Uma investigação do Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique divulgada hoje aponta a corrupção como a "causa oculta" do elevado índice de sinistralidade rodoviária do país, cuja mortalidade associada está entre os 25 piores do mundo.
De acordo com a organização, especializada em questões de transparência e integridade na administração pública, as discussões públicas sobre a elevada taxa de acidentes rodoviários e de mortalidade nas estradas moçambicanas estão a ignorar o factor corrupção, que considera "institucionalizada" nas entidades responsáveis pela formação, regulação e fiscalização" de condutores e veículos.
"O debate sobre a sinistralidade rodoviária em Moçambique ignora, completamente, a corrupção nas escolas de condução, Instituto Nacional de Transportes Terrestres (INATTER), Polícia de Trânsito, Polícia Municipal, Ministério da Saúde e as instituições vocacionadas para a inspecção de viaturas", acusa o CIP no relatório “Corrupção: a causa oculta dos acidentes de viação”.
Numa ronda por algumas escolas de condução da capital moçambicana, Maputo, os investigadores do CIP perceberam que a obtenção de um título legal para conduzir, sem que o interessado frequente aulas ou seja sujeito a avaliação do INATTER, custa em média cerca de 500 euros.
Outra irregularidade detectada, "a mais frequente", foi a alteração da categoria da licença de condução "de ligeiros e pesados para profissional e serviços públicos", o que permite aos condutores a obtenção fácil de uma licença para o transporte de pessoas.
"Recentemente, uma brigada mista da Polícia de Trânsito e fiscais do INATTER desencadeou uma operação de fiscalização relâmpago na cidade de Maputo. Dos 196 automobilistas fiscalizados apenas 19 estavam legais. Os restantes 177 apresentaram cartas de condução irregulares. Mais de metade das viaturas fiscalizadas não tinha licença para transportar passageiros", exemplifica o CIP.
Nos serviços de saúde, que atestam a capacidade física e psicológica do condutor, a organização garante que é mais rápido e barato recorrer à corrupção, do que realizar o procedimento normal, notando ainda que praticamente não existem condutores chumbados neste tipo de exames.
"Alguns condutores de viaturas notavelmente em estado obsoleto, mas aprovadas na inspecção, assumiram, quando abordados pelos pesquisadores do CIP, que o essencial era "deixar uns 200 meticais" que havia garantia do carro passar, escreve o CIP sobre os serviços de inspecção automóvel, referindo que, ao contrário do que foi anunciado pelo Governo, a sua introdução não reduziu o número de mortes nas estradas.
Sobre a fiscalização rodoviária, o CIP diz que "a corrupção entre os automobilistas e os agentes permite que viaturas em estado obsoleto continuem a circular e a transportar passageiros, pondo em causa a segurança dos passageiros e dos demais utentes da via pública".
"Em Moçambique, as estatísticas consolidadas de acidentes de viação nos últimos 14 anos (de 1999 a 2012) revelam que foram registados 68.913 acidentes, que tiraram a vida a 18.938" pessoas, refere a organização.
Em Fevereiro, um relatório da Universidade de Michigan, nos EUA, baseado em dados da Organização Mundial de Saúde, colocava Moçambique entre os 25 piores países do mundo em termos da sua taxa de mortalidade rodoviária.
Fonte: LUSA – 05.05.2014
3 comentários:
De facto a corrupacao e o grande mal que paira em todos sectores se nao vejamos, os transidos no torso Nampula rio save, nem transportador com lotacao acima do recomendado e actuaod basta dar ao policia o minimo 200,mts. Qual o policia que nao tem mansao, viaturas a custa de vidas do mocambicanos? + tambem com magros salaries e disparidades no ministerio publico porque nao algo ilicito se esta dar mas valia. Como e que os salaries dos magistrdos, autoridade tributaria, alfandegas etc supera o seu formador , neste caso professors, medicos, etc. Esta doenca so revendo as tabelas salariais,politicas ecarreiras adequadas e uniformes, isto ate atinge e levara a queda do meu partido caso mantenham idierentes porque o voto e secreto. Bem hajam os principios de samora.
Respeito os ilustres investigadores do CIP.
Permitam-me,convidar, tambem, para esta seia, Psicologos, Sociologos e Antropologos para reflectirmos sobre a Sinistralidade Rodoviaria em Mocambique, pois para alem do tipo do condutor, este Homem(Condutor) apresenta um comportamento/atitude menos digna na via publica, porque se mostra possuido por um espirito de super-condutor e, vendo os restantes utentes da via publica pequenos seres insignificantes. A questao e: Quem e este Homem (condutor) assassino, motilador e destruidor de bens?
Bem hajam os psiquisadores!
em jeito de comentario em volta deste mal que teima em manter-se e a agravar-se cada dia que passa nas nossas estradas, e minha percepcao ter a ver com a mentalidade do cidadao no geral. O condutor nao tem o minimo de nocao das consequencias capaz de causar com a falta de observancia de normas de estrada, nao tem capacidade de avaliacao dos danos tanto de vidas como materiais. E isto se resume na falta de valores morais que nos ultimos tempos se tem degradado assustadoramente. O agente do Estado que devia vigiar e garrantir seguranca, tem se mostrado indiferente em relacao a este mal e nao so, fazendo vista grossa em troca de algum ganho material. O espirito material domina o seu quotidiano. E este espirito, criado no topo (governantes) que se alastrou como um virus avassalador que tomou conta da nossa sociadade e caso o seu criador nao mostrar viragem pode-se advinhar um futuro mais triste, numa sociedade em que a fraude academica ja atingiu o ensino primario........ Nhavene, Vicente Artur
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