A frequência a Casa de Cultua e a participação nas manifestações culturais estão a ser condicionada à apresentação de cartão de membro do partido Frelimo, na cidade da Ilha de Moçambique, em Nampula. A título de exemplo, dois jovens que abraçaram a música naquele ponto do país e que fizeram parte da campanha eleitoral a favor do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), no sufrágio autárquico do ano passado, estão impossibilitados de desenvolver o seu talento, por falta de espaço apropriado, para além de serem vítimas de constantes ameaças por parte das autoridades locais.
Dullas Bonde e John Veloso, de 21 e 22 anos de idade, respectivamente, confirmam ter participado na campanha eleitoral a favor do MDM e do seu candidato, Satar Abdul Rahimo Abdul, durante as eleições autárquicas de 2013. Os jovens tinham por missão produzir músicas com conteúdos propagandísticos com o propósito de promover a imagem daquela formação política.
Os jovens contam que, antes do seu banimento, a Casa de Cultura era o seu local de ensaio, enquanto membros da Frelimo, partido que eles afirmam ter promovido há mais de dois anos. Os músicos confirmaram que estão a ser obrigados a filiar-se, novamente, ao partido Frelimo, para voltarem a actuar nos eventos culturais da cidade. “Estou a ser forçado a juntar-me à Frelimo, pelo secretário distrital da Juventude, como forma de garantir a minha participação nas mainfestações culturais”, afirmou Dullas Bond.
Por seu turno, John Veloso, que deveria representar a cidade da Ilha de Moçambique na fase provincial do VIII Festival da Cultura depois de ter conquistado o primeiro lugar, viu o seu nome retirado da lista e, no seu lugar, foi indicado um outro músico, por sinal membro da Frelimo e funcionário do Conselho Municipal.
Reagindo ao assunto, o edil da Ilha de Moçambique, Saide Abdurremane Amur Gimba, negou qualquer tentativa de descriminação dos músicos locais por causa da sua filiação política. Gimba afirmou que o jovem Dullas teria mostrado incapacidade durante uma exibição musical, facto que teria obrigado a edilidade a sugerir a sua retirada do palco.
Situação idêntica ocorreu na vila de Mossuril, envolvendo John Veloso, que foi retirado do palco em plena actuação. “Não me lembro de ter ligado para a administradora de Mossuril, solicitando a retirada de um músico do palco. O meu dever é manter o património cultural em activo aqui na Ilha”, disse o edil, tendo acrescentado que Veloso teria apresentado documentos falsos, durante a fase distrital do VIII Festival da Cultura.
Fonte: @Verdade – 16.07.2014
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