso estava o Presidente do Conselho de Administração das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). Seu nome: José Viegas.
Da pretensão da purificação de fileiras
Pela primeira vez no seu historial, a direcção da Frelimo encarnada no “espírito Guebuziano”, exigiu aos candidatos a membros do Comité Central a exibição dos respectivos registos criminais. Legítimo. Para uma organização que já teve o cadastrado mais famoso deste país a escrever missivas, clamando ser ouvido por Manuel Tomé, então SG, alegando ser membro do Partido e com muitos “segredos” sobre o assassinato de Carlos Cardoso…
Desta vez, e por força dos estatutos a Frelimo pretende saber quem é quem na organização. É preciso saber quem são os “Anibalzinhos”!...
As palavras de Sérgio Viera, no dia da abertura dos debates do Congresso são disso esclarecedoras: “Para alguns sectores de opinião dizer-se partido dos Camaradas, quer significar organização de gatunos”.
A “macua” Helena Taipo que pretendeu no seu discurso elevar o sentido lato de purificação de fileiras do “partidão”, ao acusar alguns “camaradas” de estarem envolvidos, no cada vez mais confuso dossier dos «Madgermanes» acabou pagando caro a sua ousadia.
A sua candidatura para membro do Comité Central foi chumbada por irregularidades. Entre as suas palavras e a prática havia um grande intervalo.
A 1 de Dezembro do ano corrente, deverão entrar em vigor os estatutos da Frelimo, com algumas alterações de vulto. Por exemplo passará a ser obrigatório aos membros militarem numa célula, combaterem a corrupção. Por outro lado sentenceia-se que todas as decisões tomadas tenham que ser de cumprimento obrigatório.
Naipe de convidados
Em Quelimane assistiu-se a uma verdadeira constelação de estrelas convidadas para assistirem ao congresso. Contar todos, se afigurou difícil para o «Canal de Moçambique». Mas vamos descriminar aqueles que conseguimos descortinar:
Presidentes dos Conselhos de Administração (PCAS`s);
Manuel Cuambe, PCA da «Electricidade De Moçambique», José Viegas, PCA da «Linhas aéreas de Moçambique», Joaquim de Carvalho, PCA das «Telecomunicações de Moçambique» (TDM), Manuel Veterano, PCA da «Rádio Moçambique», Simão Anguilaze, PCA da «Televisão de Moçambique», …
Reitores
Brazão Mazula, reitor da «Universidade Eduardo Mondlane», Carlos Machili, reitor da «Universidade Pedagógica» que concorreu para o Comité Central do partido, todavia acabou chumbado, Lourenço do Rosário, reitor do «Instituto Superior Politécnico e Univesitário», Jamisse Taimo, reitor do «Instituto Superior de Relações Internacionais».
Empresários
Salim Abdula presidente da «Confederações das Associações Económicas» (CTA) – também candidato derrotado ao CC – Mohamed Bashir Suleimane (MBS). Desta vez não houve leilões mas MBS, bom comerciante que é, não perdeu oportunidade de fazer negócios no recinto do congresso.
Comunicação social
Rogério Sitóe, Director do Jornal «Noticias», Gustavo Mavie, Director da «Agência de Informação de Moçambique» (AIM). Felizberto Tinga, director do «Gabinete de Informação» (Gabinfo).
Embaixadores
Miguel Nkaima, embaixador de Moçambique em Portugal, António Gumende, embaixador de Moçambique no Reino Unido, Vicente Veloso, embaixador de Moçambique no Zimbabwe, António Matonsse, embaixador de Moçambique em Angola.
Das eleições aos desaires festejados
As eleições internas para a eleição dos órgãos internos da Frelimo foram dos momentos mais altos em Quelimane, o tal “estômago do inimigo”. A antecederem-nas os lobbies foram a marca dominante. Chegar ou manter-se no Comité Central é meio caminho andado....uns ficaram, mantiveram-se e outros caíram ou não chegaram.
Engana-se quem pensa que tudo foi festa sem choros. Prados foram uma das marcas deste congresso. Gente inconsolável e a desabar em prantos. Enquanto isso, entre os bastidores outros celebravam. O «Canal de Moçambique» viu alguns delegados a festejarem as “quedas” de Hama Thai, Maurício Viera, Edgar Cossa, Helena Taipo e Ana Rita Sithole. A pouca explicação que encontramos, para uns camaradas rejubilarem com o desaire de outros seu homólogos, foi de que “estes são do “deixa andar” e pouco humildes”. Foi assim que a Frelimo da “Força da Mudança” venceu a Frelimo do “Futuro Melhor”, em Quelimane.
(Luís Nhachote) – CANAL DE MOÇAMBIQUE – 20.11.2006
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