Por Egídio Vaz
Daqui a dois meses a lista dos 40 comentadores/propaganda, vulgo G40 fará um ano. Mas antes gostaria de claramente dar ao César o que é de César. O termo G40 é da autoria de Matias De Jesus Júnior, também autor da figura do GUEUS. Surge da sua tentativa de compreender o grupo que na altura acabava de se formar. Para tal, contou com a efusiva colaboração de José Belmiro, seu mentor intelectual.
Importa também lembrar que foi em Setembro de 2013 que pela primeira vez a lista apareceu no Jornal Savana, dias depois de uma reunião ter lugar com objectivo de "desenhar estratégias" de mobilização pública a favor de uma determinada agenda que depois o leitor irá sozinho concluir.
De lá a esta parte "muito trabalho" foi feito por este grupo, todo versado na inviabilização de ideias alternativas, da pluralidade do pensamento, do debate democrático. Tentarei aqui esboçar três principais momentos que marcaram o trabalho do G40 nos últimos dez meses.
O primeiro foi quando tentaram atribuir toda obra positiva dos últimos dez anos à uma única pessoa, Armando Guebuza. Para eles e sua propaganda, tudo de BOM quanto se tenha feito nos últimos dez anos foi obra de Armando Guebuza. Para tal, criaram programas de Rádio, Televisão e Jornais com nomes sugestivos: Balanço de Governação de Armando Guebuza. Portanto, para eles, nesta governação não houve ministros que pensaram e fizeram, nem governadores, nem Partido Frelimo. Só houve Guebuza! Todos ministros, governadores, administradores e funcionários do partido Frelimo foram, de súbito, transformados em meros porta-vozes das boas obras de Guebuza; meros seguidores de ideias infalíveis e visionárias do filho mais querido da nação, Armando Emílio Guebuza.
Formaram-se painéis de debate sem contraditório; programas radiofónicos sem direito a linha telefónica de ouvintes e páginas de jornais com seriados em torno da boa obra de Guebuza.
No meio de tudo isto a guerra no centro do país se desenrolava. Mais uma vez, os bons ofícios do G40 foram chamados. Aqui, a ordem era apoiar os feitos do governo com recurso a todo arcabouço filosófico, político e até mitológico para justificar a justeza das acções do governo ante as exigências da Renamo e a diabilização do último para merecer maior rejeição por parte da opinião pública e do Povo. Aliás, este momento é transversal e atravessa todos os momentos da existência do G40, desde a sua formação.
O segundo momento deu-se com o início do processo electivo interno da Frelimo. O G40 foi chamado para defender os vulgo 3/100. Para tal usaram-se todos os meios possíveis, mas principalmente os mais torpes: insultos, bloqueio e silenciamento. Contra a vontade emergiram mais três candidaturas que no final saiu Filipe Nyusi como candidato da Frelimo. Neste processo, alguns membros do G40 insultaram figuras como Jorge Rebelo, Graça Machel, Aires Ali, Mário Machungo, Marcelino dos Santos,Luísa Diogo e outros. Foram na sua maioria, jovens membros do G40, que não pouparam palavras para vilipendiar estes homens na praça Pública. Filipe Nyusi ganhou as internas, as pessoas antes insultadas pelo G40 são as que agora também apoiam o candidato de um partido que já mostras sinais de ter superado a fase mais difícil. E o G40 ainda continua no seu adro.
O terceiro e último momento é o actual, em que assistimos a exposição nua e crua das contradições internas dos argumentos de alguns dos seus membros. A beira de alcançarmos a Paz efectiva, o G40 deve ser do grupo de cidadãos mais infeliz por não ter logrado se quer um único objectivo da sua vida, que é influenciar. Nem ao governo que diz representa-lo conseguiu. Nem ao partido Frelimo, muito menos à opinião pública. Vamos por partes:
I. O G40 não conseguiu influenciar o governo no processo negocial
Ao longo de todas as sessões negociais, a agenda da Renamo foi seguida a risca. Com sacrifícios de ambas as partes. E hoje estamos a beira da Paz efectiva. Lembremos que a lei eleitoral foi revista e acomodadas algumas das exigências da Renamo e dos cidadãos; Afonso Dhlakama e a Renamo não foram ilegalizados; ambos submeteram com sucesso suas candidaturas as eleicoes; portanto, não são bandidos armados nenhuns como alguns G40 pregavam; Afonso Dhlakama e Guebuza irão encontrar-se brevemente para finalmente por fim ao conflito; os observadores internacionais chegarão a Moçambique para acompanhar o processo de acantonamento, desmobilização e reintegração social dos guerrilheiros da Renamo bem como a integração de algumas chefias da Renamo nas forças de defesa e segurança. Portanto, depois de muito tempo de negociações, o governo e a Renamo entenderam-se e estão a chegar a consensos. O mesmo entendimento foi do povo moçambicano, dos cidadãos, da comunidade internacional, de organizações religiosas, etc. O único grupo que não concorda é o G40. O G40 é a única organização cujos argumentos foram liminarmente refutados na prática pelo governo.
II. O G40 não conseguiu influenciar o Partido Frelimo
Ao longo da sua vida, o G40 foi se contradizendo em relação àquilo que dizia defender. O Partido Frelimo apresenta-se agora como único, uno, ao contrário daquilo que este grupo tentava insinuar. Oscar Monteiro, Jorge Rebelo, Luísa Diogo, Marcelino dos Santos etc., não foram expurgados nem excomungados do partido muito menos marginalizados. Estão desempenhando papéis fulcrais na pré-campanha de Nyusi e todos estão atarefados. Só alguns membros do G40 terão vergonha na cara por ter insultado a nata pensante da Frelimo. Ninguém sofreu represália com a assinatura da carta submetida a Comissão de Verificação do Partido Frelimo que clamava pela introdução de mais candidatos as eleições internas. Graça Machel não foi expulsa nem lhe foi accionado algum processo disciplinar. Basílio Muhate, Machungo etc. estão lá com tarefas claras em prol do desenvolvimento da Frelimo. Só o G40, alguns deles, é que não têm mais trabalho e mais uma vez acabrunham-se perante as evidências.
III. O G40 não conseguiu influenciar a opinião pública
Apesar deste grupo ter acesso a quase 90% do espaço de toda mídia moçambicana sempre que assim quiser e entender, o G40 não conseguiu influenciar a opinião pública, o que me leva a um ponto curioso.
Desde que Moçambique se conhece como unidade territorial, existem apenas três nomes com conotações execráveis no imaginário popular.
1. Xiconhoca;
2. Turra/Majuba/Kaprikoni/ A-chicunda;
3. G40.
O primeiro data dos tempos imediatamente a introdução do socialismo. O segundo é um termo equiparável. Turra é o termo que os portugueses davam a todo informante da Frelimo durante a luta de libertação nacional. Majuba era o termo atribuído a todo informante da Renamo durante os tempos da guerra civil. Kapirikoni é alguém que não se deve confiar em tempos de guerra porque vive da venda de informação. A-chicunda era o soldado do prazeiro do sec. XVI-XVII durante a ocupação efectiva de Moçambique.
E recentemente a figura do G40. Qualquer um que visse um Kapirikoni, a sua vontade era o de matá-lo. O mesmo que se diga em relação ao turra ou Majuba. Infelizmente é esta conotação que os G40 carregam. Um grupo de pessoas sem escrúpulos, que fala a toa e sem mandato ou que pelo menos estão dispostos a falar tudo que insinue apoio político ao partido e governo no poder. Mas sem informação concreta sobre a matéria. Sem conhecimento nem análise.
ALGUMA LIÇÃO DE VIDA?
Sim, uma e única.
A mentira tem pernas curtas. Ancorar uma acção política na mentira e na propaganda enganosa é criar condições para o descrédito da sua imagem pública. A política já é ciência agora. Exige estudos, testes, análise de resultados e a repetição do ciclo. Não é só falar por falar.
O G40 é infelizmente o grupo mais desinformado que já vi. Ou que se faz de desinformado. É pior que Xiconhoca ou Kapiriconi. Ao contrário do Xiconhoca ou Kapriconi que sabia manipular informação a favor do seu cliente, o G40 jamais conseguiu fazer coisa similar. O tempo tratou de desmenti-lo. Sempre.
O G40 nunca conseguiu apresentar se quer um único resultado positivo. Não influenciou a ninguém, mesmo àqueles que aparentemente servia. E interessantemente, só eles; só os membros do G40 é que sairão a perder disto. Porque não há pior coisa que pode acontecer a um homem que perder consideração pelos semelhantes.
HAJA CORAGEM, ESTE GRUPO DEVE SER DESMANTELADO
Nota sobre o G40 (gquarentismo)
G40 (ou gquarentismo) não é um formato de todo inovador e original. Vem da China. Lá, os intelectuais, especialistas em diversas áreas do saber são identificados e afectos a diversos canais ou órgãos de informação para de tempos em tempos intervirem com seu saber e capital simbólico a favor do Governo e Estado chinês. Portanto, fazem-no essencialmente em contraposição de grupos contestatários e àquilo que chamam de "influência externa". Para tal, recorrem essencialmente a sua história, sucesso económico e ainda a aspectos culturais para defender o que a China é hoje. Portanto, o criador da versão moçambicana do Gquarentismo copiou mal. Em vez de encher o grupo de especialistas em certas matérias, preferiu por um grupo de corajosos capazes de mentir. Na verdade, nenhum especialista sério se aliaria a um projecto enganoso/propagandistico para ainda por em causa a sua reputação. Portanto, quem quiser entender o gquarentismo na sua essência que me mande o email para enviar a literatura (em inglês).
Fonte: mural do autor - 22.07.2014
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