Apesar dos resultados, a mineira confia que o cenário pode ser invertido. Para isso é preciso aumentar a competitividade na cadeia de extração e exportação do carvão, diz a empresa.
Em Moçambique, a Vale diz ter produzido um milhão de toneladas de carvão nos primeiros três meses de 2014, mas os prejuízos rondaram os 44 milhões de dólares. Segundo o presidente do conselho de administração da Vale Moçambique, Pedro Gutemberg, as receitas da venda de carvão e as despesas logísticas não chegam para pagar os investimentos da empresa e os custos operacionais da mina de Moatize, na província de Tete.
Até 2011, altura da entrada em funcionamento da mina, a Vale investiu cerca de dois mil milhões de dólares.
Pedro Gutemberg diz que uma desvantagem do projeto em Moçambique é o facto de a mina estar muito distante dos locais de aquisição dos insumos e do porto para a exportação da produção, contrariamente ao que acontece na Austrália, onde a Vale tem o principal negócio de carvão. O responsável acrescentou, por outro lado, que a Austrália tem a vantagem de estar mais próxima dos consumidores.
"O facto de ter uma reserva de carvão em Tete, que fica muito longe do mar e de quem compra o carvão na China, jamais fará com que essa reserva tenha 'economicidade' por si só", disse Gutemberg.
Para compensar essa desvantagem, o responsável defende que é necessário garantir maior eficiência na cadeia de produção e exportação.
Redução temporária de impostos?
A Vale está a investir neste momento na construção de uma linha férrea para a exportação do carvão através do porto de Nacala. O investimento contribuirá para a redução dos custos atuais, apesar de eles permanecerem elevados, afirma Gutemberg.
Para minimizar os prejuízos em situações similares, o gestor afirmou que alguns governos têm tomado a iniciativa de "oferecer uma redução de imposto temporária, que permita que as empresas sobrevivam durante algum tempo. E, logicamente, no momento em que a situação do negócio melhorar bastante, recupera aqueles impostos que deixou de arrecadar."
Segundo Pedro Gutemberg, a Vale pagou a Moçambique 18 milhões de dólares em impostos diretos, no primeiro trimestre.
A sociedade moçambicana tem defendido que a contribuição da indústria extrativa no Produto Interno Bruto do país tem sido largamente prejudicada, devido à concessão de isenções e reduções nos impostos pagos pelas companhias estrangeiras.
Fonte: Deutsche Welle – 24.05.2014
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