Por Pedro Nacuo
O DOM Ernesto Maguengue deixou para o consumo público uma grande lição virada para a remoralização da nossa sociedade, com um ataque veemente contra a coisificação da pessoa humana que passa pela actual falta de vergonha, medo, respeito e outras formas que fazem de nós nos últimos tempos quaisquer bichos perante os outros seres igualmente humanos.
O momento escolhido pelo bispo de Pemba foi a graduação dos primeiros bacharéis formados pela Faculdade de Gestão do Turismo e Informática da Universidade Católica de Moçambique, a funcionar em Pemba.
O bispo disse que um homem, por muitas altos conhecimentos que tenha, se não sabe o que deve e não fazer, se não sabe distinguir o bem do mal torna-se no fim de contas, muito mais perigoso que se pode tentar a afirmar que valia mais que não fosse formado.
A corrupção, tal como foi apresentada pelo bispo de Pemba, torna-se mais concreta do que quando os corredores diplomáticos, governamentais, políticos e outros falam.
Na verdade, para o bispo basta que alguém ache que está a ganhar muito rapidamente em pouco tempo, utilizando para isso todas as artimanhas, incluindo o despojo de bens de outrem, deve saber que está justamente a ser inútil à sociedade, está a roubar ao povo.
O povo, "ouvido" pelo bispo pergunta-se da razão porque aqueles que menos trabalham ganham muito e sem vergonha roubam o pouco que ainda restaria para que menos malária ganhasse campo, menos doenças de transmissão sexual atacassem a muitas da suas vítimas, desembocando, em muitos casos na contaminação do HIV/SIDA. O povo poderia ter mais poços, mais escolas, postos de Saúde...
Nesta pergunta simples encontra-se uma resposta que aponta para a corrupção como a razão do nosso atraso, não tanto como resultado do que quer que seja. A pobreza aparece como consequência da riqueza de quem menos trabalha e muito ganha e, mesmo assim, ainda rouba ao povo.
O colonialismo como a razão do nosso atraso, a sabotagem que se seguiu a proclamação da independência nacional, os ataques a que o país foi vítima pelo Exército da ex-Rodésia do Sul e da guerra dos 16 anos, etc não encontra acolhimento nas explicações que se queiram dar para esclarecer ao povo o do porquê ainda continua pobre.
As fórmulas que se pretendem encontrar levem o nome que levarem, incluindo a jatropha, não vão resultar enquanto a pergunta do povo que foi "ouvido" pelo bispo de Pemba não tiver a resposta adequada, que passa pelo reconhecimento de que estamos a ser injustos connosco próprios quando há quem aufere salário de um mês que daria para reabilitar uma rede inteira de estradas vaticinais de um posto administrativo inteiro.
E o que faz essa pessoa? A profissão é sentar, umas vezes falar mas muitas vezes insultar o povo. As benesses injusta e superfluamente distribuídas a um certo grupo de pessoas, são justamente a solução do problema do fim da pobreza, havendo quem se interesse em tal fazer. As garagens com quatro a seis viaturas apenas para servir a mesma pessoa fica a solução do problema da pobreza daqueles que nem sequer bicicleta têm.
As desigualdades
As desigualdades estão cada vez mais a crescer. Cada novo político mais um corrupto, cada novo formado mais um problema a caminho do engrandecimento da corrupção e cada novo chefe nova turma de subordinados, organizados de maneira a roubar, cada vez melhor o povo.
É isso que quis dizer o bispo de Pemba aos jovens que acabavam de receber os seus diplomas e certificados de habilitações. É isso que o povo não gostaria que os novos doutores façam, em cópia aos que fizeram e fazem os que já o são. Começar a viver justamente na sociedade, parece ser a mensagem principal deixada pelo bispo.
A mensagem apela para rebuscarmos a vergonha, o respeito, o valor da pessoa humana, o fim da sua coisificação dado que, infelizmente, só o homem é capaz de se desumanizar e em nenhum momento parece que se "desanimalizem" os outros seres. Ficamos a perder a favor dos outros animais.
Notícias (16-12-2006)
O DOM Ernesto Maguengue deixou para o consumo público uma grande lição virada para a remoralização da nossa sociedade, com um ataque veemente contra a coisificação da pessoa humana que passa pela actual falta de vergonha, medo, respeito e outras formas que fazem de nós nos últimos tempos quaisquer bichos perante os outros seres igualmente humanos.
O momento escolhido pelo bispo de Pemba foi a graduação dos primeiros bacharéis formados pela Faculdade de Gestão do Turismo e Informática da Universidade Católica de Moçambique, a funcionar em Pemba.
O bispo disse que um homem, por muitas altos conhecimentos que tenha, se não sabe o que deve e não fazer, se não sabe distinguir o bem do mal torna-se no fim de contas, muito mais perigoso que se pode tentar a afirmar que valia mais que não fosse formado.
A corrupção, tal como foi apresentada pelo bispo de Pemba, torna-se mais concreta do que quando os corredores diplomáticos, governamentais, políticos e outros falam.
Na verdade, para o bispo basta que alguém ache que está a ganhar muito rapidamente em pouco tempo, utilizando para isso todas as artimanhas, incluindo o despojo de bens de outrem, deve saber que está justamente a ser inútil à sociedade, está a roubar ao povo.
O povo, "ouvido" pelo bispo pergunta-se da razão porque aqueles que menos trabalham ganham muito e sem vergonha roubam o pouco que ainda restaria para que menos malária ganhasse campo, menos doenças de transmissão sexual atacassem a muitas da suas vítimas, desembocando, em muitos casos na contaminação do HIV/SIDA. O povo poderia ter mais poços, mais escolas, postos de Saúde...
Nesta pergunta simples encontra-se uma resposta que aponta para a corrupção como a razão do nosso atraso, não tanto como resultado do que quer que seja. A pobreza aparece como consequência da riqueza de quem menos trabalha e muito ganha e, mesmo assim, ainda rouba ao povo.
O colonialismo como a razão do nosso atraso, a sabotagem que se seguiu a proclamação da independência nacional, os ataques a que o país foi vítima pelo Exército da ex-Rodésia do Sul e da guerra dos 16 anos, etc não encontra acolhimento nas explicações que se queiram dar para esclarecer ao povo o do porquê ainda continua pobre.
As fórmulas que se pretendem encontrar levem o nome que levarem, incluindo a jatropha, não vão resultar enquanto a pergunta do povo que foi "ouvido" pelo bispo de Pemba não tiver a resposta adequada, que passa pelo reconhecimento de que estamos a ser injustos connosco próprios quando há quem aufere salário de um mês que daria para reabilitar uma rede inteira de estradas vaticinais de um posto administrativo inteiro.
E o que faz essa pessoa? A profissão é sentar, umas vezes falar mas muitas vezes insultar o povo. As benesses injusta e superfluamente distribuídas a um certo grupo de pessoas, são justamente a solução do problema do fim da pobreza, havendo quem se interesse em tal fazer. As garagens com quatro a seis viaturas apenas para servir a mesma pessoa fica a solução do problema da pobreza daqueles que nem sequer bicicleta têm.
As desigualdades
As desigualdades estão cada vez mais a crescer. Cada novo político mais um corrupto, cada novo formado mais um problema a caminho do engrandecimento da corrupção e cada novo chefe nova turma de subordinados, organizados de maneira a roubar, cada vez melhor o povo.
É isso que quis dizer o bispo de Pemba aos jovens que acabavam de receber os seus diplomas e certificados de habilitações. É isso que o povo não gostaria que os novos doutores façam, em cópia aos que fizeram e fazem os que já o são. Começar a viver justamente na sociedade, parece ser a mensagem principal deixada pelo bispo.
A mensagem apela para rebuscarmos a vergonha, o respeito, o valor da pessoa humana, o fim da sua coisificação dado que, infelizmente, só o homem é capaz de se desumanizar e em nenhum momento parece que se "desanimalizem" os outros seres. Ficamos a perder a favor dos outros animais.
Notícias (16-12-2006)
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