A imagem de vítimas que alguns candidatos excluídos da corrida presidencial de 15 de Outubro tentam vender na opinião pública evapora quando compulsados os documentos submetidos ao Conselho Constitucional (CC). O jornal “O País” teve acesso a algumas fichas de candidaturas cujas irregularidades denotam requintes de criminalidade. Yacub Sibindy, que concorria pelo PIMO, reclama que o CC não foi transparente no apuramento das candidaturas, mas o seu nome aparece na ficha de proponentes de uma candidatura a Presidente da República, nomeadamente de Cornélio Quivela, do partido PAHUMO.
Com o número 11000805005/11000805, a inscrição de Sibindy no recenseamento eleitoral foi confirmada pelo notário, que reconheceu também a sua assinatura por semelhança com a constante do respectivo cartão de eleitor. O proponente Sibindy aparece na décima e última posição, numa ficha conferida pelo notário no dia 9 de Julho de 2014. O mandatário da candidatura de Cornélio Quivela foi notificado pelo CC para suprir insuficiências de assinaturas, tendo submetido novas fichas de proponentes. A candidatura do presidente do PAHUMO voltou a contar com o apoio de Sibindy, cujo nome aparece na quarta posição da ficha de proponentes. Se o número de inscrição não variou, o mesmo já não se pode dizer em relação às assinaturas, cujas diferenças estão à vista desarmada.
A mudança flagrante da caligrafia sugere que as assinaturas foram feitas por punhos diferentes. Mais ainda, o proponente assina Jacob Neves Salomão na primeira ficha, e Jacob Neves Salomão Sibindy na segunda. Ainda assim, o notário reconheceu a assinatura, justificando que a mesma era semelhante com a que constava do cartão de eleitor. A conferência da assinatura foi feita por notário no dia 1 de Agosto de 2014. A pergunta que sobressai é: como pode um potencial candidato a Presidente da República ser proponente de uma outra candidatura ao mesmo cargo? Provavelmente, Yacub Sibindy não tem conhecimento de que o seu nome consta das fichas de proponentes da candidatura de Cornélio Quivela, por sinal seu colega no coro de protesto mediático contra a actuação do CC.
Mas só esse exemplo mostra que as queixas dos candidatos excluídos não resistem à mínima confrontação lógica. Aliás, na verificação das fichas, o CC constatou os mesmos vícios de que foram notificados os mandatários das candidaturas. Consequentemente, nenhum dos candidatos que respondeu à notificação conseguiu suprir a insuficiência de proponentes, mantendo-se assim na situação de não preenchimento do requisito de 10 mil assinaturas de proponentes.n
Fonte: O País online – 08.08.2014
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