terça-feira, agosto 05, 2014

Porque é que não assistimos a mesma "confusão" de listas na Renamo?

Por Egídio Vaz
Este pequeno convite a reflexão poderia começar de outra maneira, indo por exemplo pelo mesmo diapasão do meu amigo Mendes Mutenda,que há dias pesquisou na google a palavra ESPOSAS e encontrou fotografias de algemas.

Poderia ter feito a pergunta como fez Zenaida Machado fez quando 300 antigos membros do MDM desertaram em Nampula por não concordar com a liderança do partido nas nomeações a membros a deputado. Quando há notícias de um só membro da Frelimo que muda de lados, os críticos fervilham de alegria. É como se tivessem apanhado um diamante depois de revirar uma duna inteira!


Na verdade, a pergunta mais importante antes de fervilhar é: porquê as pessoas se aliam a partidos políticos? E porquê abandonam?

Quando uns se zangam por não estarem contemplados em listas e por causa disto saem, tal acto é indicador de um mal-estar. Das duas uma: ou a adesão deste(s) membro(s) foi por contrato (aliaciamento, promessa de recompensa imediata), ou a tal pessoa não estava segura do que estava a procura num partido político.

As injustiças em todos partidos políticos acontecem. A responsabilidade, esta sim, é que é individual. Se você se alia ao MDM por exemplo, deve estar claro das injustiças que vai lá encontrar, talvez, maiores que as que pensa estar a fugir. Se decidir "voltar a casa" como soi dizer-se quando alguém alia-se a Frelimo, também deve esperar pela sua vez. A fila é longa, muito longa, e pode falecer por doença sem anter chegar a sua vez.
Antes de aliar-se a qualquer movimento político é importante perguntar-se do porquê. O partido político pode ser fonte de frustração irremediável se pensar que é dele de onde deve vir o seu sustento; a sua sobrevivência económica. É verdade que todos lutamos pela equitativa distribuição da renda, mas atenção: há uma longra travesia do deserto antes de chegarmos lá. Deverá estar preparado.

E é aqui onde queria chegar: quem apostar na política como meio de sobrevivência sem antes consolidar as bases de subsistência arrisca-se a mudar de partidos a procura de sobrevivência. Mas quem se aliar a um partido político com sentido de missão, por mais injustiçado que seja, conseguirá sobreviver às intempéries e num determinado momento, ele vingará a sua razão.

Para tal é preciso disciplina. Fernando Mazanga, tantas vezes foi desmentido pelo o seu próprio chefe. ALgumas das situações até poderiam leva-lo a demitir-se. Quem nunca ouviu Dhlakama a chamar Mazanga de miúdo, apelando para que considerassem a sua plavra final? Mas porque Mazanga é disciplinado, ei-lo alí onde está. Eneas Comiche foi quase que empurrado para fora do Município de Maputo apesar do bom trabalho que fez...há bem pouco tempo até aventavam a sua candidatura independente. Mas porque é disciplinado, ei-lo onde está.

Também existem exemplos de indisciplinados, em todos os partidos políticos. Pessoas que até agora já rodaram tudo o que é partido, estiveram na elaboração de estatutos da Frelimo, MDM e Renamo. É deste tipo de pessoas que os partidos devem expurgar.

Ou viva independente, exerce a cidadania de forma independente e vote cosnciente. Ou filie-se a partidos sem dele esperar um mar de rosas. À jusante deisto, temos também um problema dos recrutadores. Muitas vezes as práticas de recrutamento de elementos de oposição tem por base a instrumentalização do "el-dorado"; do "quando nós estivermos lá", que de uma ou de outra forma é uma tentativa de resposta à um discurso político dos seus fundadores, mais influenciado pela sua trajectória e suas experiências de vida, na sua relação com o poder do dia. Resulta daí todo um discurso de "união dos excluídos", que facilmente se "traem" quando a liderança não consegue honrar com a mensagem.

Bayano Valy tem ultimamente reflectindo (em privado) muito em torno da qualidade dos membros e nos mecanismos de recrutamento. Julgo ser uma reflexão oportuna, e faço votos que ele venha com os resultados da sua pesquisa o mais brevemente possível.

Na verdade, o que os partidos políticos de oposição precisa não é de muitos membros. Esta lógica de pensamento etá ultrapassada. Senão a Frelimo com "seus mais de 4 milhões" não perderia nenhum município muito menos os resultados do MDM nas cidades de Maputo e Matola reflectiram o número de membros. Qualquer partido vai precisar mais de um discurso e de um projecto de sociedade convincente onde todos podem ser contados para a realização desta agenda. O resto segue por si


Fonte: Mural de Egídio Vaz – 05.08.2014

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