Por Egídio Vaz
Este pequeno convite a reflexão
poderia começar de outra maneira, indo por exemplo pelo mesmo diapasão do meu
amigo Mendes Mutenda,que há dias pesquisou na google a palavra ESPOSAS e encontrou
fotografias de algemas.
Poderia ter feito a pergunta como
fez Zenaida Machado fez quando 300 antigos membros do MDM desertaram em Nampula
por não concordar com a liderança do partido nas nomeações a membros a
deputado. Quando há notícias de um só membro da Frelimo que muda de lados, os
críticos fervilham de alegria. É como se tivessem apanhado um diamante depois
de revirar uma duna inteira!
Na verdade, a pergunta mais
importante antes de fervilhar é: porquê as pessoas se aliam a partidos
políticos? E porquê abandonam?
Quando uns se zangam por não
estarem contemplados em listas e por causa disto saem, tal acto é indicador de
um mal-estar. Das duas uma: ou a adesão deste(s) membro(s) foi por contrato
(aliaciamento, promessa de recompensa imediata), ou a tal pessoa não estava
segura do que estava a procura num partido político.
As injustiças em todos partidos
políticos acontecem. A responsabilidade, esta sim, é que é individual. Se você
se alia ao MDM por exemplo, deve estar claro das injustiças que vai lá encontrar,
talvez, maiores que as que pensa estar a fugir. Se decidir "voltar a
casa" como soi dizer-se quando alguém alia-se a Frelimo, também deve
esperar pela sua vez. A fila é longa, muito longa, e pode falecer por doença
sem anter chegar a sua vez.
Antes de aliar-se a qualquer
movimento político é importante perguntar-se do porquê. O partido político pode
ser fonte de frustração irremediável se pensar que é dele de onde deve vir o
seu sustento; a sua sobrevivência económica. É verdade que todos lutamos pela
equitativa distribuição da renda, mas atenção: há uma longra travesia do
deserto antes de chegarmos lá. Deverá estar preparado.
E é aqui onde queria chegar: quem
apostar na política como meio de sobrevivência sem antes consolidar as bases de
subsistência arrisca-se a mudar de partidos a procura de sobrevivência. Mas
quem se aliar a um partido político com sentido de missão, por mais injustiçado
que seja, conseguirá sobreviver às intempéries e num determinado momento, ele
vingará a sua razão.
Para tal é preciso disciplina.
Fernando Mazanga, tantas vezes foi desmentido pelo o seu próprio chefe. ALgumas
das situações até poderiam leva-lo a demitir-se. Quem nunca ouviu Dhlakama a
chamar Mazanga de miúdo, apelando para que considerassem a sua plavra final?
Mas porque Mazanga é disciplinado, ei-lo alí onde está. Eneas Comiche foi quase
que empurrado para fora do Município de Maputo apesar do bom trabalho que
fez...há bem pouco tempo até aventavam a sua candidatura independente. Mas
porque é disciplinado, ei-lo onde está.
Também existem exemplos de
indisciplinados, em todos os partidos políticos. Pessoas que até agora já
rodaram tudo o que é partido, estiveram na elaboração de estatutos da Frelimo,
MDM e Renamo. É deste tipo de pessoas que os partidos devem expurgar.
Ou viva independente, exerce a
cidadania de forma independente e vote cosnciente. Ou filie-se a partidos sem
dele esperar um mar de rosas. À jusante deisto, temos também um problema dos
recrutadores. Muitas vezes as práticas de recrutamento de elementos de oposição
tem por base a instrumentalização do "el-dorado"; do "quando nós
estivermos lá", que de uma ou de outra forma é uma tentativa de resposta à
um discurso político dos seus fundadores, mais influenciado pela sua trajectória
e suas experiências de vida, na sua relação com o poder do dia. Resulta daí
todo um discurso de "união dos excluídos", que facilmente se
"traem" quando a liderança não consegue honrar com a mensagem.
Bayano Valy tem ultimamente
reflectindo (em privado) muito em torno da qualidade dos membros e nos
mecanismos de recrutamento. Julgo ser uma reflexão oportuna, e faço votos que
ele venha com os resultados da sua pesquisa o mais brevemente possível.
Na verdade, o que os partidos
políticos de oposição precisa não é de muitos membros. Esta lógica de
pensamento etá ultrapassada. Senão a Frelimo com "seus mais de 4
milhões" não perderia nenhum município muito menos os resultados do MDM
nas cidades de Maputo e Matola reflectiram o número de membros. Qualquer
partido vai precisar mais de um discurso e de um projecto de sociedade
convincente onde todos podem ser contados para a realização desta agenda. O
resto segue por si
Fonte: Mural de Egídio Vaz – 05.08.2014
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