Uma homenagem para o jornalista Jornalista Fernando Bismarque
Por Ana Cossa
Ser Jornalista é saber persuadir, seduzir. É hipnotizar informando e
informar hipnotizando. É não ter medo de nada nem de ninguém. É aventurar-se no
desconhecido, sem saber direito que caminho irá te levar. É desafiar o destino,
zombar dos paradigmas e questionar os dogmas. É confiar desconfiando, é ter um
pé sempre atrás e a pulga atrás da orelha. É abrir caminho sem pedir permissão,
é desbravar mares nunca antes navegado. É nunca esmorecer diante do primeiro
não. Nem do segundo, nem do terceiro... nem de nenhum. É saber a hora certa de
abrir a boca, e também a hora de ficar calado. É ter o dom da palavra e o dom
do silêncio. É procurar onde ninguém pensou, é pensar no que ninguém procurou.
É transformar uma simples caneta em uma arma letal. Ser jornalista não é
desconhecer o perigo; é fazer dele um componente a mais para alcançar o
objectivo. É estar no Quarto Poder, sabendo que ele pode ser mais importante do
que todos os outros três juntos.
Ser jornalista é enfrentar Reis, papas, Presidentes, Líderes, guerrilheiros,
terroristas, e até outros jornalistas. É não baixar a cabeça para cara feia,
dedo em riste, ameaça de morte. Aliás, ignorar o perigo de morte é a primeira
coisa que um jornalista tem que fazer. É um risco iminente, que pode surgir em
infinitas situações. É o despertar do ódio e da compaixão. É incendiar uma
sociedade inteira, um planeta inteiro. Jornalismo é profissão perigo. É coisa
de doido, de maluco beleza. É olhar para a linha ténue entre o bom senso e a
loucura e ultrapassar os limites sorrindo, sem pestanejar. É saber que entre um
furo e outro de reportagem haverá muitas coisas no caminho. Quanto mais chato
melhor o jornalista.
Ser jornalista é ser meio metido a besta mesmo. É ignorar solenemente todo
e qualquer escrúpulo. É desnudar-se de pudores. Ética? Sempre, desde que não
atrapalhe. A única coisa realmente importante é manter a dignidade. É ser
petulante, é ser agressivo. É fazer das tripas coração para conseguir uma
mísera declaraçãozinha. É apurar, pesquisar, confrontar, cruzar dados. É
perseguir as respostas implacavelmente. É lidar com pressão, pressão de todos
os lados. É saber que o inimigo de hoje pode ser o aliado de amanhã. E a
recíproca é verdadeira. É deixar sentimentos de lado, botar o cérebro na frente
do coração. É ser frio, calculista e de preferência kamikaze. É matar um leão
por dia, e ainda sair ileso. É ter o sexto sentido mais apurado do que os
outros, e saber que é ele quem vai te tirar das enrascadas. Ou te colocar
nelas.
Ser jornalista é ser meio actor, meio médico, meio advogado, meio atleta,
meio tudo. É até meio jornaleiro, às vezes. Mas, acima de tudo, é orgulhar-se
da profissão e saber que, de uma forma ou de outra, todo mundo também gostaria
de ser um pouquinho jornalista.
PARABÉNS PARA OS VERDADEIROS JORNALISTAS!!!
In mural de Cossa Ana – 17.07.2014
Sem comentários:
Enviar um comentário