A detenção de António Muchanga, porta-voz da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, no dia 07 de Julho, tem um cunho político e não judicial, disse hoje à Lusa em Maputo a advogada do político, Alice Mabota.
Muchanga foi detido após o Conselho de Estado lhe retirar a imunidade de que beneficiava enquanto conselheiro, a pedido da Procuradoria-Geral da República, por indícios de incitação à violência, na qualidade de porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
"Aquela detenção é política e não judicial, porque os elementos usados para a sua detenção foram extraídos de comunicados políticos que ele leu", disse Alice Mabota, que não se alongou em questões processuais, alegando o segredo de justiça.
Mabota afirmou que o porta-voz da Renamo está bem de saúde e goza dos seus direitos de prisioneiro, na cadeia de máxima segurança de Maputo, vulgo BO, onde está encarcerado.
"O único direito de que está privado é a liberdade", frisou a advogada, que é também presidente da Liga dos Direitos Humanos (LDH).
Nos seus pronunciamentos como porta-voz da Renamo, António Muchanga afirmou que o movimento iria reactivar as bases que usou em todo o país, durante a guerra civil de 16 anos, terminada em 1992, como forma de responder a um alegado plano do exército de matar o líder do partido, Afonso Dhlakama, que está num lugar incerto algures no centro do país, desde Outubro passado, quando o seu acampamento foi tomado pelas Forças de Defesa e Segurança.
António Muchanga comunicou igualmente o levantamento de um cessar-fogo que a Renamo havia decretado unilateralmente, além de, regularmente, ter anunciado números de alegadas baixas sofridas pelo exército em confrontos com os homens armados da Renamo.
As Forças de Defesa e Segurança moçambicanas têm-se envolvido em confrontos com o braço armado da Renamo, na sequência da crise política e militar que se vive no país, desde finais de 2012.
Os confrontos causados pela crise, inicialmente provocada por divergências em torno da lei eleitoral, já ultrapassadas, e depois devido a desentendimentos em torno do desarmamento da Renamo, já mataram um número indeterminado de pessoas e causaram a destruição de veículos em trânsito na principal estrada do país.
Fonte: LUSA – 31.07.2014
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