O presidente da Comissão
Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique (CNDH), Custódio Duma, defendeu
hoje uma "compensação graciosa" para as vítimas do conflito armado
que assola o país, considerando que a Lei de Amnistia inviabiliza a
possibilidade de indemnizações.
"Saúdo a Lei de Amnistia, porque pode ser um passo
decisivo para que o momento conturbado que Moçambique vive pare, mas seria um
gesto responsável e nobre por parte do Estado a atribuição de uma compensação
graciosa às vítimas da situação", afirmou Duma, referindo-se à Lei de
Amnistia promulgada na quinta-feira pelo chefe de Estado moçambicano, Armando
Guebuza, a favor de autores de actos praticados contra a Segurança do Estado
nos últimos anos.
O presidente da CNDH afirmou que uma compensação graciosa
não teria a finalidade de ressarcir os lesados dos danos sofridos, porque essa
possibilidade está afastada com a Lei de Amnistia, mas visaria dar algum
conforto aos afectados.
"A responsabilidade civil decorrente dos danos
causados pelas hostilidades militares está afastada com a amnistia, mas é
possível minimizar o sentido de perda com uma compensação graciosa, que até
pode ser moral e não necessariamente material", destacou Custódio Duma.
Para Duma, a ausência de qualquer ajuda às vítimas da
violência militar pode aumentar o sentimento de sofrimento e abandono em
relação ao Estado por parte de "pessoas inocentes que não têm nada a ver
com as hostilidades".
O presidente da CNDH afastou a ideia de que a aprovação
da Lei de Amnistia pode abrir um precedente que encoraje o recurso à violência
para a superação de diferendos políticos no país, defendendo que a clemência
visa responder a situações concretas e com um carácter excepcional.
"A resistência que o Governo ofereceu na aprovação
desta lei mostra que não há disposição para se recorrer abusivamente à
amnistia", enfatizou Custódio Duma, apontando o carácter "mais político
que jurídico da decisão".
Um número indeterminado de pessoas perdeu a vida e
diversos bens, principalmente viaturas, foram destruídos em confrontos entre as
Forças de Defesa e Segurança e homens armados da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição, no contexto da actual
crise política e militar no país.
O Governo e a Renamo já assinaram os documentos
essenciais visando por termo à violência, faltando apenas a assinatura do
acordo final de cessação das hostilidades.
Fonte: Lusa – 15.08.2014
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